Balanço da Summer Season
Divulgação/USA Network/NBC/Netflix
Alice Braga em Queen of the South, Matthew Perry em Friends e Millie Bobby Brown em Stranger Things
JOÃO DA PAZ
Publicado em 27/8/2019 - 5h14
A summer season, baixa temporada da TV norte-americana que começou em junho e termina nesta última semana de agosto, foi boa para a brasileira Alice Braga e para as séries Friends (1994-2004) e Stranger Things, da Netflix. A HBO contratou a atriz para uma minissérie e ambas as atrações mostraram suas forças para o mercado e reforçaram a popularidade.
Gênero batido que gerou várias séries de sucesso ao longo dos anos, os dramas familiares continuam em alta, como provaram Succession (HBO) e Yellowstone (que em breve chega ao Brasil no Paramount Channel).
No duelo pesado entre a HBO e a Netflix pelo posto de vitrine mais badalada da TV dos Estados Unidos, o canal premium se saiu melhor nos últimos três meses e viu a rival perder bilhões de dólares (de valor de mercado) em 24 horas.
Confira quem se deu bem e quem se deu mal na summer season de 2019:
Prestes a completar 25 anos da estreia, a serem celebrados em setembro, a comédia Friends virou objeto de desejo das plataformas de streaming, de olho no sucesso estrondoso que a série sobre seis amigos nova-iorquinos faz na Netflix. A gigante pagou US$ 100 milhões (R$ 415 milhões) para manter Friends na plataforma durante mais um ano. Mas a atração migrará para o novo serviço da Warner, o HBO Max.
A saída da Netflix não foi barata. Para ter a comédia em seu streaming, a WarnerMedia desembolsou nada menos do que US$ 425 milhões (R$ 1,76 bilhão) pelos direitos de Friends, de 2020 até 2024. Um acordo sem precedentes.
A paulistana Alice Braga desfruta de solidez no mercado de séries norte-americano. Desde 2016 ela é a protagonista de A Rainha do Sul (Queen of the South), um dos dramas de maior audiência na TV paga. A atual quarta temporada, ainda inédita no Brasil, tem média de 911 mil telespectadores. No canal USA Network, em que a série é exibida, A Rainha do Sul só perde em audiência para o último ano de Suits.
Logo após receber pela terceira vez seguida uma indicação ao prêmio Imagen Awards, que reconhece o trabalho de atores latinos nos EUA, Alice Braga foi contratada pela HBO para reforçar o elenco da minissérie We Are Who We Are (algo como Somos Quem Somos), da HBO. O projeto será gravado na Itália e contará com a atriz Chloë Sevigny (de Big Love, Bloodline e The Act).
O mês de julho foi decisivo para a Netflix. O streaming viu a despedida de Orange Is the New Black, uma de suas séries principais, e testou a popularidade de Stranger Things, próxima série a virar cartão de visita da plataforma. Deu certo.
O drama sobrenatural teen reforçou seu status na cultura pop e, durante todo o mês, foi presença constante nos grandes veículos de mídia especializados (americanos ou brasileiros) e se tornou assunto constante entre os fãs. Os oito episódios da série foram esmiuçados e geraram debates variados, desde o excesso de merchans à sexualidade de um dos personagens adolescentes.
divulgação/paraomunt/hbo
Kevin Costner em Yellowstone e Brian Cox em Succession; disputa famíliar rural e urbana
Repetir fórmulas batidas é vitória certeira. Na TV paga americana, duas séries de sucesso investem em dramas familiares, nos quais irmãos brigam pelo cargo de manda-chuva do clã. O curioso é que tanto Succession (HBO) quanto Yellowstone (Paramount Channel, em breve) têm tramas parecidas.
Ambas acompanham três irmãos, dois homens e uma mulher, em um jogo de leva e traz para assumir os negócios do pai. O que as diferencia é o ambiente. Enquanto Succession é cosmopolita, na agitada Nova York, Yellowstone é totalmente rural.
Nova queridinha da mídia, Succession é o drama mais bem avaliado do ano no site Metacritic, nota 88 de 100. E Yellowstone é o segundo drama atualmente no ar mais visto da TV paga americana, atrás somente de Walking Dead.
O inverno chegou em Game of Thrones (2011-2019), mas não atingiu a HBO. Na temporada do verão americano, o canal respondeu bem ao fim da série mais premiada da história, o drama mais grandioso de todos os tempos. Atrações como Euphoria, Big Little Lies, Chernobyl, Gentleman Jack e Succession mantiveram a HBO relevante com altos índices de audiência e avaliações positivas de críticos.
Além disso, o canal voltou a ser o mais indicado no Emmy, depois de ter perdido a liderança no ano passado para a Netflix. Para o Oscar da TV de 2019, a HBO conseguiu 137 indicações, contra 117 da rival.
Os três meses da summer season foram frios para a Netflix. Ela perdeu o posto de número um no Emmy, perdeu Friends para a Warner e perdeu dinheiro, muito dinheiro. Na primeira quinzena de julho, a empresa anunciou o balanço do segundo trimestre deste ano, e o resultado foi avassalador.
A plataforma ganhou só metade dos assinantes esperados (chegaram 2,7 milhões de clientes, ante 5 milhões previstos, em território internacional). E pela primeira vez desde 2011, a Netflix registrou uma queda no número de assinaturas nos EUA: 130 mil a menos. Isso tudo resultou em uma queda de 12% nas ações. Em menos de 24 horas, a Netflix perdeu US$ 17 bilhões (R$ 70 bilhões) em valor de mercado.
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