LOVE IN THE TIME OF CORONA
IMAGENS: REPRODUÇÃO/FREEFORM
Gil Bellows usa álcool gel em cena da minissérie Love in the Time of Corona; gesto deve deve virar comum na TV
JOÃO DA PAZ
Publicado em 25/8/2020 - 7h00
Os perrengues que a humanidade enfrenta na quarentena por causa do novo coronavírus foram enxertados em uma minissérie que entra para a história como uma cápsula do tempo sobre a vida em meio à pandemia. No futuro, quem quiser saber como foi o cotidiano dos humanos em 2020 só precisará assistir a Love in the Time of Corona.
Composta de quatro episódios com cerca de 30 minutos cada, a atração é a primeira da TV norte-americana a ser gravada e lançada em pleno surto. Exibida no último sábado (22) e domingo (23) no canal Freeform, a comédia com pitadas de drama mostra o que se passou desde meados de março em toda a sociedade mundial, de perda de emprego a brigas de casais que passaram a conviver mais tempo debaixo do mesmo teto. E sem esquecer a visita no portão da residência de idosos.
Como diz o título da minissérie (Amor nos Tempos de Corona, em tradução direta), o amor permeia todas as tramas apesentadas. Tem aquela dupla de amigos jovens, interpretados por Tommy Dorfman (13 Reasons Why) e Rainey Qualley, que moram juntos e passam a perceber que são apaixonados um pelo outro, embora existam empecilhos que podem melar esse romance.
Na outra ponta, há um casamento de 25 anos prestes a acabar. Quem protagoniza essa história é Rya Kihlstedt (Dexter) e Gil Bellows (Ally McBeal), casados na vida real. Na ficção, os dois iam se separar, mas a pandemia chegou e eles tiveram de adiar essa decisão. Filha do casal, Ava Bellows também assumiu o papel da filha do par na história, em seu primeiro trabalho como atriz.
A situação que a pandemia provocou, daquele marido que trabalhava o tempo todo fora de casa e precisou se adaptar à rotina do lar, é encarnada pelos personagens de Leslie Odom Jr. (Smash) e Nicolette Robinson (The Affair). A nova dinâmica doméstica balança o romance e faz repensar algumas decisões no relacionamento.
Love in the Time of Corona interlaça entre essas tramas alguns hábitos que viraram rituais, como higienizar as mãos e usar máscara na ida ao supermercado. A minissérie trata também de idosos que vivem sozinhos, de jovens que pensam que são imunes à doença e de solteiros que buscam uma distração em apps de paquera.
Câmera controlada remotamente registra cena da dupla Tommy Dorfman e Rainey Qualley
A empreitada para conceber Love in the Time of Corona movimentou pouca gente, mas deu um suadouro. Cerca de 40 pessoas, de roteiristas a editores de som, trabalharam na atração. Em condições normais, mais de cem profissionais seriam necessários para tirar um projeto desse tipo do papel. Isso só foi possível porque os atores deixaram o estrelismo de lado e assumiram funções braçais.
Quem teve a ideia da minissérie foi Joanna Johnson (The Fosters). Primeiramente, ela escalou atores que já estavam juntos na quarentena, dando preferência a amigos e casais. A partir daí, foi preciso revelar que eles teriam de fazer mínimas operações em câmeras e usar roupas do dia a dia como figurino (itens devidamente aprovados por uma profissional da área, via videoconferência). E teriam de fazer a maquiagem.
O improviso foi a chave em vários momentos. Como a cunhada de Leslie Odom Jr., que virou assistente de produção, batendo a claque e até ajustando luzes.
Os roteiristas aproveitaram que a filha de Rya Kihlstedt e Gil Bellows estava disponível para inseri-la na trama, contando assim a quarentena do ponto de vista de uma jovem universitária obrigada a ficar em casa por ter suas aulas suspensas.
Por não ser tão simples de fazer, Love in the Time of Corona demorou 15 dias para ser totalmente gravada, o que gerou menos de duas horas de cena. Dentro dessas limitações, o produto final até que é bom. Joanna dirigiu os quatro episódios, tudo à distância, mas deu conta do recado.
Ela passava ordens usando um rádio e ficava do lado de fora da residência dos atores, pois lá ninguém podia entrar, a não ser em ocasiões extraordinárias. As câmeras instaladas entre quatro paredes eram comandadas por controle remoto, do zoom ao movimento lateral mais simples. Em cada locação, somente sete pessoas, além dos atores, trabalhavam do lado externo, separadas em tendas.
Todo esse esforço valeu a pena pelo simples fato de a minissérie entrar para a história. A recepção nos Estados Unidos foi morna, pois tanto parte da crítica quanto do público torceu o nariz por uma atração que encena o que o telespectador cansou (cansa) de viver na pele há mais de cinco meses. Não é nem que a pandemia está fresca na memória, ela ainda está na ativa e sem perspectiva de acabar.
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