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Estreia amanhã

Nova minissérie da Globo, Justiça leva sangue e tragédia para o horário nobre

Fotos Estevam Avellar/TV Globo

Marina Ruy Barbosa (Isabela) e Jesuíta Barbosa (Vicente): ele mata a noiva após traição - Fotos Estevam Avellar/TV Globo

Marina Ruy Barbosa (Isabela) e Jesuíta Barbosa (Vicente): ele mata a noiva após traição

MÁRCIA PEREIRA, no Rio de Janeiro

Publicado em 21/8/2016 - 6h28

A dor de quem perde uma pessoa que ama e o arrependimento de quem mata. A revolta do injustiçado e seu desejo de vingança. Diferentes faces de tragédias mais do que reais são o ponto de partida da minissérie Justiça, que estreia nesta segunda-feira (22) na Globo. Serão apresentadas quatro histórias interligadas, que trarão para o horário nobre histórias das páginas policiais dos jornais, interpretadas por atores do primeiro escalão.

A primeira delas é um crime passional. Na segunda-feira, o público verá Vicente (Jesuíta Barbosa) flagrar a noiva, Isabela (Marina Ruy Barbosa), tomando banho com outro homem. Diante da traição, ele atira e a mata na hora. A dor da mãe vira doença. Elisa (Debora Bloch) se prepara para vingar a morte de Isabela durante sete anos, tempo que Vicente fica preso, se arrepende e constrói uma família com outra mulher. No mesmo capítulo, esse passado será apresentado até os dias atuais, em que o assassino de Isabela sai da cadeia e suplica o perdão da ex-sogra.

A autora Manuela Dias diz que as histórias têm uma veia mobilizadora e comovente. A cada dia da semana, de segunda a sexta, com exceção das quartas, um drama diferente será apresentado. Em comum, os quatro personagens acusados de atos criminosos foram presos na mesma noite de 2009 e ficaram sete anos na cadeia. Saem em 2016 totalmente modificados e quites com a Justiça.

"Queria que a prisão tivesse o tempo suficiente para mudar essas vidas, mas precisava que não fosse uma eternidade capaz de acabar com esses personagens. A narrativa da minissérie busca diluir essa coisa do mocinho e do vilão. A proximidade faz isso, a gente chega tão perto de todos eles, que, vistos assim, eles se humanizam e a gente consegue se colocar em seus lugares", conta a autora.

Ela afirma que foi motivada a escrever esse projeto pelo fato de o Brasil ser um país onde tudo passa pela Justiça de alguma forma. "É um ganho que a gente possa problematizar a questão do justo. No sentido íntimo da palavra, colocando um ponto de interrogação no fim das nossas próprias afirmações", fala Manuela.

Adriana Esteves (Fátima) mata cachorro de policial e acaba presa por tráfico de drogas

Para a autora, a dificuldade de Justiça por conta de sua carga dramática é o que é mais interessante na produção, pois proporciona um olhar para coisas que a gente discorda. "É um clamor pela tolerância. É a necessidade de olhar para as pessoas com um olhar mais humano", comenta. 

Apesar de ter liberdade total para criar as histórias, Manuela alimentou seu texto com uma extensa pesquisa jurídica. Segundo ela, o que será retratado tem embasamento para ser aplicado em casos reais. "Nosso direito é de reabilitação. Por isso, tem progressão de pena e tem todo esse conceito de reintegrar o meliante à sociedade", diz ela, após ser questionada sobre seus personagens pegarem todos sete anos de cadeia. Dois deles mataram, um assassinou a noiva e outro cometeu eutanásia. Os outros casos são de prisão por tráfico de entorpecentes, em condições distintas.

Vidas dilaceradas

Em cinco segundas-feiras, o telespectador acompanhará o desejo de vingança de Elisa. A intérprete da mãe vingativa, Debora Bloch, diz que Justiça é um retrato da realidade brasileira. "Penso nas coisas que acontecem e que ficam na impunidade. O assunto mostra exatamente esse confronto entre Justiça, e o que a lei decide. A minha personagem tem a filha assassinada pelo namorado e o assassino fica só sete anos preso. Mas é o que a lei determinou", diz a atriz.

A empregada de Elisa, Fátima (Adriana Esteves), é a protagonista da história das terças-feiras. Ela mata o cachorro do vizinho, um policial, para defender seus filhos. Ele se vinga "plantando" drogas em sua casa. A empregada é presa por tráfico e fica sete anos sem nenhum contato com os filhos. Quando sai da cadeia, ela não quer se vingar. Mas aí encontra sua filha já adulta, Mayara (Julia Dalavia), se prostituindo e trabalhando com a mulher do vizinho porque quer vingança.

"Ela é uma mulher cheia de esperança. Uma ética linda, adorável. Eu me pego nisso quando eu estou construindo-a, quando eu estou contando a trama dela. Eu penso nas quantidades de mulheres que não existem por aí, que têm que ter voz ativa. Ai, eu tento representar essas mulheres com a Fátima", conta Adriana Esteves.

Luisa Arraes (Débora) e Jéssica Ellen (Rose) na cena em que a garota negra será presa 

Nas quintas-feiras, entram em cena duas amigas criadas juntas e separadas pelo preconceito e pela covardia. Débora (Luisa Arraes) e Rose (Jéssica Ellen), filha da empregada da casa de Débora, usam drogas em uma festa. A polícia separa os jovens. Branca e de classe média, Débora é liberada. Rose acaba presa e condenada por tráfico de drogas.

Nas sextas-feiras, a sede de vingança de Maurício (Cauã Reymond) trilhará o destino do personagem. Preso por praticar eutanásia em sua mulher, Beatriz (Marjorie Estiano), ele sairá da cadeia com sangue nos olhos para acabar com a vida do homem que atropelou Beatriz e fugiu sem prestar socorro. Bailarina, ela fica tetraplégica e pede que o marido acabe com sua vida, pois viver sem dançar é o mesmo que morrer para ela.

"Antes, eu tinha certeza que você tinha o direito sobre a sua vida. Essa personagem me pegou em um momento em que eu me questiono mais em relação a isso. No caso dela, especificamente, eu acho que foi precipitado. Ela e o Maurício se precipitaram. Ela morre menos de 48 horas depois do acidente. Não foi nada elaborado. Ela poderia descobrir novos caminhos nessa nova condição e poderia não descobrir também. Mas ela poderia se oferecer essa oportunidade. Eu acho que nesse caso foi um erro", opina Marjorie Estiano.

Marjorie Estiano (Beatriz) e Cauã Reymond (Maurício) formam um casal na minissérie 

O envolvimento dos atores é grande, e as tramas abrem várias perguntas para reflexão do telespectador. Respostas não serão encontradas no final, pois Justiça é uma obra sobre a complexidade da vida.

São 20 capítulos, trabalhados calmamente pela equipe dirigida por José Luiz Villamarim. As gravações tiveram início em maio no Recife (Pernambuco), onde as quatro tramas são ambientadas, e continuam até 17 de setembro nos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro.

Diferentemente das novelas das onze, Justiça irá ao ar sempre às segundas, terças, quintas e sextas depois de Velho Chico. Por enquanto, só está prevista alteração de horário no dia 6 de setembro, uma terça-feira. Nesta data, a minissérie será exibida mais tarde por conta do jogo Brasil x Colômbia.


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