SILVIO DE ABREU
Luiz C. Ribeiro/LCR/TV Globo
Silvio de Abreu, diretor de teledramaturgia da Globo, no Emmy Internacional, em novembro de 2017
LUCIANO GUARALDO, no Rio de Janeiro
Publicado em 4/6/2018 - 5h28
Diretor de dramaturgia da Globo, Silvio de Abreu voltará a ter uma obra sua no ar pela primeira vez desde o remake de Guerra dos Sexos (2012). Autor de Belíssima (2005), que chega nesta segunda (4) ao Vale a Pena Ver de Novo, ele diz que não sente falta de escrever. E está realizado no novo posto, no qual tem a chance de revelar escritores. "Se a gente não lançar novos autores, a novela acaba", justifica.
Pelas contas de Abreu, foram 17 novelistas apresentados desde que ele assumiu a dramaturgia da emissora, em novembro de 2014. Estão na lista nomes que estrearam à frente de tramas de sucesso, como Maria Helena Nascimento (de Rock Story), Claudia Souto (Pega Pega), Alessandro Marson e Thereza Falcão (Novo Mundo) e Ângela Chaves e Alessandra Poggi (Os Dias Eram Assim).
Merece destaque também o caso de Manuela Dias, que se destacou com as minisséries Ligações Perigosas e Justiça (ambas de 2016) e já cravou um lugar no horário mais nobre da emissora _ela escreverá Troia, substituta de O Sétimo Guardião na faixa das nove; a novela de Aguinaldo Silva é a próxima do horário, com estreia prevista para novembro, no lugar de Segundo Sol.
Silvio de Abreu diz que se sente útil para a Globo no posto de chefe, justamente por estar preparando o futuro da dramaturgia brasileira. "Isso [revelar novelistas] era uma coisa que me preocupava muito. Era algo que não acontecia há muito tempo e que precisava mudar. Porque quem faz as novelas são os autores. É claro que não sozinhos, tem atores, diretores, colaboradores... Mas a semente está no texto."
"Se você não tiver quem escreva, também não vai ter quem represente, quem dirija. É muito importante para todos nós ter novos autores. Não só para a Globo, mas para todos que vivem disso. Porque a novela não é só algo que dá prestígio para a emissora, ela também dá trabalho para muita gente. E minha preocupação era realmente com o emprego das pessoas", explica o veterano de 75 anos.
Sobre um possível retorno às novelas, Abreu não descarta a possibilidade, mas revela que não tem nada planejado para os próximos anos. "Se você me perguntar: 'Você nunca mais vai escrever?', eu não vou saber responder. Porque não planejei estar fazendo o que faço hoje, e também não planejo o que vou fazer amanhã."
Ele ressalta que, mesmo sem assinar o texto das novelas, não deixa de participar de todo o processo. "Eu não escrevo, mas leio, revejo, colaboro. Continuo fazendo o que gosto, que é contar histórias e lidar com pessoas que eu amo. Tenho um grande prazer no que eu faço hoje e, por isso, não sinto falta de escrever uma novela minha. Acho que, quando a gente faz o que gosta, qualquer trabalho é bom", filosofa.
Ossos do ofício
O posto de chefia também significa que Silvio de Abreu, às vezes, precisa tomar decisões difíceis. Ele já cancelou a novela Trem Bom, de Mauricio Gyboski, que narraria a história de uma dupla sertaneja na faixa das seis. Também reprovou Barba Azul, que o veterano Antônio Calmon preparava para as 19h.
Abreu ainda fez um verdadeiro pingue-pongue com Thelma Guedes e Duca Rachid, que preparavam O Homem Errado para o horário das nove. Após terem a sinopse rejeitada, as duas voltaram à faixa das seis com Filhos da Terra, sobre refugiados sírios. Elogiada, a ideia foi "promovida" para novela das onze, mas a adaptação da trama para um horário mais adulto não colou, e as autoras voltaram para as 18h.
As medidas do chefão da dramaturgia podem não agradar a todos, mas têm dado bons resultados: depois de anos de quedas consecutivas, A Força do Querer e O Outro Lado do Paraíso recuperaram a audiência da Globo na faixa das nove. A novela de Walcyr Carrasco teve média de 38 pontos na Grande São Paulo, índice que não era alcançado desde o fenômeno Avenida Brasil (2012).
Silvio de Abreu explica que não é infalível e reconhece que já cometeu erros desde que assumiu o posto de chefia. Ele, por exemplo, era contra a escalação de Vivianne Pasmanter como a esquisita Germana de Novo Mundo (2017). "Nada contra a Vivianne, que é uma excelente atriz, mas achei estranho. Eu pensava que não ia dar certo. E estava completamente errado", lembra, aos risos.
"O Vinícius Coimbra [diretor artístico de Novo Mundo] insistiu nela e escalou muito bem, porque ela se saiu otimamente no papel. Nessas escolhas a gente precisa respeitar a cabeça do diretor, a cabeça do autor... Eu não sou impositivo, gosto de escutar a opinião das pessoas, estou ali mais para coordenar tudo", diz Abreu.
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