Vexame da Globo, novela enfrentou ibope baixo, crise nos bastidores e até suruba

Há quatro anos, O Sétimo Guardião (2018) estreava no horário nobre da Globo com a promessa de resgatar o realismo fantástico do autor Aguinaldo Silva. No entanto, a novela entrou para a história como um dos vexames de audiência da faixa das 21h, além de ter sido marcada por uma série de intrigas nos bastidores e ter rendido até boatos de suruba entre o elenco em Fernando de Noronha.

Criador de sucessos como Tieta (1989), Pedra Sobre Pedra (1992) e Senhora do Destino (2004), Silva enfrentou problemas com O Sétimo Guardião antes mesmo da estreia. Aluno da masterclass que o novelista deu para treinar novos autores, o mineiro Silvio Cerceau foi à Justiça para ser reconhecido como um dos criadores da sinopse.

Para evitar problemas, o autor chegou a desistir do projeto ambientado na fictícia Serro Azul e criou uma segunda história, Enquanto o Lobo Não Vem. Mas a Globo preferiu exibir O Sétimo Guardião e colocou o crédito dos 26 ex-alunos da masterclass no encerramento do folhetim.

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Porém, os infortúnios não pararam por aí. Silva sofreu com as críticas de que sua história não fazia sentido ao longo de toda a exibição na TV. A novela parece ter enfrentado uma série de maldições que atrapalharam ainda mais o desempenho --como a morte de um figurante.

Insatisfeitos, atores chegaram a pedir para sair do projeto no meio. O protagonista Bruno Gagliasso ainda curtiu publicações no Twitter que falavam mal da trama.

Até mesmo o dramaturgo pareceu frustrado com os rumos que o romance de Luz (Marina Ruy Barbosa) e Gabriel (Gagliasso) tomou. No dia em que escreveu as cenas do último capítulo, o novelista fez um desabafo no Twitter.

"Muitas vezes na vida escrevi a palavra 'Fim'... E ela, para mim, sempre significou 'recomeço'. Hoje, mais uma vez a escrevi: 'Fim'! E agora me pergunto, como naquela canção de Ivan Lins: vai valer a pena ter sobrevivido?", filosofou ele, fazendo referência à música Começar de Novo.

Aguinaldo Silva acabou demitido da emissora alguns meses depois. Ele chegou a colocar a culpa pelo fiasco do folhetim em Rogério Gomes, o Papinha. Nas redes sociais, o autor declarou que a trama exibida pela Globo foi uma versão "reescrita" pelo diretor artístico.

No quesito audiência, o folhetim também foi esquecível. O capítulo final marcou 34,2 pontos, sendo o segundo fim de uma trama das nove menos visto da Globo na época. Na média geral, a história registrou 28,8 pontos.

Climão nos bastidores

Os vários boatos de desentendimentos entre os atores nos bastidores acabaram chamando mais a atenção do público do que o enredo de O Sétimo Guardião.

José Loreto enfrentou uma crise no casamento com Débora Nascimento na mesma época em que seu personagem na história iniciava um romance com Luz. A onda de boatos de que a pivô da separação teria sido Marina Ruy Barbosa irritou Aguinaldo Silva e prejudicou a novela. O autor teve até que desmentir a informação de que mataria Júnior na trama.

Após ver seu nome envolvido na polêmica, a atriz desabafou: "Não vejo sentido em falar sobre um assunto que não é meu, não faz parte da minha vida. Claro que eu não tive nenhum tipo de envolvimento com ele [Loreto]. E só". "Obviamente, ter meu nome nisso me abalou. Tive crises de ansiedade e momentos bem conturbados. Foram dias intensos, sem que eu entendesse muito bem o que estava acontecendo", contou em entrevista à revista Marie Claire.

Uma suposta briga entre Marina e Lilia Cabral durante uma gravação noturna também virou notícia. A intérprete da vilã Valentina teria dado um sermão na ruiva por ter atrasado os trabalhos de toda a equipe, segundo o jornal Extra.

"Você está pensando que é quem? Você é muito nova para achar que pode fazer isso. Garota mimada", teria dito a veterana. Na época, Marina negou o conflito com a colega de cena. Já Lilia pediu respeito ao seu trabalho e à novela da Globo e lamentou a repercussão do caso.

Houve ainda o surgimento do memorável Surubão de Noronha, que rendeu brincadeiras entre os famosos durante um bom tempo. A lenda foi criada por um perfil de fofocas do Instagram e sugeria que atores do elenco organizavam orgias na pousada de Bruno Gagliasso em Fernando de Noronha.

Quando as gravações estavam chegando ao fim, Caio Blat foi acusado de assédio por uma das atrizes, cujo nome não foi divulgado. Segundo informações do colunista Leo Dias, à época no UOL, a assessora da profissional alegou que o intérprete de Geandro teria investido ainda contra outras cinco atrizes da novela.