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Divulgação/Netflix
Lesley-Ann Brandt e Tom Ellis em Lucifer; primeira parte da quinta temporada já está disponível na Netflix
ANDRÉ ZULIANI
Publicado em 25/8/2020 - 6h45
Após ganhar vida nova na Netflix, Lucifer se livrou das amarras da TV aberta norte-americana e passou a ser mais ousada em seu quarto ano, o primeiro produzido para a plataforma de streaming. Com o sucesso, a produção continuou a evolução de seus personagens na quinta temporada, que estreou na última sexta-feira (21). Com direito a Tom Ellis em dois papéis diferentes, a série teve o seu arco mais sentimental até agora.
[Atenção: spoilers a seguir]
O novo ano começa poucos meses depois do final da quarta temporada, quando Lúcifer (Tom Ellis) deixa a Terra para voltar a comandar o Inferno. A detetive Chloe (Lauren German) continua o seu trabalho investigando assassinatos, agora com o auxílio de Maze (Lesley-Ann Brandt). O arcanjo Amenadiel (D.B. Woodside) se tornou o gerente responsável pela boate Lux, enquanto divide as dificuldades da paternidade com Linda (Rachael Harris).
Grande parte da carga sentimental da primeira leva de episódios da quinta temporada recai nos ombros de Lúcifer e Chloe. A separação dos dois aconteceu logo no momento em que a moça finalmente conseguiu expor seus sentimentos para o anjo caído, e isso influencia na relação da dupla --principalmente porque, para o protagonista, passaram-se milhares de anos.
A química entre o casal continua sendo um dos pontos fortes da série, mas começa a dar indícios de saturação. Sempre que a trama sugere uma evolução, surge algum acontecimento que os atrapalha novamente. Essa dinâmica até diverte, mas se os roteiristas não conseguirem inovar, o futuro de Lucifer pode vir já com problemas.
Tom Ellis, que sempre foi o grande destaque da série, ganha ainda mais espaço para destilar seu charme ao dar vida a Michael, irmão gêmeo de Lúcifer que vem à Terra para tomar o seu lugar.
O contraste entre os dois é interessante: enquanto o protagonista, apesar do ego inflado, tenta lutar pelo seu lado bom, Michael se vê livre para ser o "anjo mau". E tudo isso refletido no talento de Ellis, que consegue dar camadas diferentes aos dois personagens sem deixar a peteca cair.
D.B. Woodside e seu Amenadiel também ganharam uma melhor abordagem com esse ar sentimental que tomou os novos episódios. Tornar-se pai o deixou mais empático e o tirou do seu lugar de conforto.
O arco melhorado do personagem parece refletir até no trabalho do ator, que tem na quinta temporada alguns de seus melhores diálogos --incluindo uma cena fofa entre o anjo e Dan (Kevin Alejandro) falando sobre paternidade.
A migração da série para a Netflix não só deu mais liberdade criativa para os showrunners Ildy Modrovich e Joe Henderson. Com apenas oito episódios, a primeira parte da quinta temporada conseguiu trabalhar com ganchos que prendem o espectador sem precisar apelar para capítulos que não acrescentam nada --problemas que uma série de mais de 20 episódios costuma enfrentar na TV aberta.
A possibilidade de inovar permitiu a produção de O Frango Não Se Dá Bem, quarto episódio do novo ano. Inspirado nos filmes noir do século passado, ele é quase inteiro em preto e branco, levando o público de volta à Nova York dos anos 1940.
A temporada enxuta, porém, não salva Lucifer de repetir alguns velhos erros. A maioria dos "crimes da vez" são pouco interessantes, quase repetitivos. Isso é um problema, principalmente quando a resolução deles toma grande parte da trama.
Enquanto foca na relação entre seus personagens, a série evolui e consegue agradar sem perder o ritmo. O humor caractéristico de Lúcifer continua ali, mais afiado e melhorado com a presença de Michael, que promete ganhar ainda mais relevância na segunda parte. Isso sem falar na tão esperada aparição de Deus (Dennis Haysbert), introduzido nos momentos finais.
Com uma sexta e última temporada já confirmada, a série ainda tem chão para entregar um final digno e que faça justiça aos personagens que contam com uma legião de fãs em todo o mundo.
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