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CRÍTICA

Cidade em Chamas desperdiça seu potencial e vira erro raro do Apple TV+

Divulgação/Apple TV+

Chase Sui Wonders e Wyatt Oleff como Sam e Charlie, personagens de Cidade em Chamas

Chase Sui Wonders e Wyatt Oleff são Sam e Charlie em Cidade em Chamas, novo drama do Apple TV+

Investigações criminais são pautas que prendem o espectador por elas mesmas em séries de mistério. Quando vêm acompanhadas de roteiristas responsáveis por fenômenos como Gossip Girl (2007-2012) e The O.C. (2003-2007), as expectativas são redobradas. Mas mesmo com criadores e um bom elenco, Cidade em Chamas não dá conta de prender a atenção da mesma forma que outras atrações do Apple TV+, e acaba se perdendo em um emaranhado de acontecimentos que, se melhor costurados, seriam mais um acerto do streaming.

A atmosfera é toda construída no rescaldo dos atentados de 11 de setembro de 2001. A série se passa em uma Nova York que está tentando se recuperar emocionalmente de um evento que a marcaria para sempre, e com personagens que se envolvem --direta ou indiretamente-- em outra tragédia. 

Na noite de 4 de julho de 2003, uma garota leva um tiro no Central Park. À medida que a polícia inicia a investigação para descobrir quem puxou o gatilho, lentamente o público descobre que há mais coisas envolvidas no ataque. Não há testemunhas, nem pistas, mas aos poucos vai se revelando um emaranhado de segredos por trás da tentativa de homicídio.

A garota em questão é Samantha Yeung (Chase Sui Wonders), o grande fio condutor do drama e do mistério aos quais Cidade em Chamas se agarra. O primeiro episódio dá aos espectadores um gostinho de quero mais --amizades, proteções e traições são o que guiam a trama. Mas os outros sete capítulos acabam desperdiçando o potencial inicial da série.

Charlie (Wyatt Olaff) é o melhor amigo de Sam --e apaixonado por ela também, como é revelado logo no começo--, e ganhou uma nova vida quando a conheceu. O espírito livre da protagonista foi o que mais lhe atraiu, enquanto ele vivia aprisionado pelo medo da própria mãe. 

Perdê-la seria como abrir mão do amor e da vontade de viver. Por isso, ele vai atrás por conta própria de pistas sobre o tiro, e acaba mergulhando em um universo obscuro do qual a amiga fazia parte.

A história, porém, também envolve outras tramas secundárias: o homem que encontrou Sam após o tiro, seu namorado, sua família riquíssima, os amigos da própria mocinha e até os detetives envolvidos no caso.

Todas, porém, ficam tão em segundo plano que se perdem em si mesmas. Charlie está tão desiludido que não tem capacidade de julgamento ao adentrar o mundo de Samantha, os amigos sequer a visitam enquanto ela está em coma no hospital, os vilões são tão maquiavélicos que por vezes se tornam óbvios demais, e os detetives são desinteressantes e têm histórias jogadas em meio a tantos dramas que se misturam.

O elenco, aqui, é um divisor de águas. O trabalho de cada um é brilhante e instigante, principalmente na parte mais jovem da trama --não dá para negar. Mas é uma espécie de elenco de filme digno de Oscar sendo usado para fazer uma peça escolar, talentos quase que jogados para escanteio.

Se a história se aprofundasse mais no drama pós-11 de Setembro, nas nuances do vício em drogas, ou até mesmo no racismo apenas pincelado em sua história, Cidade em Chamas poderia ter entrado para o hall da fama do Apple TV+ com louvor. Mas, infelizmente, perdeu o foco, se desvirtuou, e ficará marcada como um dos raros erros do streaming.

Assista ao trailer de Cidade em Chamas, em inglês:


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