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QUEM MEXEU?

Vale a pena tretar de novo? Cinco 'brigas' de autores que atearam fogo na Globo

FOTO: REPRODUÇÃO/TV GLOBO

O ator Tarcísio Meira caracterizado como Renato Villar em cena de Roda de Fogo

Tarcísio Meira em Roda de Fogo; novela é alvo de disputa entre Marcílio Moraes e Lauro César Muniz

DANIEL FARAD

vilela@noticiasdatv.com

Publicado em 28/4/2021 - 6h55

Um telespectador mais desatento talvez não perceba que a abertura de uma novela marque uma guerra travada nos bastidores. A sucessão dos nomes nos créditos não se dá ao acaso e, muitas vezes, é afetada por uma série de disputas que não incluem apenas rixas entre o elenco ou a direção. O desentendimento entre autores de uma mesma trama não é fato incomum na Globo.

Roda de Fogo (1986), por exemplo, chegou ao Globoplay na segunda (26) e desenterrou um debate sobre quem realmente assinou os primeiros capítulos da produção. Os créditos iniciais dão a entender que Lauro César Muniz criou a história, mas Marcílio Moraes aproveitou a "reestreia" para esclarecer a questão que se arrasta há mais de três décadas.

"Eu criei a primeira sinopse. Como eu era um iniciante na TV e só tinha feito um trabalho, foi chamado o Lauro César Muniz para assumir a novela. Sob o comando dele, fizemos algumas modificações na história. Mas os primeiros capítulos que o Lauro escreveu foram questionados pela direção", declarou Moraes em seu site oficial.

A pedido da emissora, ele então teria reescrito o primeiro roteiro, agradando em cheio. "Foi a partir deste capítulo que desenvolvemos a novela. Os créditos que, de início seriam 'novela de Lauro César Muniz com colaboração de Marcílio Moraes' passaram para 'novela de Lauro César Muniz, escrita por Marcílio Moraes e Lauro César Muniz'", explicou o novelista.

O quiproquó, diga-se de passagem, não foi um dos únicos nos bastidores da dramaturgia global. De acusações de plágio a troca de titulares, a líder de audiência da TV aberta já precisou "rebolar" para que o clima conturbado atrás das câmeras não atrapalhasse o conteúdo apresentado na tela.

Relembre outras cinco confusões entre autores na Globo:

Cláudio Cavalcanti em Anastácia

Anastácia

O ator Emiliano Queiroz chegou à Globo em 1967 no posto de autor de Anastácia, A Mulher Sem Destino. Ele, no entanto, não pôde colocar um ponto-final na história, já que Janete Clair (1925-1983) foi chamada às pressas por Glória Magadan (1920-2001), então diretora de dramaturgia, para evitar que a novela afundasse ainda mais na audiência.

A roteirista não viu outra saída a não ser eliminar mais de cem personagens em um terremoto que foi sucedido por um salto de 20 anos no tempo. A narrativa passou a acompanhar os sobreviventes da tragédia, ganhou fôlego, mas não deixou de ser o maior fiasco da emissora --até então.

Elizabeth Savala e Cassia Kis em Quem É Você?

Quem É Você?

Já Quem É Você? (1996) começou a ser escrita por Ivani Ribeiro (1922-1995), mas a autora sequer viu a obra estrear. Após a sua morte, Solange Castro Neves assumiu o papel de titular, mas se enfezou com a baixa repercussão da trama. Ela saiu do projeto no capítulo 24, largando a "bomba" nas mãos de Lauro César Muniz, que já atuava como supervisor do texto.

José Wilker em cena de Roque Santeiro

Roque Santeiro

Aguinaldo Silva lamenta até hoje ter levado uma rasteira de Dias Gomes (1922-1999), que lhe "tomou" a autoria de Roque Santeiro (1985) justamente nos últimos capítulos. Ele tinha escrito os 40 roteiros da versão original de 1975, censurada pela Ditadura Militar (1964-1985), que foram aproveitados uma década depois pelo colega de profissão.

O escritor de Império (2014) se sentiu preterido quando o marido de Janete Clair decidiu se apossar novamente da história por conta do sucesso estrondoso da viúva Porcina (Regina Duarte) e do Sinhozinho Malta (Lima Duarte).

"Dias Gomes não concordou com meu final e recebi um telefonema da emissora pedindo que entregasse a novela. [Me senti] Muito mal, é no fim da novela que o autor aparece. Percebi que ele ia colher os louros. Eu ainda tinha que ser pacífico, dizer que passava a novela em homenagem a ele", contou Silva em entrevista ao jornal Extra, do Rio de Janeiro.

Reynaldo Gianecchini na novela Esperança

Esperança

Esperança (2002) nem de longe repetia o sucesso de Terra Nostra (1999) quando Benedito Ruy Barbosa precisou se afastar por conta de um problema de saúde. Ele, no entanto, não gostou das mudanças que Walcyr Carrasco promoveu durante a sua ausência e reclamou à imprensa que o roteirista havia "estragado tudo", sobretudo por mexer no romance central.

Carrasco manteve a finesse ao responder ao avô de Bruno Luperi, mas aproveitou para dar uma alfinetada em entrevista ao site Ego. "Lamentei muito o Benedito ter ficado doente na época, pois imagino que ter que deixar uma novela é o mesmo que abandonar um filho", lamentou.

"Mas gostaria de lembrar que peguei a novela com 32 [pontos] de audiência e entreguei, no último capítulo, com 54. Não acho que estraguei tudo, não", afirmou o autor de Verdades Secretas (2015).

Mateus Solano em Liberdade, Liberdade

Liberdade, Liberdade

Márcia Prates era uma das apostas de Silvio de Abreu (ex-diretor de teledramaturgia) no processo de renovação dos quadros de autores da Globo, mas não chegou a ser lançada oficialmente pela casa. Depois de colaborar com Aguinaldo Silva, João Emanuel Carneiro e Walther Negrão, ela estrearia como titular em Liberdade, Liberdade (2016).

A Globo, no entanto, ficou insatisfeita com a qualidade artística e histórica da trama, trocando Márcia por Mário Teixeira, que chegou à novela das onze para apagar esse "incêndio". Apesar do climão, ambos continuam como roteiristas da líder de audiência.


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