Carreira de sucesso
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Gugu Liberato no estúdio do Domingo Legal, programa que apresentou no SBT entre 1993 e 2009
REDAÇÃO
Publicado em 22/11/2019 - 21h27
Ao longo de 38 anos de carreira, Gugu Liberato (1959-2019) marcou seu nome na história da televisão e na memória do público como um dos mais importantes apresentadores e animadores do país. Muito do destaque veio por conta dos quadros que apresentou, da briga pela audiência no Domingo Legal e pelo furor que muitos artistas conquistavam no programa.
Gugu começou a trabalhar no SBT em 1981 e logo foi considerado o "menino de ouro" da emissora de Silvio Santos. Ele fez muito sucesso no Viva a Noite, que comandou de 1982 a 1992, ignorando completamente o politicamente correto com muitos desfiles de mulheres seminuas e desafios bizarros para os famosos.
Nesse período, comandou várias outras atrações, como os game shows Cidade Contra Cidade (1988-1989) e Passa ou Repassa (1988-1994) e o musical Sabadão Sertanejo (1991-1996).
Mas foi no Domingo Legal que o apresentador teve seu auge. O programa, que ele comandou entre 1993 e 2009, começou com conteúdo parecido com o do Viva a Noite, mas passou por muitas mudanças e ganhou quadros absurdos ao longo dos anos 1990, por causa da briga de audiência com o Domingão do Faustão, na Globo.
Relembre dez momentos marcantes da carreira de Gugu na televisão:
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Gugu acompanhava bem de perto o desfile de modelos de biquíni fio dental no Viva a Noite
A cada sábado, uma modelo diferente desfilava no palco do Viva a Noite, vestindo apenas uma calcinha mínima para os padrões da época e adesivos cobrindo os seios. Como trilha sonora, a marchinha Fio Dental, que dizia: "Monique, estou passando mal, eu vi você na praia de fio dental. Tira, tira, tira o fio dental". Gugu era enfático no "tira" e quase tocava na calcinha das moças.
A plateia feminina ficava alvoroçada e gritava "assanhado" para o apresentador. Ele sempre chamava alguma participante, geralmente uma senhora, para comentar os "absurdos" trajes da modelo da vez.
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Gugu dançando ao lado da Galinha Azul do patrocinador; até jingle fez sucesso no programa
Além do Fio Dental, outra música estava presente em toda edição do Viva a Noite: a Dança do Passarinho, que Gugu cantava no final do programa.
O apresentador emplacou outras marchinhas também, algumas com clara insinuação sexual, como Pega o Meu Peru, Bota Talquinho, Baile dos Bichos, Docinho, Docinho e até a Dança da Galinha Azul (que aparecia no palco para dançar com Gugu), um jingle da Maggi, marca patrocinadora do programa. Outro enorme sucesso foi a canção Pintinho Amarelinho, hit infantil nos anos 1990.
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Gugu recebeu os Mamonas Assassinas no Domingo Legal em outubro de 1995, no auge deles
O Domingo Legal foi um dos principais veículos de divulgação dos Mamonas Assassinas. Os integrantes do grupo iam quase toda semana ao programa e faziam a maior algazarra com Gugu no palco, para deleite do público. Existia uma certa competição entre o Domingo Legal e o Domingão do Faustão para ver qual das duas atrações conseguia mais participações ao vivo dos Mamonas.
Mas a morte de todos os membros do grupo foi também um marco para o programa. O acidente de avião teve grande cobertura jornalística durante o Domingo Legal de 2 de março de 1996, e a notícia de que os Mamonas tinham morrido rendeu à atração sua maior audiência da história, com picos de 47 pontos.
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As competições no quadro Banheira do Gugu sempre envolviam muito contato físico
Um dos quadros de maior repercussão era a Banheira do Gugu, em que modelos contratadas pelo programa (como Luiza Ambiel e Nana Gouvea) tinham um objetivo: impedir que famosos, como o comediante Tiririca e dançarino Jacaré, encontrassem sabonetes no fundo de uma banheira de espuma.
Durante a competição, as duplas se agarravam muito, e as moças, com biquínis mínimos, frequentemente expunham parte dos seios em rede nacional, pouco depois da hora do almoço. Em 2000, o Ministério da Justiça considerou a Banheira do Gugu erótica demais para o horário, e o SBT tirou o quadro do ar.
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Gugu Liberato devidamente caracterizado como taxista para o quadro Táxi do Gugu
Muito antes de Luciano Huck implementar o Vou de Táxi no Caldeirão do Huck, o então apresentador do Domingo Legal já transportava passageiros no Táxi do Gugu, com um diferencial: ele se disfarçava de taxista, cada semana com uma caracterização diferente. O objetivo do quadro era importunar e fazer pegadinhas com os passageiros, que, supostamente, não sabiam que tudo estava sendo filmado.
Gugu também se disfarçava no quadro Sentindo na Pele, mas a ideia era outra: provocar emoção no público. O apresentador chegou a se transformar em um mendigo e mostrou como vivem as pessoas em situação de rua em São Paulo.
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O ator Jean-Claude Van Damme ficou com vergonha ao ter uma ereção no Domingo Legal
Em 2001, o ator belga Jean-Claude Van Damme, conhecido por seus papéis em filmes de ação, foi convidado para participar do Domingo Legal. Ao vivo, ele aproveitou para dançar bem coladinho a Gretchen, que fez jus ao título de rainha do rebolado. Resultado: Van Damme teve uma ereção no ar, e Gugu fez questão de mostrar o "volume" ao público e fazer piada com a situação.
A sexualidade descabida também era explorada em outros momentos no Domingo Legal. O programa teve quadros como a Prova da Bexiga, em que um casal tinha que sentar no colo um do outro até estourar um balão, e a Prova do Striptease, em que um famoso ficava acoplado a um aparelho que media os batimentos cardíacos e precisava assistir a uma performance sensual sem deixar o coração disparar.
O apresentador entre dois integrantes da boy band brasileira Dominó, que ele ajudou a formar
A música ocupava posição de destaque no Viva a Noite e no Domingo Legal, programas em que Gugu foi prestigiado por artistas no auge de suas carreiras. Foi no Viva a Noite que Cazuza fez sua primeira apresentação solo, após sair do Barão Vermelho, em 1985. O grupo Menudo também escolheu a atração para a primeira apresentação no Brasil, em 1984, com o hit Não Se Reprima.
A boy band Dominó também estava constantemente no palco. Gugu, que tinha um programa de rádio na época, ajudou a escolher os integrantes do grupo.
Já no Domingo Legal, ele ajudou a catapultar para o sucesso o grupo Mamonas Assassinas e o padre Marcelo Rossi. Lançou ainda a dupla Rodolfo e ET (Cláudio Chirinian). Rodolfo Carlos era repórter de Ratinho na Record e, durante uma pauta, conheceu Chirinian e criou o personagem ET. Juntos no SBT, eles ganharam fama por visitar famosos pela manhã e acordá-los fazendo estardalhaço.
No auge, Rodolfo e ET até lançaram um CD com músicas que grudavam na cabeça do público, como A Dança do ET e Meu Bichinho Virtual.
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Helicóptero usado para a entrega dos prêmios do Paraquedas do Gugu, no Domingo Legal
Milhares de pessoas olhando para o alto e correndo desenfreadas em busca de presentes que caíam do céu: era essa a premissa do quadro Paraquedas do Gugu. Um helicóptero sobrevoava um local público de uma cidade e jogava brindes para as pessoas, que ficavam alucinadas e corriam atrás do veículo.
Algumas das pessoas que recuperavam o paraquedas ainda iam até o estúdio do Domingo Legal para receber prêmios maiores, como grandes quantias de dinheiro ou eletrodomésticos e móveis.
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Cena do quadro Gugu na Minha Casa, em que o apresentador visitava seus telespectadores
Outro quadro que despertava sonhos no público do Domingo Legal era o Gugu na Minha Casa, em que o apresentador comandava uma gincana na residência de um telespectador. Toda a família deveria participar e buscar os objetos que Gugu pedia, como um rolo de papel higiênico ou uma meia colorida. No final, se cumprissem as missões, os familiares ganhavam prêmios.
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Modelos que participaram do quadro da camiseta molhada durante o Domingo Legal
Gugu realizou provas e concursos em seus programas que basicamente consistiam em deixar moças com camisetas brancas molhadas, deixando os seios visíveis. No Domingo Legal, a dinâmica funcionava da seguinte forma: convidados famosos ganhavam pistolas de água para molhar as moças, e na pele delas estavam escritos os códigos necessários para abrir um cofre.
Já no Sabadão Sertanejo, as modelos dançavam em volta do palco com pouquíssima roupa, e algumas ficavam debaixo de uma ducha, com a roupa toda molhada. Havia também as que simplesmente tiravam a parte de cima do traje e mostravam os seios, desinibidas.
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