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Despedida

Antes arrebatadora, How To Get Away With Murder chega ao fim aos tropeços

Imagens: Divulgação/ABC

Com um curativo grande na testa, Viola Davis segura uma barra de ferro na mão direita em How to Get Away with Murder

Vencedora do Emmy, Viola Davis em imagem da sexta e última temporada de How to Get Away with Murder

JOÃO DA PAZ

Publicado em 14/5/2020 - 5h04

Série que entrou para a história da TV americana por ter a primeira negra a ganhar um Emmy de atriz dramática (Viola Davis, em 2015), How to Get Away with Murder termina nesta quinta-feira (14) aos tropeços, uma sombra do que era em meados da década, quando apresentava uma trama eletrizante e diferente, que chamava a atenção. Os anos se passaram, a atração perdeu a mão e apelou de vez.

Viola foi escolhida a dedo para a ser a protagonista do drama, interpretando a astuta advogada Annalise Keating, professora universitária de Direito Penal que contratou cinco alunos para serem estagiários do seu escritório particular, à frente de casos policiais cabeludos de gente da alta sociedade da Filadélfia.

Imediatamente, a série fisgou o público com muito suspense, segredos e reviravoltas em episódios que misturavam com maestria acontecimentos do presente, passado e futuro. O visual de How to Get Away with Murder também foi elogiado, com filtros de cores frias para os momentos de maior tensão e cores quentes em outras ocasiões.

O resultado disso foi a boa audiência registrada pela primeira temporada nos Estados Unidos: média de 9,76 milhões de telespectadores por episódio, o suficiente para colocá-la entre as 15 séries mais vistas da temporada 2014-2015 --e dar para Viola Davis o tal Emmy histórico. O sexto e último ano, porém, está com uma média bem abaixo, de 2,45 milhões de telespectadores.

A fuga do público se deu porque os truques de How to Get Away with Murder ficaram manjados. Os assassinatos deixaram de surpreender, e os casos investigados em cada temporada perderam impacto. Na tentativa de frear a queda de audiência, produtores e roteiristas fizeram o possível, desde romances entre os pupilos de Annalise até tirá-los de perto da mentora tirana. Não deu certo.

O Keating 5, grupo formado por Connor Walsh (Jack Falahee), Michaela Pratt (Aja Naomi King), Asher Millstone (Matt McGorry), Laurel Castillo (Karla Souza) e Wes Gibbins (Alfred Enoch), aos poucos também foi perdendo o brilho. Pelo menos ficou intacta a tensa relação de cada um deles com Annalise, pois direta ou indiretamente estão envolvidos em crimes e assassinatos desde que se reuniram.

Karla Souza, Matt McGorry, Aja Naomi King, Alfred Enoch e Jack Falahee em cena do drama

Uma das cartadas foi colocar a advogada em uma firma privada, trabalhando no mundo corporativo ao lado de uma mulher, criando assim o famigerado queerbaiting (insinuação de romance entre duas mulheres) com a pansexual Annalise e a advogada lésbica Tegan Price (Amirah Vann). Fora isso, a professora foi parar na cadeia, vestindo vermelho e tendo seus dias de "red is the new black".

Na sexta temporada (ainda inédita no Brasil, por isso nada de spoilers), os truques são ainda mais exagerados, de fazer inveja às amadas e inventivas novelas mexicanas. O telespectador com um gosto mais apurado, exigente, pode se preparar para as loucuras que vêm por aí.

Não se pode esquecer, porém, de uma das principais características de How to Get Away with Murder. Em meio a tanto crime, morte e sangue, a série colocou em debate temas pesados, aprofundando discussões sobre alcoolismo, casamento e relacionamento gay (ela chegou a ser censurada), corrupção na política e advocacia, personagem do elenco fixo com HIV positivo, encarceramento em massa de pessoas negras, relações inter-raciais, entre outros. 

O discurso da moral de How to Get Away with Murder coloca em xeque um falso puritanismo da maioria das pessoas. Quem realmente é incapaz de cometer uma maldade? Quem nunca praticou algo ilícito e se excedeu? Muitos assassinos por aí recebem testemunhos de que, antes, eram pessoas boas, acima de qualquer suspeita. A série expõe que a fragilidade do ser humano pode levá-lo à violência.

Na última temporada, que se encerra nesta quinta na rede americana ABC, a série deixa claro a proposta que carrega no título, que em uma tradução literal (Como Se Livrar de um Assassinato) faz mais sentido do que como foi batizada no Brasil (Como Defender um Assassino). Annalise e seus pupilos estão na mira do FBI (a polícia federal americana). Fica o suspense se todos eles vão conseguir se livrar dos assassinatos de que participaram ou se vão parar atrás das grades.

No Brasil, How to Get Away with Murder é atração do canal AXN, que exibiu a quinta leva de episódios neste ano, após a série migrar do Sony Channel. As cinco primeiras temporadas estão disponíveis na Netflix.

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