Menu
Pesquisar

Buscar

Facebook
X
Instagram
Youtube
TikTok

EFEITOS DIVERSOS

Greve de roteiristas já afeta TV norte-americana; sua série favorita vai parar?

Reprodução/Instagram

Vestindo camisetas azuis, roteiristas seguram cartazes de greve em frente a estúdio

Roteiristas protestam em frente a estúdio alugado pela Netflix; streaming é ponto-chave na negociação

LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 3/5/2023 - 13h14

Aprovada por 97,85% dos integrantes que votaram, a greve do WGA (Sindicato dos Roteiristas Norte-Americanos) começou às 4h (horário de Brasília) de terça-feira (2), mas já tem seus efeitos sentidos um dia depois. Talk shows que abordam temas contemporâneos em seus monólogos de abertura não exibiram programas inéditos na noite de ontem, e o Saturday Night Live cancelou o episódio do próximo sábado (6).

Para o público brasileiro, as consequências da paralisação devem demorar um pouco mais. Séries exibidas na TV aberta norte-americana, como Grey's Anatomy, Chicago Fire e Law & Order: SVU, já encerraram as gravações de suas atuais temporadas, que não serão afetadas.

Essas atrações só devem virar uma dor de cabeça caso a greve se estenda durante muito tempo --a última paralisação dos roteiristas, entre 2007 e 2008, durou cem dias e custou cerca de US$ 500 milhões (R$ 2,5 bilhões na cotação atual) à indústria do entretenimento.

É que, tradicionalmente, atrações da TV aberta começam as gravações de suas próximas temporadas entre junho e agosto para estrearem entre setembro e novembro --séries de drama, que levam mais tempo, retomam suas produções antes, enquanto as comédias são rodadas mais rapidamente e têm um respiro maior.

Para colocar o elenco e a equipe em um estúdio, porém, os produtores precisam de um roteiro. Se os escritores continuarem de braços cruzados durante muito tempo, não haverá episódios para gravar --o que atrasaria a estreia da chamada fall season norte-americana. Ou seja, a temporada 2023-2024 pode ser mais curta, em um momento em que as séries ainda tentam retomar a rotina de trabalho pós-pandemia.

Atrações da TV paga variam caso a caso. House of the Dragon, por exemplo, começou as gravações de sua segunda temporada no meio de abril com os oito episódios já escritos. Assim, o cronograma não deve ser afetado --mas a série não poderá contar com um roteirista de plantão nos estúdios, para fazer qualquer alteração necessária nos textos. Como o showrunner Ryan Condal também é filiado ao WGA, ele não poderá mexer nos roteiros, tendo permissão para exercer apenas suas funções como produtor.

Para o streaming, a situação é mais tranquila. Ted Sarandos, CEO da Netflix, afirmou em conversa com acionistas que a plataforma se preparou para o pior e tem muito conteúdo pronto na gaveta para disponibilizar pelos próximos meses --como a gigante lança temporadas completas de uma vez, ela grava os episódios com meses (e, às vezes, mais de um ano) de antecedência.

Caso a greve dure muito tempo --e, até o momento, não há nenhum indício de que as partes envolvidas estejam próximas de um acordo--, a Netflix e suas concorrentes vão precisar rever sua estratégia e espaçar seus lançamentos, para assegurar conteúdo para o próximo ano.

O que querem os roteiristas?

A lista de exigências é longa, mas uma das principais reivindicações da classe diz respeito aos residuais, como são chamados os direitos autorais. Roteiristas alegam que o repasse do valor à categoria é baixo se comparado ao que é dado a produtores e atores. As plataformas de streaming, segundo eles, também pagam menos do que o cinema e a TV tradicional.

O WGA também exige um aumento da compensação mínima, visto que o pagamento é feito por episódio e as plataformas de streaming encomendam temporadas mais curtas e um tempo de envolvimento maior dos escritores durante a produção. Melhorias no plano de saúde também são negociadas.

Outro pedido diz respeito às salas de roteiro. Tradicionalmente, diferentes escritores eram responsáveis por episódios distintos. Enquanto o escritor A produzia seu capítulo, o B poderia acompanhar a gravação do que havia criado. Agora, especialmente no streaming, poucos roteiristas se reúnem em uma sala, escrevem todos os episódios e são dispensados. Apenas o showrunner segue para o estúdio e vê o material ser rodado. Isso dificulta a ascensão de escritores novatos e, a longo prazo, pode coibir o surgimento de pessoas aptas a serem produtoras.


Mais lidas


Comentários

Política de comentários

Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.