Fartura de opções
Reprodução/Netflix
Robin Wright, a Claire Underwood, mostra o que o telespectador faz com série que demora a voltar
JOÃO DA PAZ
Publicado em 16/11/2018 - 5h43
O fã de séries já se acostumou: a cada 12 meses, sua atração favorita retorna com uma nova temporada. Contudo, a oferta insana de cerca de 500 dramas e comédias faz com que o público se perca e esqueça uma atração caso ela demore a voltar. Foi o que ocorreu com House of Cards (Netflix) e The Man in The High Castle (Amazon).
Cartão de visitas da Netflix, House of Cards caiu no limbo por alguns fatores. Perder o protagonista, Kevin Spacey, envolvido em um escândalo de assédio sexual, machucou a atração. A produção da temporada final chegou a ser suspensa e, quando o elenco voltou à ativa, tudo precisou ser refeito.
O resultado foi que House of Cards chegou com sua última temporada 17 meses depois da estreia da anterior. Liderada por Robin Wright, a série teve uma recepção fria, do público e da mídia. Foi bem diferente do que aconteceu nos anos anteriores, época em que monopolizava as notícias do mundo do entretenimento por, no mínimo, uma semana após a estreia. Neste ano, foi mais falada pelos bastidores do que pelo conteúdo provocativo.
No Metacritic, site que compila reviews da imprensa norte-americana, a avaliação de House of Cards sofreu um baque. A média das notas das cinco primeiras temporadas é 73 (de 100). O sexto ano ganhou a nota 62. Já para o público, que também pode dar sua opinião, a avaliação do drama político caiu de 7,8 (média das cinco temporadas anteriores) para 3,0.
A própria Netflix prova o dissabor do seu gigantismo. No dia da estreia da sexta temporada de House of Cards, a plataforma disponibilizou outras seis atrações originais, de animações a filmes. E o serviço estava em uma campanha intensa para promover O Mundo Sombrio de Sabrina, que estreou uma semana antes, deixando a icônica série escanteada. A plataforma ainda desfrutava do hit espanhol Elite.
Heróis sem poderes
O atraso na Netflix foi fatal com duas de suas séries de heróis. As fracas Luke Cage e Punho de Ferro não empolgaram tanto em suas respectivas estreias, em 2016 e 2017. A segunda temporada de ambas flopou de tal maneira que a empresa cancelou as duas em uma única semana, no mês passado.
De acordo com um levantamento da firma norte-americana Crimson Hexagon, especializada em pesquisas em redes sociais, o interesse do público em Luke Cage e Punho de Ferro caiu drasticamente. O herói negro à prova de bala gerou cerca de 300 mil posts (Twitter e Instagram) na semana de estreia da primeira temporada, em setembro de 2016. Na segunda temporada, em junho deste ano, foram somente 50 mil postagens, pela mesma métrica.
Já Punho de Ferro teve 100 mil interações a menos entre a primeira temporada (março de 2017) e a segunda (setembro de 2018).
É bom Demolidor abrir o olho porque deve ter o mesmo destino. Embora seja a série da Marvel na Netflix mais bem avaliada, o drama estreou no meio do furacão Elite, antes de Sabrina e saboreou o mesmo gosto amargo da colega House of Cards.
divulgação/amazon
Rufus Sewell na terceira temporada de Man in the High Castle, que está perdida na Amazon
22 meses depois...
A Amazon fez uma faxina das boas neste ano em seu catálogo de séries, e só as realmente boas sobreviveram. É o caso da veterana The Man in The High Castle. A produção que mostra um Estados Unidos dominado por nazistas alemães e japoneses, narra uma história alternativa na qual os países do Eixo venceram a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Mas a série perdeu o famoso hype na terceira temporada, que chegou em 5 de outubro, 22 meses depois da estreia do segundo ano. O exagerado hiato deixa o drama perdido. A Amazon até tentou refrescar a memória do telespectador com uma recapitulação das duas primeiras temporadas com 30 minutos de duração.
Quem será a próxima vítima?
Duas séries que brilharam na primeira temporada irão passar pelo teste do esquecimento no próximo ano: Big Little Lies (HBO), que venceu o Emmy como minissérie, e a elogiada American Gods.
Essa segunda, exibida no Brasil pela plataforma de streaming da Amazon, irá retornar quase dois anos depois da temporada de estreia. A conferir como será a aceitação do público após um intervalo tão grande.
Já Big Little Lies não deve ser muito prejudicada porque a HBO trata com extremo cuidado a promoção de suas séries, sem poupar dinheiro na propaganda. Basta olhar o caso de Westworld. A segunda temporada veio um ano e meio depois da primeira. A queda de audiência foi irrisória (apenas 200 mil telespectadores a menos), e o drama teve a capacidade de virar assunto na mídia durante sua exibição.
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