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MAURICIO FARIAS

Diretor de Hebe quase não fez série da Globo: 'Mulher cafona, equivocada'

Fábio Rocha/TV Globo

Com camiseta informal, Mauricio Farias olha para Valentina Herszage, que usa uma peruca loira bem falsa, um casaco xadrez e uma blusa vermelha

Mauricio Farias dirige Valentina Herszage em Hebe; ele estranhou projeto sobre a apresentadora

LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 13/8/2020 - 6h50

Transformar a vida de Hebe Camargo (1929-2012) em uma série de TV não seria tarefa fácil nem para o maior fã da apresentadora. E o desafio foi ainda maior para Mauricio Farias, que não tinha exatamente carinho pela "gracinha". "Era uma mulher cafona, equivocada, reacionária", critica o diretor de 59 anos, que pensou em recusar o projeto.

"Quando a Carol [Carolina Kotscho, roteirista] me chamou, eu pensei: 'Caramba, o que ela enxergou aí? A gente vai criticar a Hebe? Mas a história é sobre ela... Fiquei confuso, porque eu tinha uma crítica pelas posições políticas dela", admite.

Mesmo com um pé atrás, Farias topou dar uma olhada no trabalho de Carolina --a escritora tem no currículo os textos das cinebiografias de outros personagens que não agradam a todo mundo, como a dupla Zezé Di Camargo & Luciano (2 Filhos de Francisco, 2005) e o escritor Paulo Coelho (Não Pare na Pista, 2014).

"Eu li o roteiro e fiquei alucinado, pela história dela e por tudo que a Carol enxergou nela. A gente estava em um momento de transformação no mundo todo, e a Carol enxergou na Hebe coisas que eu não via, tinha preconceito. Achava uma mulher cafona, careta, reacionária, dessa elite paulistana... Quando eu descobri o que era realmente a Hebe, com as contradições todas, me deu uma sacudida", reconhece.

O marido de Andréa Beltrão aproveitou essa oportunidade para superar os próprios pré-julgamentos e também para usar o exemplo de Hebe Camargo em uma época na qual as palavras e os comportamentos dela se fazem tão necessários.

"Achei que era ideal para olhar pro nosso momento, ver que os extremos começaram a falar e impedem a gente de enxergar as pessoas. Descobri o fundamental na Hebe, que é ela ter a palavra, se colocar, ter coragem de se jogar. E também a importância do diálogo, ela não constrangia a outra pessoa, ela usava a conversa para aprender, discutir, evoluir, servir de reflexão. Neste momento que a gente está vivendo, em que as pessoas não se ouvem mais, isso ficou cada vez mais chocante", filosofa.

Personagem incrível

Com o projeto de rodar um filme e uma série concluído, Mauricio Farias agora tem uma visão bem diferente de sua personagem principal. "Eu olho para uma mulher que nasceu em 1929 e esteve muito à frente do seu tempo praticamente a vida toda. Que teve uma origem simples, que enfrentou muitas dificuldades. Uma mulher com muitas qualidades, muitas contradições... Uma personagem incrível!", valoriza.

Mas virar fã de Hebe não facilitou nem um pouco o desafio do diretor na TV. "Como representar uma mulher dessa dimensão? Ela ficou mais de 60 anos no ar! Foi minha primeira experiência dirigindo uma biografia, com um personagem real, mas na nossa versão dessa pessoa, tudo bem desafiador. A oportunidade que a Carol nos deu com esse projeto me jogou por caminhos muito interessantes", entrega Farias.

A Globo exibe os dez episódios de Hebe todas as quintas, depois de Fina Estampa. O capítulo desta semana conta com a participação de Daniel de Oliveira, que interpreta Luís Ramos, ex-diretor da Rádio Excelsior com quem a apresentadora viveu um romance proibido --ele já era casado, e o caso dos dois foi definido pela própria loira como "um amor que era um inferno". A série está completa no Globoplay.


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