CORONELISMO
FÁBIO ROCHA/TV GLOBO
José Inocêncio (Marcos Palmeira) na segunda fase de Renascer; críticas ao coronelismo
Bruno Luperi acrescentou uma tragédia a mais para José Inocêncio (Humberto Carrão/Marcos Palmeira) com a morte de Maria Santa (Duda Santos) em Renascer. Além de se fechar para a vida e rejeitar um dos filhos, o protagonista também se verá metamorfoseado naquilo que mais rejeitou na primeira fase --um coronel como Belarmino (Antonio Calloni) ou Firmino (Enrique Diaz).
Mariana (Theresa Fonseca) vai causar um dos primeiros embates da segunda fase ao chamá-lo de "coronel" na novela das nove da Globo. O desconforto do fazendeiro ficará claro em cenas como as previstas para serem exibidas a partir de quarta (7).
"Nunca fui coronel coisa nenhuma. Essa gente vai contando conversa e nem adianta tentá contestá. Mais os coronéis, coronéis de verdade, são do tempo dos romances de Jorge Amado [1912-2001]. Quando cheguei por aqui, a vassoura-de-bruxa já tava tomâno conta de tudo", reclamará o personagem de Marcos Palmeira.
Luperi já havia dado indícios de que abandonou o excesso de deferência pela obra do avô, Benedito Ruy Barbosa, que o atrapalhou ao adaptar Pantanal (2022). Ele começou a trabalhar o dilema de José Inocêncio em tornar-se coronel já na primeira fase, com uma cena que não existia na versão original.
Diocleciano (Adanilo/Jackson Antunes) levou uma dura do patrão justamente ao chamá-lo de "coronel". "Eu não sou coronel coisa nenhuma. O cacau não é nosso. Faço questão que todo mundo saiba que essa é a última safra do coronel Belarmino. A próxima vai ser da fazenda Jequitibá-Rei e a outra, a outra", buliu o protagonista.
Essa mudança de perfil é fundamental para atualizar a trama de Renascer, já que José Inocêncio passou a representar uma alternativa ao agronegócio tradicional. Ele foi responsável por acabar com uma das piores pragas que assolou Ilhéus, no sul da Bahia, com princípios agroecológicos –ao contrário do que faziam os coronéis Belarmino e Firmino.
Luperi vai acentuar o desconforto do protagonista com o título justamente para reforçar essa oposição ao trazer a história para o presente. O fazendeiro terá traços anti-heroicos, como a rejeição a José Pedro (Juan Paiva), mas tomará emprestado de seu intérprete as boas práticas no agronegócio.
Afinal, não custa repetir, o próprio Palmeira mantém um sítio com pegada agroecológica na região serrana do Rio de Janeiro.
O cineasta Zelito Viana, pai do ator, também é conhecido pela produção de cacau biodinâmico na propriedade da família em Itororó, no sul da Bahia. Trata-se justamente da mesma região em que se passa a novela Renascer.
Ruy Barbosa sempre criticou o coronelismo durante as suas novelas, mas acentuou a questão a partir do remake de Cabocla (2004). O coronel Boanerges (Tony Ramos) era um dos mocinhos da história, mas ainda assim levava algumas alfinetadas pela sua atuação política na fictícia Vila da Mata, no interior do Espírito Santo --ainda que de maneira bem mais sutil do que o coronel Justino (Osmar Prado).
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