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ESTREIA DO MÊS

Netflix abraça cânone de Karatê Kid e entrega temporada emotiva de Cobra Kai

Divulgação/Netflix

William Zabka, Martin Kove e Ralph Macchio sentados em cena da terceira temporada de Cobra Kai

William Zabka (à esq), Martin Kove e Ralph Macchio em Cobra Kai; trio está de volta na terceira temporada da série

ANDRÉ ZULIANI

andre@noticiasdatv.com

Publicado em 1/1/2021 - 6h55

Depois de ser adquirida pela Netflix e aumentar o sucesso iniciado no YouTube, Cobra Kai estreia nesta sexta-feira (1º) sua terceira temporada, a primeira com o selo original do serviço de streaming. Para manter a qualidade que conquistou velhos e novos fãs, a série abraçou de vez o cânone da franquia Karatê Kid e entregou sua leva de episódios mais emotiva até agora.

[atenção: este texto contém spoilers do novo ano de Cobra Kai]

O terceiro ano começa logo depois do fim da segunda temporada e explora os desdobramentos da desastrosa batalha campal que aconteceu na escola entre os alunos dos dojôs Cobra Kai e Miyagi-Dô. 

Em coma, Miguel (Xolo Maridueña) luta pela sobrevivência no hospital, enquanto Robby (Tanner Buchanan) foge com medo das autoridades; Johnny (William Zabka) lida com a derrota de perder seus alunos e o dojô para John Kreese (Martin Kove), enquanto Daniel (Ralph Macchio) enfrenta uma perda de clientes em sua concessionária após a má repercussão na mídia da luta no colégio.

Tudo que envolve a narrativa do terceiro ano se baseia em dois grandes pilares: a jornada dos personagens para lidar com as consequência da rivalidade entre os dojôs, e a frequente nostalgia de uma série que reviveu uma franquia que fez sucesso há mais de 30 anos.

Grande parte do sucesso de Cobra Kai, desde a sua época de YouTube, se deve ao fato de ser fiel ao que foi criado anteriormente. Os produtores sempre souberam que nada existiria se Karatê Kid (1984) não tivesse apresentado Daniel, Johnny, Kreese e Sr. Miyagi (Pat Morita). Mesmo as narrativas envolvendo o novo núcleo adolescente são montadas em cima de uma "guerra" iniciada no filme original.

Para manter o nível, o terceiro ano explora ainda mais o cânone da franquia. Se as duas primeiras temporadas recontam o trauma da luta no torceio All Valley entre Daniel e Johnny e sua disputa por Ali (Elisabeth Shue), os novos episódios resgatam uma história não explorada desde Karatê Kid 2: os acontecimentos em Okinawa.

No filme de 1986, Daniel e Miyagi viajaram ao Japão para encontrar o pai doente do sensei, e lá encontraram rivais tão cruéis quanto Johnny e Kreese, além de um novo par romântico para o protagonista após seu término com Ali. Cobra Kai, então, resgata Chozen (Yuji Okumoto) e Kumiko (Tamlyn Tomita) para acrescentar ainda mais camadas ao drama da série.

O grande acerto aqui é trazer de volta personagens antigos sem parecer algo gratuito, só para agradar aos fãs. Desde o retorno de Martin Kove no final da primeira temporada, cada aparição de personagens de Karatê Kid teve uma relevância para a narrativa. Com Chozen e Kumiko, não é diferente. Eles são parte importantíssima da jornada de Daniel-san nos novos episódios.

Nem apenas de Macchio e Zabka a terceira temporada é feita. O novo ano de Cobra Kai vai ainda mais longe para tentar explicar, mesmo que de maneira rasa, o que fez de John Kreese o temível vilão que conhecemos hoje.

A escolha é nobre, mas busca trazer uma dramaticidade que nunca foi característica na série. Um dos maiores acertos da produção foi abraçar o brega, e foi isso que a tornou um dos melhores escapismos na Netflix.

DIVULGAÇÃO/NETFLIX

Os vilões Tory e Hawk treinam para a "guerra"

Preparando a batalha final

Por se tratar de uma série que nada mais é do que uma rivalidade entre duas academias de caratê, Cobra Kai corre o perigo de se alongar tempo demais no drama adolescente de "meu dojô é melhor que o seu".

É fato que isso não resume a série, que explora muito bem os reflexos que um discurso considerado "bonito" pode fazer na mente de um jovem em crise. Isso começou ainda com Johnny Lawrence, mas é descrito de forma mais completa nas histórias de Miguel, Tory (Peyton List), Sam e, principalmente, Robby.

A briga entre os jovens ganha tons mais sombrios e se assemelha à perseguição que Johnny fazia com Daniel no filme original. Hawk (Jacob Bertrand) torna-se ainda mais desprezível, enquanto Tory assombra os sonhos de Sam desde a luta na escola.

Apesar de sua importância, o núcleo teen acaba saindo de foco, uma vez que seus principais representantes estão reclusos em boa parte do tempo --Robby no reformatório e Miguel focado em seu tratamento para recuperar os movimentos da perna. 

Sem perder a qualidade, Cobra Kai reserva para seus momentos finais talvez a maior surpresa de toda a série até aqui, além de novas sequências de luta para entrar no hall das melhores batalhas coreografadas da franquia.

É claro que a Netflix posicionou suas peças para um possível confronto final na já anunciada quarta temporada. Fica a dúvida, porém, se a produção terá fôlego para seguir contando sua história quando a nostalgia não mais sustentar o futuro e não sobrar mais "resgates" de Karatê Kid para surpreender.

Assista ao trailer da terceira temporada:


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