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MEMÓRIA DA TV

Há 17 anos, novela Esperança teve doença de autor, acidente e morte no elenco

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Reynaldo Gianecchini e Priscila Fantin em cena de de Esperança; protagonistas sofreram acidente - REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Reynaldo Gianecchini e Priscila Fantin em cena de de Esperança; protagonistas sofreram acidente

THELL DE CASTRO

Publicado em 16/6/2019 - 6h33

Anunciada como uma espécie de continuação de Terra Nostra, que fez muito sucesso entre 1999 e 2000, Esperança estreava há 17 anos com uma sucessão de fatalidades, como a troca do autor Benedito Ruy Barbosa por Walcyr Carrasco, acidente com os protagonistas e morte de um ator português. Foi um dos maiores problemas da história da Globo no seu principal horário de novelas.

O plano inicial de Barbosa era nomear a trama como Terra Nostra 2 e ambientá-la durante a Segunda Guerra Mundial, mas a minissérie Aquarela do Brasil (2000), que teve a mesma temática, frustrou seus planos. Dessa forma, a história foi levada para a época da quebra da Bolsa de Valores de Nova York, ocorrida em 1929.

Ana Paula Arósio caracterizada como a judia Camille

A novela estreou no dia 17 de junho de 2002, em meio à Copa do Mundo do Japão e da Coreia. O trio principal era formado pelos italianos Toni (Reynaldo Gianecchini) e Maria (Priscila Fantin) e a judia Camille (Ana Paula Arósio).

Dois meses após a estreia, Arósio e Gianecchini se feriram durante a gravação de uma cena em que Camille destruía uma estátua feita por Toni. A atriz torceu o pé, enquanto o ator teve um dente quebrado ao ser atingido por estilhaços que voaram após o golpe com uma barra de ferro. A cena foi ao ar, mas não alavancou o Ibope.

No final de agosto, mais um duro golpe: o português Luís de Lima, que vivia o pai de José Manoel, o Murruga (Nuno Lopes), morreu aos 77 anos, vitima de infecção pulmonar.

Antes disso, Antonio Fagundes, que participou da primeira fase, ficou uma semana internado com pneumonia; o próprio Nuno Lopes foi para o hospital com luxações nas pernas depois de um acidente na praia; Gilbert Stein, que vivia o pai de Camille, teve uma crise de hipertensão; e o sítio de Benedito Ruy Barbosa foi assaltado.

Em novembro, o cantor Paulo Ricardo, líder do RPM, foi chamado para sacudir a trama. Em sua primeira (e única) participação como ator de novelas, ganhou o papel de Samuel, judeu que disputaria o amor de Camille com Toni.

Outro problema que surgiu foi o atraso na entrega dos capítulos. Dessa forma, cenas passaram a serem gravadas em cima da hora, muitas vezes no mesmo dia em que iam ao ar. Um capítulo chegou a ser editado 20 minutos antes de entrar no ar. Com isso, cresceu o uso de flashbacks, o que não agradou ao público. A média na Grande São Paulo chegou a 27 pontos, quando o esperado era 45.

Em dezembro daquele ano, um importante acontecimento: com problemas pessoais e de saúde, Benedito Ruy Barbosa foi substituído por Walcyr Carrasco, que contou com a ajuda de Thelma Guedes.

A partir do capítulo 149, a trama ganhou novos personagens e desdobramentos, fugindo da história original, o que deixou Barbosa muito irritado. Edmara Barbosa, filha do autor, disse à imprensa que ele não acompanhava mais a novela, já que ficava muito irritado e tinha vontade de fumar, o que estava proibido de fazer.

Apesar dos inúmeros problemas, Carrasco conseguiu dar um rumo à novela. A audiência em janeiro acabou subindo para 40 pontos, com 56% de share (participação nos aparelhos ligados). A novela terminou em 15 de fevereiro de 2003, com 209 capítulos.


THELL DE CASTROé jornalista, editor do site TV História e autor do livro Dicionário da Televisão Brasileira. Siga no Twitter: @thelldecastro

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