Consciência Negra
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Viola Davis na quinta temporada de How to Get Away with Murder; primeira negra a vencer o Emmy
JOÃO DA PAZ
Publicado em 20/11/2018 - 5h59
Há ainda muito a ser feito, mas a representatividade negra nas séries melhorou muito nos últimos anos. Por décadas, integrantes dessa parcela da população (14% de todos os Estados Unidos, cerca de 44 milhões de pessoas) eram retratados como subalternos e não tinham sua cultura valorizada. Mas o jogo virou e barreiras foram quebradas.
Basta relembrar o feito alcançado por Viola Davis há três anos. Grande estrela da eletrizante How to Get Away with Murder, ela foi a primeira negra a vencer o Emmy de melhor atriz dramática. Simbólico, o prêmio é uma amostra do quanto o papel do negro em séries é outro nos dias atuais. São protagonistas da própria história: médicos, publicitários, advogados (caso da personagem de Viola) e fazendeiros.
Essas oportunidades de grandes papéis em séries abrem novos horizontes para os jovens telespectadores negros. Eles podem se inspirar nas figuras que veem na TV.
Confira dez personagens que representam, vivem e defendem a negritude em séries:
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Viola Davis tira peruca em uma das cenas mais comoventes de How to Get Away with Murder
A temida advogada em How to Get Away with Murder
Com a bênção de Shonda Rhimes, How to Get Away with Murder (Canal Sony) chegou com tudo em 2014 e se tornou a série sensação do ano. Protagonizada por Viola Davis, mostra uma advogada criminal dura na queda, que, enquanto resolve casos cabeludos, dá aula para estudantes, os ensinando a defender um assassino.
Viola interpreta Annalise Keating, a advogada da trama. Temas raros de se ver na TV, como cuidados com beleza negra (pele, cabelo), ganham espaço. Questões sociais também têm a sua vez e são mais evidentes na quinta temporada (ainda inédita no Brasil). Annalise abraça uma luta contra o sistema para livrar negros presos inocentemente, ou por delitos pequenos, que são tratados como criminosos de alta periculosidade e receberam julgamentos injustos.
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Na comédia Insecure, Issa Rae e Yvonne Orji vivem jovens negras solteiras e independentes
Black power em Insecure
Comédia da HBO que quebrou paradigmas, Insecure chegou para contar como é a solteirice de duas amigas negras em Los Angeles, um contraponto às inúmeras séries que mostram essa fase da vida apenas pelo ponto de vista de mulheres brancas. A série tem uma advogada (Yvonne Orji) e uma assistente social (Issa Rae) e discute com franqueza como é a convivência entre negros e brancos, principalmente no ambiente profissional.
Acrescenta-se ao pacote de Insecure a valorização da cultura negra. A série tem uma excelente playlist com sons da black music. As trilhas sonoras das três temporadas são fáceis de encontrar no Spotify.
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Dawn-Lyen Gardner, Kofi Siriboe e Rutina Wesley são os protagonistas da ótima Queen Sugar
Trio desbravador em Queen Sugar
Outra atração que foge do convencional é Queen Sugar (inédita no Brasil). Uma das séries mais vistas da TV paga americana, a produção do canal de Oprah Winfrey é pioneira por narrar a história de Charley Bordelon (Dawn-Lyen Gardner), uma fazendeira negra na zona rural de New Orleans, uma das regiões dos EUA onde o racismo é muito presente e proprietários de terra brancos são a esmagadora maioria.
Os irmãos de Charley enfrentam desafios tão grandes quanto Charley. A jornalista Nova (Rutina Wesley) é uma ativista que se dedica a escrever sobre jovens negros enquadrados por policiais. E Ralph Angel (Kofi Siriboe) é um ex-presidiário que tenta deixar para trás os dias vividos na criminalidade. Queen Sugar faz um excelente trabalho ao contar como é o cotidiano de uma família negra no interior.
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Em All American, Daniel Ezra é um jovem jogador de futebol americano que sonha com a NFL
Vida de atleta em All American
Os negros representam menos de 20% da população dos EUA, mas na NFL ocorre o oposto disso. Cerca de 70% dos jogadores da liga profissional de futebol americano são negros e muitos compartilham o mesmo passado: são oriundos de bairros carentes e enxergam na NFL a chance para mudarem de vida.
Uma dessas histórias reais é retratada em All American (Warner). Baseada na trajetória do jogador Spencer Paysinger, a série promete mostrar como Spencer James (Daniel Ezra) saiu das ruas de um bairro perigoso de Los Angeles para a milionária liga esportiva. A atração contrapõe estilos de vidas diferentes de pessoas negras (ricas e pobres) e questiona se é possível alguém perder sua negritude com o passar dos anos.
divulgação/abc
Blackish reafirmou a carreira de Anthony Anderson e deu um Globo de Ouro a Tracee Ellis Ross
Aulas de negritude em Blackish
O casal formado pelo publicitário Andre Johnson (Anthony Anderson) e pela médica Rainbow Johnson (Tracee Ellis Ross) tem a missão de fazer com que seus filhos mimados aprendam um pouco mais sobre o que é ser negro.
Blackish (Canal Sony) vai além das séries que trazem negros vivendo em bairros ricos rodeados por vizinhos brancos ao não deixar de contar, em cada episódio, fragmentos da cultura negra, seja americana ou africana. A série causou impacto e carimbou a ida de seu criador, Kenya Barris, à Netflix, com um contrato milionário.
divulgação/cbs
Cedric the Entertainer contracena com Max Greenfield na hilária e didática The Neighborhood
Branco em bairro negro em The Neighborhood
A nova comédia The Neighborhood (inédita no Brasil) faz o inverso de Blackish. Protagonizada pelo afiado comediante Cedric the Entertainer, a série começa com um casal de brancos se mudando para um bairro habitado por negros, em Los Angeles. Cedric vive um homem de família de meia-idade que não se sente confortável com a chegada dos novos vizinhos, muito bem interpretados por Max Greenfield (New Girl) e Beth Behrs (2 Broke Girls).
The Neighborhood é interessante por colocar um homem branco em uma situação diferente. O personagem de Cedric assume a tarefa de ensinar ao recém-chegado na quebrada como é que as coisas funcionam por lá. O trunfo da série é colocar tanto o negro quanto o branco em situações de igualdade: o primeiro também precisa entender a boa vontade do outro de aprender uma nova cultura.
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