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Drama zumbi

Quem é Angela Kang, a mulher que descascou os maiores abacaxis de Walking Dead

Reprodução/Instagram

Um zumbi esqulético posa para foto ao lado da roteirista Angela Kang, que usa um chapéu e óculos escuro

A roteirista e produtora Angela Kang ao lado de um zumbi nos bastidores da décima temporada de Walking Dead

JOÃO DA PAZ

Publicado em 4/4/2020 - 5h37

Neste domingo (5), chega ao fim a décima temporada de Walking Dead, a segunda sob o comando da roteirista Angela Kang. No posto de showrunner, cargo mais importante em uma série, ela só descascou abacaxis, como armar as despedidas de Rick (Andrew Lincoln) e Michonne (Danai Gurira). Fez tudo com muito êxito e recebe aplausos como se fosse uma estrela hollywoodiana, idolatrada pelos fãs do drama zumbi.

Tudo o que Angela, 44 anos, desfruta por ter repaginado The Walking Dead após pegá-la em má fase não é por acaso. Neste ano, ela completa uma década de trabalho na série, começando lá de baixo. O conhecimento adquirido ao longo de todo esse tempo e os ouvidos abertos ao público deram à roteirista a capacidade de sair com destreza das enrascadas que enfrentou.

Nascida e criada na cidade de Irvine, um dos centros tecnológicos do Estado da Califórnia, Angela é filha de imigrantes coreanos, trabalhadores sem diploma de ensino superior. Eles deram uma vida boa para a garota. Naquela fase de dúvidas cruéis no final da adolescência, ela estava indecisa sobre qual carreira seguir. Flertou até com a Biologia Marinha.

Em meados dos anos 1990, a jovem entrou na faculdade de artes Oxy para estudar teatro. Sem ainda saber ao certo qual profissão abraçaria, Angela fez de tudo: foi garçonete, trabalhou em empresas de consultoria e de tecnologia. Mas a paixão que tinha por escrever, descoberta na Oxy, a motivou a se arriscar na TV.

Em 2009, Angela se formou na USC (Universidade da Califórnia do Sul) com um mestrado de Belas Artes em roteiro para televisão. Dois anos depois, após passagens pelas redes CBS e NBC, a roteirista conseguiu uma entrevista de emprego com Frank Darabont, criador de Walking Dead e showrunner da primeira temporada. Ela foi contratada imediatamente.

Jeffrey DeMunn, Angela Kang e Scott Wilson nos bastidores de Walking Dead; o início de tudo


Dale, a primeira morte

Angela chegou para ajudar a equipe de roteiristas e logo teve seu momento de brilho. Ela assinou sozinha o episódio Judge, Jury, Executioner (o 11º da segunda temporada), aquele com a primeira morte de um personagem importante: o velhinho Dale Horvath (Jeffrey DeMunn). Prova de fogo completada com sucesso.

A partir da terceira temporada (2012-2013), a roteirista passou a escrever mais episódios. De lá até o oitavo ano, foram 22 capítulos com sua assinatura, entre eles o da morte de Beth (Emily Kinney), o do sumiço de Glenn (Steven Yeun) e o grande embate dos seguidores de Negan (Jeffrey Dean Morgan) contra os aliados de Rick.

Má fase

A sétima e a oitava temporada de Walking Dead decepcionaram. Os episódios oscilavam e a série ficou marcada por apresentar tramas maçantes, sem qualquer dinamismo. E foi nesse cenário que Angela Kang assumiu o posto de showrunner, no começo da nona temporada, em outubro de 2018. Agora, ela tinha em mãos o controle completo, do roteiro à produção.

A primeira missão apresentou-se como a mais delicada: preparar o adeus de Rick, simplesmente o grande herói do drama zumbi. Uma das questões cruciais que cercavam a série na época era como a atração iria sobreviver sem o protagonista. Ela teve cinco episódios para realizar um adeus digno e deu conta do recado, fazendo da despedida do xerife tipo um Arquivo Confidencial do Faustão.

Angela Kang assina pôster da nona temporada de TWD na Comic-Con de 2018 (Divulgação/AMC)

Enquanto tratava disso, Angela mudou a cara da série. Os episódios passaram a ter mais ação, a contar com a participação de vários personagens e a aumentar a dose de terror. Aquele modelo de capítulos dedicados a uma única pessoa (você se lembra do Morgan aprendendo a lutar?) foram deixados de lado. A não ser em exceções, como o capítulo feito para a saída de Michonne (Danai Gurira).

O saldo de Angela como showrunner 30 episódios depois é positivo. Sob sua chefia, The Walking Dead ficou mais encorpada. E ela teve de administrar situações críticas da história, como introduzir o grupo Sussurradores (o mais temido da saga), adaptar dos quadrinhos a complexa vilã careca Alpha (Samantha Morton), replicar o massacre das estacas (com dez personagens decapitados) e regenerar o vilão Negan, entre outras coisas.

A execução perfeita dessas tramas dão razão à idolatria que a cerca. Daqui em diante, resta ver como Angela Kang irá introduzir a comunidade de Commonwealth, um momento muito aguardado pelos fãs, pois é a maior do mundo de The Walking Dead. A série está mais perto do final do que do começo, e fica no ar se ela será a responsável de escrever "O Fim" (The End) no derradeiro roteiro do drama zumbi.

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