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CRÍTICA

Cobra Kai: Com tropeços, 4ª temporada prova poder de reinvenção da franquia

Divulgação/Netflix

Ralph Macchio e Xolo Maridueña treinam em cena da quarta temporada de Cobra Kai

Ralph Macchio e Xolo Maridueña em cena da quarta temporada de Cobra Kai; série retorna nesta sexta

ANDRÉ ZULIANI

andre@noticiasdatv.com

Publicado em 31/12/2021 - 6h35

Uma das principais séries do catálogo da Netflix, Cobra Kai retorna com sua quarta temporada fazendo o que sabe melhor: se reinventar. Depois de abraçar de vez o cânone da franquia Karatê Kid no terceiro ano, a produção consegue superar alguns tropeços dos novos episódios sem que isso afete a qualidade final.

Ao longo dos três anos anteriores, Cobra Kai já havia mostrado o seu poder de reinvenção ao oxigenar uma franquia de mais de 30 anos e mesclar novos embates e personagens a uma rivalidade criada ainda nos anos 1980. Mesmo que o alicerce da trama seja a dinâmica entre Daniel LaRusso (Ralph Macchio) e Johnny Lawrence (William Zabka), a série nunca foi apenas sobre os dois protagonistas.

Prova disso é como o público abraçou o drama vivido pelo núcleo adolescente de Cobra Kai. Miguel (Xolo Maridueña), Robby (Tanner Buchanan), Samantha (Mary Mouser), Tory (Peyton List), Demetri (Gianni DeCenzo) e Hawk (Jacob Bertrand) nasceram ofuscados pela sombra dos protagonistas, mas conquistaram os fãs e ganharam cada vez mais espaço.

É na relação entre a velha e a nova geração de "karatê kids" que Cobra Kai atinge o seu ápice, mas sem se esquecer de suas raízes. Afinal, para que os jovens voassem, Daniel-san e Sr. Miyagi (Pat Morita) precisaram engatinhar. E o caminho da icônica dupla foi cheio de obstáculos.

DIVULGAÇÃO/NETFLIX

Daniel (Ralph Macchio) e Johnny (William Zabka)

Daniel (Ralph Macchio) e Johnny (William Zabka)

Um destes obstáculos, e talvez um dos mais marcantes, foi Terry Silver (Thomas Ian Griffith). O vilão de Karatê Kid 3: O Desafio Final (1989) teve o seu retorno confirmado na quarta temporada muito antes da estreia dos novos episódios, e sua volta prometia ser tão impactante quanto as de John Kreese (Martin Kove) e Chozen (Yuji Okumoto).

O filme introduziu Silver como um amigo de longa data de Kreese e um dos fundadores do dojô Cobra Kai. Tão maquiavélico quanto o parceiro, ele fez da vida de Daniel um inferno antes de ser derrotado por Miyagi, e seu pupilo perder a final do torneio de caratê para o protagonista.

Em Cobra Kai, o passado do vilão ganhou mais camadas. Ele não apenas havia lutado na Guerra do Vietnã (1955-1975) ao lado de Kreese como jurara ajudar o amigo em qualquer situação pelo resto de sua vida. É com essa deixa que o antagonista de rabo de cavalo retorna à cena na quarta temporada.

A volta de Terry Silver é a catarse que movimenta a trama nos novos episódios. Como Daniel e Johnny se unindo para derrubar os Cobra Kais, Kreese enxerga a necessidade de também ter um parceiro. E o retorno do personagem é feito não apenas de maneira fiel à sua memória, mas também enriquece a narrativa do quarto ano de modo que não soe gratuito.

DIVULGAÇÃO/NETFLIX

Thomas Ian Griffith como Terry Silver

Thomas Ian Griffith como Terry Silver

De certa maneira, Griffith é alma do novo ano da série. Sua presença atinge todos os núcleos de personagens, sejam eles dos dojôs Cobra Kai, Miyagi-Dô ou Eagle Fang. A reunião com Kreese e LaRusso empolga os velhos fãs da franquia, mas sua dinâmica com os novos alunos mostra que sua presença é muito maior e mais importante do que a atração sugeria no início.

Como se a presença de Silver não fosse suficiente, a série introduz o novato Kenny Payne (Dallas Dupree Young) como a nova vítima do estilo Cobra Kai. Ter mais personagens significa menos tempo de tela para os veteranos, mas os roteiristas e Young não desperdiçam o espaço dado a Kenny e sua relação com outros eventos da temporada.

Tropeços, mas nem tanto

O grande mérito de Cobra Kai é manter o equilíbrio entre o legado da franquia Karatê Kid com a expansão da trama na série da Netflix. Isso ajuda com que retornos aguardados como o de Griffith enriqueçam a trama e evoluam a jornada dos personagens. No entanto, a quarta temporada acaba por sofrer com alguns tropeços inevitáveis.

Isso fica claro na relação de gato e rato vivida por Daniel e Johnny desde 1984, quando o primeiro derrotou o então vilão em Karatê Kid: A Hora da Verdade, filme que deu o pontapé inicial na franquia. Mais de três décadas depois, a dupla continua tentando superar suas diferenças, mesmo quando tudo parecida já estar alinhado.

Insistir nesse conflito atrapalha (e muito) o andamento da narrativa da quarta temporada, mas algumas surpresas preparadas pelos criadores da série colocam a trama de volta nos trilhos. Parte disso se deve à evolução que personagens como Hawk, Miguel, Tory e principalmente Robbie têm nos novos episódios.

Esta evolução cria dinâmicas muito interessantes, como a divertida relação sogro-genro entre Daniel e Miguel, e o respeito crescente entre Johnny e Samantha. Mesmo que a birra entre os senseis pareça interminável, os dois não deixam de crescer e evoluir para que Cobra Kai nunca fique parada na mesmice.

Ao final da jornada, Cobra Kai flerta com o perigo de ficar rodando no mesmo lugar, mas apenas para dar um salto ainda maior. Com a quinta temporada assegurada pela Netflix, há a certeza de que novos dramas e desafios surgirão para enriquecer o legado quase infindável da franquia Karatê Kid.

Assista ao trailer legendado da quarta temporada de Cobra Kai:


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