Nova estratégia
Divulgação/Netflix
Rita Moreno, Justina Machado e Marcel Ruiz na terceira temporada da comédia One Day at a Time
JOÃO DA PAZ
Publicado em 15/3/2019 - 5h25
O cancelamento de One Day at a Time (2017-2019), anunciado na quinta (14) pela Netflix, tem algo em comum com o fim de séries como O Justiceiro (2017-2019) e Jessica Jones, divulgado há menos de um mês. Nenhuma delas pertence à gigante do streaming, que tem de pagar uma taxa de licenciamento para disponibilizá-las em sua plataforma. A nova estratégia da empresa é cada vez mais se livrar desse tipo de produto.
Essencialmente, a Netflix quer lucrar com atrações próprias por vários motivos. Ser dona de uma série do seu catálogo significa se livrar dos gastos de licenciamentos. Por isso, a empresa quer conceber produtos 100% feitos "em casa", imitando o modelo adotado atualmente pelas cinco redes de sinal aberto da TV americana.
Comprar produto de terceiros é bom até certo ponto. Conforme o tempo passa, os gastos aumentam. Se a série não corresponder na audiência (para a Netflix, ter mais visibilidade e trazer novos assinantes), a conta fecha no vermelho.
No caso de One Day At a Time, a comédia era uma produção do estúdio de TV da Sony. Desde a primeira temporada, capengou e não atingiu o público esperado. Porém, como a série conquistou um nicho fiel de telespectadores e caiu nas graças da mídia, a Netflix decidiu renovar a série. E assim foi, até chegar ao limite.
O Justiceiro e Jessica Jones entram no pacote da Marvel e ambas têm uma situação similar à de One Day at a Time, com um agravante. Todas as séries de super-heróis da Marvel na Netflix perderam público e repercussão a cada temporada, prejudicando as contas que a empresa precisava acertar com os estúdios da ABC.
Além disso, a sombra do novo streaming da Disney (dona da Marvel) foi essencial para os cancelamentos. Não faz sentido para a Netflix promover personagens que pertencem a uma empresa concorrente, que no futuro poderia ganhar muito dinheiro com a exposição desses heróis.
A decisão de cancelar séries de segunda mão mostra que a Netflix está preocupada com suas finanças. Especula-se que a gigante do streaming tenha gasto, em 2018, US$ 12 bilhões (R$ 46 bilhões) na produção de conteúdo. Para fugir do vermelho, o corte de qualquer séries com desempenho abaixo do esperado será feito.
Para não perder dinheiro comprando séries de outros, a Netflix apostará em atrações caseiras, assinadas por produtores de ponta do mercado. O plano é não dar moleza para os concorrentes. Ela desembolsou nada menos do que US$ 550 milhões (R$ 2,1 bilhões) para fechar com nomes como Shonda Rhimes, Ryan Murphy e Kenya Barris.
A Netflix espera que nasça dessas parcerias sucessos do calibre de Grey's Anatomy (de Shonda), American Crime Story (de Murphy) e Blackish (de Barris).
Nessa briga por conteúdo no streaming, a Netflix vai perder um bocado de dinheiro e de assinantes com prováveis desfalques, o que reforça a necessidade de conter gastos. Séries que figuram entre as mais vistas não pertencem à plataforma, como Grey's Anatomy e Friends, que podem migrar para os novos serviços de streaming da Disney e da Warner, respectivamente.
É claro que a Netflix não vai se livrar de uma série que é um megassucesso, mesmo se ela for de terceiros. Um exemplo disso é The Kominsky Method, atração dos estúdios de televisão da Warner Bros. e atual vencedora do Globo de Ouro de melhor comédia. A aclamada série foi renovada para uma segunda temporada.
Da Warner também vem Greg Berlanti, o milionário showrunner que desenvolveu You, sucesso incontestável que a Netflix comprou após o drama não ir bem de audiência nos Estados Unidos, exibido no canal Lifetime. A plataforma ainda conta com outras produções de Berlanti, como Black Lightning, Flash e Supergirl.
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