Indicada ao Oscar, atriz vira arroz de festa no Emmy e expõe nova realidade da TV

Indicada ao Oscar 2023 de melhor atriz coadjuvante por seu trabalho em Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, Stephanie Hsu encara uma concorrência inusitada no Emmy deste ano: ela mesma. E em dose tripla! A artista está inscrita na categoria de atriz convidada em série de comédia por três trabalhos diferentes: A Jornada de Jin Wang (Disney+), The Marvelous Mrs. Maisel (Prime Video) e Poker Face (Peacock, inédita no Brasil).

E, acredite se quiser, Stephanie não é a única atriz com três possibilidades de indicação em um mesmo quesito. O Notícias da TV analisou a lista completa dos 2.428 artistas que se inscreveram para a maior premiação da TV norte-americana e encontrou mais três nomes na mesma situação.

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A mais expressiva entre eles é Margo Martindale, que já venceu três Emmys (e foi indicada a outros três). Ela se inscreveu neste ano como atriz coadjuvante em série limitada ou telefilme por Accused (Fox, inédita no Brasil), Mrs. Davis (Peacock, também indisponível por aqui) e Bem-Vindos à Vizinhança (Netflix). 

Com um Emmy no currículo e outras 13 nomeações (como atriz, produtora e roteirista), a comediante Wanda Sykes colocou seu nome na disputa de melhor coadjuvante em série de comédia por três projetos diferentes: A História do Mundo, Parte 2 (Star+), The Other Two (HBO Max) e Família Upshaw (Netflix). 

O único homem da lista é Josh Segarra, colega de cena de Wanda em The Other Two. Além da se inscrever como ator coadjuvante pela recém-cancelada comédia da HBO Max, ele pode concorrer por A Máquina do Destino (Apple TV+) e Mulher-Hulk: Defensora de Heróis (Disney+).

As inscrições múltiplas escancaram uma nova realidade na indústria televisiva: até os anos 1990, quando as redes de TV aberta dominavam a produção de séries, os atores dedicavam praticamente o ano todo a um único projeto --afinal, as temporadas tradicionais tinham 22 episódios, que levavam cerca de oito ou nove meses para serem rodados.

Com a explosão dos streamings, as séries passaram a produzir temporadas cada vez mais curtas --projetos da Netflix têm entre seis e dez episódios, e há atrações até menores: a recém-lançada The Idol, da HBO, exibe seu quinto e derradeiro capítulo neste domingo (2). A sexta temporada de Black Mirror também teve só cinco histórias --duas a mais do que o quinto ano.

Assim, os artistas agora têm mais tempo livre para se dedicarem a vários projetos em um ano, o que era impensável no passado. E, como não têm contrato de exclusividade com uma plataforma, podem até trabalhar para serviços concorrentes ao mesmo tempo.

Essa mudança de parâmetros começa a chegar agora no Brasil: na semana passada, a Globo anunciou que Lázaro Ramos será o detetive Mário Fofoca no remake de Elas por Elas. Mas o ator tem contrato com a Amazon e precisará conciliar as gravações da novela com seus projetos no Prime Video. Deborah Secco também vai rodar o próximo folhetim das seis juntamente com a segunda temporada de Rensga Hits! --nesse caso, há a facilitador de as duas produções serem da Globo.

A 75ª edição do Emmy está marcada para ocorrer em 18 de setembro, com a revelação dos indicados no próximo dia 12. Mas a premiação pode ser afetada pela greve dos roteiristas, iniciada em 2 de maio e sem previsão de chegar ao fim. Por causa da paralisação, escritores e showrunners foram proibidos de participar de eventos de divulgação de seus projetos para os votantes.

O Tony Awards, que premia destaques do teatro norte-americano, foi ao ar no último dia 11 sem roteiro, com Ariana DeBose apresentando tudo no improviso. E a Academia de Televisão já estuda a possibilidade de adiar a premiação para o ano que vem caso a greve não seja resolvida logo.