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OBRA NACIONAL

Hit Parade viaja pelo lado sombrio da indústria musical brasileira nos anos 1980

BIANCA AUN/DIVULGAÇÃO

Missiê Jack (Robert Frank) no lado esquerdo de paletó, camisa e gravata com olhar sério e Simão (Tulio Starling) no lado direito com camisa estampada encarando o outro personagem

Missiê Jack (Robert Frank) e Simão (Tulio Starling) em Hit Parade; parceria entre os personagens dura pouco

LUÍS FELIPE SOARES

luis@noticiasdatv.com

Publicado em 21/5/2021 - 7h00

Nova série nacional do Canal Brasil, Hit Parade tem uma história que viaja pelo lado sombrio da indústria musical brasileira nos anos 1980. A produção acompanha personagens que protagonizam e observam as movimentações do mercado fonográfico em meio a cópias sem autorização, trambiques, invenções de artistas e roubo de canções. 

A trama tem Simão (Tulio Starling) no centro das atenções. O jovem cantor idealista luta para ter uma chance na carreira enquanto trabalha na gravadora de Missiê Jack (Robert Frank). Ele produz para outros artistas com a promessa de ser notado pelo patrão.

Simão percebe que o mercado é recheado de malandragem quando é passado para trás pelo chefe e tem uma composição sua roubada. A frustração faz com que ele junte forças e economias com a namorada, Lidia (Barbara Colen), o músico Onésio (Luiz Rocha) e a advogada e produtora Silvana (Docy Moreira) para abrir a própria gravadora.

Segundo André Barcinski, criador e co-roteirista da série, a ideia é aproveitar esses conflitos para revelar "métodos pouco ortodoxos", como o roubo de identidade de artistas internacionais por figuras brasileiras e o excesso do chamado jabá (pagamento de "agrado" para que algo seja feito em troca, no caso, para que músicas sejam tocadas e cantores tenham espaço).

"Os anos 1980 são muito interessantes, mas eu diria que são um pouco incompreendidos. A maioria das pessoas se lembra da década de 1980 de uma maneira estranha, e muita gente que fala isso não viveu os anos 1980. Só conhece por leitura e vídeos", comentou o jornalista ao Notícias da TV.

"Há alguns lados bem sombrios que são esquecidos. A parte das disputas entre as gravadoras, por exemplo, em que elas cortaram muito do casting por causa da crise financeira e tiveram que se reinventar. Também ficou marcada como uma época com enorme quantidade de cocaína circulando. Há muita coisa que torna os anos 1980 interessantes para caramba, mas sem se esquecer desse lado sombrio e marginal, que é o que me interessa", afirmou.

BIANCA AUN/DIVULGAÇÃO

O apresentador Lobinho (Odilon Esteves)

Com a viagem no tempo, os cenários e os figurinos acabam por chamar a atenção na tela. Até mesmo um apresentador de programa de auditório (espécie de versão de Silvio Santos) que anda de patins e usa drogas no camarim aparece.

Todo o universo oitentista ganha força com a presença especial de figuras que se destacaram na época, como os cantores Ovelha e Maria Alcina. A estética ajuda a montar um certo clima cômico, mesmo em momentos de maior tensão.

"É uma série que tenta criar personagens interessantes dentro de um mundo que julgo ser instigante. Esse 'lado B' é fascinante", comentou o escritor, que citou a norte-americana Vinyl (2016), da HBO, como referência. "Não me lembro de um projeto nacional como este."

Barcinski acabou por se tornar um especialista no assunto. O tema apareceu em trabalhos que desenvolveu nos últimos anos e que abordam fatos e personagens de diferentes maneiras.

Tudo começou pela pesquisa feita para o livro Pavões Misteriosos 1974-1983: A Explosão da Música Pop no Brasil (2014), que serviu de base para as obras da TV.

"A [série] documental História Secreta do Pop Brasileiro (2019) [disponível no Prime Video] e o Hit Parade acabam sendo inspirados pelo livro. Eu tentei explicar na publicação como a música brasileira abraçou o jovem nos anos 1970 e 1980, e muitas histórias que se desenrolam no livro vieram à tona nas séries", explicou o jornalista.

Para ele, os projetos se unem de maneira especial para concluir uma saga profissional pessoal:

A série acaba, sim, fechando um ciclo. Sempre fui muito ligado e instigado pelos bastidores da música, pela indústria musical. Acho que consegui montar um bom material para fazer um livro, um projeto documental e uma série ficcional com temas semelhantes. Se complementam de certa forma.

As primeiras versões do roteiro têm cerca de quatro anos, com as gravações tendo ocorrido em 2019. Barcinski dividiu o texto com Ricardo Grynszpan, com quem já havia trabalhado na minissérie Zé do Caixão (2015). A direção é assinada por Marcelo Caetano, do filme Corpo Elétrico (2017).

"É muito louco o fato de que as pessoas irão ver só agora o que eu pensei e escrevi há alguns anos. Quando pessoas que já assistiram comentam detalhes ou falas, eu não me lembro de algumas coisas. Isso mostra como o audiovisual brasileiro demanda todo um tempo e um processo para ganhar forma", revelou o criador, que espera dar uma olhada no material mais uma vez com a estreia.

A temporada de Hit Parade é formada por oito episódios, cada um com cerca de 40 minutos de duração.

O primeiro estreia nesta sexta-feira (21), no Canal Brasil, às 22h30, com novos episódios toda semana. A temporada completa vai ser disponibilizada no catálogo do Globoplay --que também liberará o capítulo de estreia de maneira gratuita durante sete dias.

Veja o trailer da série:


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