Memória da TV
Reprodução/SBT
Gugu Liberato comandava o Viva a Noite, programa que estreou no SBT em novembro de 1982
REDAÇÃO
Publicado em 16/11/2017 - 6h23
Artistas em situações constrangedoras e muitas insinuações sexuais eram a proposta do Viva a Noite, programa de auditório que o SBT estreou em 16 de novembro de 1982. Apresentada por Gugu Liberato, a atração tinha mulheres seminuas e realizava sonhos de telespectadores, que pediam para ver seus ídolos no banho ou sofrendo.
No início dos anos 1980, Silvio Santos encomendou a seus diretores um programa para animar as noites de sábado, e assim surgiu o Viva a Noite (que, curiosamente, estreou numa terça). Gugu Liberato começou como um dos apresentadores, mas logo conquistou o público com estilo popularesco e comandou o programa sozinho durante quase dez anos.
Gugu era chamado de "assanhado" ao olhar para o bumbum de uma modelo de biquíni que sempre desfilava pelo palco. Foi nessa época que ele fez a música Dança do Passarinho grudar na cabeça dos telespectadores. E mostrou Rita Cadillac tomando banho com um fã e Zé do Caixão chorando ao cortar suas longas unhas.
Relembre alguns dos momentos mais marcantes (e bizarros) do Viva a Noite:
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Gugu acompanhava bem de perto o desfile de modelos de biquíni fio dental no Viva a Noite
Monique e o fio dental
A cada sábado, uma modelo diferente desfilava no palco do Viva a Noite com uma calcinha mínima para os padrões da época e adesivos cobrindo os seios. Como trilha sonora, a marchinha Fio Dental, que dizia: "Monique, estou passando mal, eu vi você na praia de fio dental. Tira, tira, tira o fio dental". Gugu era enfático no "tira" e quase tocava na calcinha das moças.
A plateia feminina ficava alvoroçada e gritava "assanhado" para o apresentador. Ele sempre chamava alguma participante, geralmente uma senhora, para comentar sobre o "absurdo" traje da modelo.
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Gugu dançando ao lado da Galinha Azul do patrocinador; até jingle fez sucesso no programa
Dança do Passarinho e sucessos musicais
Além do Fio Dental, outra música estava presente em toda edição do Viva a Noite: a Dança do Passarinho, que Gugu cantava no final do programa.
O apresentador emplacou outras marchinhas também, algumas com clara insinuação sexual, como Pega o Meu Peru, Bota Talquinho, Baile dos Bichos, Docinho, Docinho e até a Dança da Galinha Azul (que aparecia no palco para dançar com Gugu), que era um jingle da Maggi, marca patrocinadora do programa.
O apresentador entre dois integrantes da boy band brasileira Dominó, que ele ajudou a formar
Prestígio com os artistas
A música era destaque importante no Viva a Noite, que foi prestigiado por muitos artistas no auge de suas carreiras. Foi no programa que Cazuza fez sua primeira apresentação solo, após sair do Barão Vermelho, em 1985. O grupo Menudo também escolheu a atração de Gugu para a primeira apresentação no Brasil, em 1984, com o hit Não Se Reprima.
A boy band brasileira Dominó, aliás, estava constantemente no palco do Viva a Noite. Gugu, que também tinha um programa de rádio na época, ajudou a escolher os integrantes do grupo. Em 1989, um programa foi totalmente dedicado a contar a história dos cantores, e o Dominó também começou a se desfazer no Viva a Noite: o integrante Nill anunciou sua saída durante uma edição da atração.
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A ex-chacrete Rita Cadillac tomou banho com fã no meio do palco no quadro Sonho Maluco
Sonhos Malucos
As participações mais marcantes dos artistas no Viva a Noite, no entanto, sem dúvida eram no quadro Sonho Maluco. Os fãs mandavam cartas ao SBT em que sugeriam loucuras que gostariam de ver os artistas fazendo. Dessa premissa surgiram momentos célebres do programa.
No Réveillon de 1983 para 1984, José Mojica Marins, o Zé do Caixão, realizou o sonho de um fã e finalmente cortou suas unhas gigantescas. Durante o corte, Zé Ramalho cantava o hit Admirável Gado Novo, e o cineasta caiu no choro.
Fantasias sexuais dos fãs também foram realizadas no programa. Uma garota entrou no banho com os quatro integrantes do Dominó, outra pediu para lambuzar Sérgio Mallandro de chantilly e um rapaz de cueca ensaboou Rita Cadillac em um chuveiro no meio do palco. Outro telespectador teve a chance de ver Wilza Carla de biquíni e dar tapas no bumbum dela.
Houve ainda o caso da fã Margarete: ela quis que Agnalto Timóteo entrasse em um carro que, em alta velocidade, atravessaria um painel com a foto de Jerry Adriani. O painel de fato foi arrebentado pelo carro, mas no percurso Timóteo quebrou o nariz e teve um corte no queixo. Ele saiu todo ensanguentado, direto para o pronto-socorro.
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Foi no Viva a Noite que Gugu Liberato ficou famoso e se consagrou como apresentador
Além de Gugu
Nos quadros externos, vários apresentadores e repórteres dividiam o Viva a Noite com Gugu, como Christina Rocha, Olga Renha, Felisberto Duarte, Rogéria, Mara Maravilha e Adhemar Dutra.
Este último ainda participou da primeira fase do programa: nos cinco primeiros meses de Viva a Noite, Dutra apresentava um quadro de músicas, Gugu comandava competições de dança e o pai de santo Jair de Ogum falava sobre esoterismo e previsões para o futuro. Gugu só assumiu o programa sozinho em março de 1983.
Em 2007, o SBT exibiu uma nova versão do Viva a Noite, apresentada pela cantora Gilmelândia e com participação de Bruno Chateaubriand e Supla (que regravou a Dança do Passarinho).
Sem bizarrices, sem repercussão e sem audiência de acordo com as expectativas, a atração saiu da programação do SBT no mesmo ano, após nove meses.
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