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FRACASSO DE AUDIÊNCIA?

Patinho feio da Globo, Um Lugar ao Sol peca por não ser uma novela popular

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Cauã Reymond, à direita, e Alinne Moraes, à esquerda, em cena de Um Lugar ao Sol. Ambos estão de perfil e olhando sérios para frente. Ambos estão de camisa preta de gola alta e Alinne está de óculos escuros. O cenário é de um aeroporto.

Cauã Reymond e Alinne Moraes em cena de Um Lugar ao Sol, novela das nove da Globo

RAPHAEL SCIRE

raphascire@gmail.com

Publicado em 20/11/2021 - 6h35

Tratada com certo desdém pela própria Globo, Um Lugar ao Sol é aquele tipo de história que dificilmente se tornará um estouro de audiência. O maior pecado da novela das nove, não ser popular demais, ironicamente é também seu maior trunfo. 

A primeira trama de Lícia Manzo no horário nobre da emissora traz diálogos bem construídos e uma dramaturgia bem esquematizada, com espaço para dualidades que as histórias da Globo já haviam perdido há um certo tempo. Suas qualidades, porém, acabam um pouco ofuscadas pelos tímidos números de audiência que o folhetim tem registrado até então.

Mais do que uma "novela de gêmeos", Um Lugar ao Sol é uma história de identidade. A troca de personas, por si só, já traz junto uma série de conflitos que a autora soube explorar com naturalidade: ao se passar pelo irmão Renato, Christian (Cauã Reymond) deixa uma vida toda para trás e assume uma nova personalidade, tendo que enfrentar a todo instante descobertas de um passado que não viveu, além de lidar com seus dilemas éticos internos, como ter abandonado a mulher de sua vida, Lara (Andréia Horta). 

A composição de Cauã Reymond para os personagens mostra que o ator se preparou para a novela e soube imprimir nuances para os dois tipos a quem dá vida --aqui, o "fator pandemia" acabou sendo benéfico. Outro ponto interessante no núcleo central é a presença de Bárbara (Alinne Moraes), dita a vilã da trama, mas sem os maniqueísmos que o gênero explora. Bárbara é uma mulher mimada, carrega alguns preconceitos em suas falas, mas também é extremamente frágil e impulsiva, o que a torna humana.

Uma das principais características das novelas de Lícia Manzo é abrir mão de vilanias exacerbadas ao mostrar que todos seus personagens incorrem em erros e tropeços, são heróis e vilões de si mesmos. Conflitos bem armados trazem como consequência complexidade e densidade à trama, o que certamente pode causar estranhamento em um público acostumado com histórias mastigadas, carregadas de didatismo. 

As relações familiares tortuosas e os conflitos pessoais também marcam o estilo da autora e não estão de fora de Um Lugar ao Sol, assim como as camadas que a história vem desdobrando aos poucos. Muito centrada no núcleo Christian-Renato, a novela ainda não apresentou todos os personagens que podem trazer um tempero extra se bem dosados. 

A história de Rebeca (Andrea Beltrão), por exemplo, revela ter fôlego, ainda que a modelo passe um pouco a sensação de que faz parte de uma "novela de divã", em que os personagens estão sempre desabafando uns com outros sobre seus dilemas pessoais, como se estivessem em uma sessão de psicanálise. 

Nicole (Ana Baird) é outra personagem que tem um desenrolar promissor. Sua autodepreciação cumpre a cota de humor, e seus diálogos com Bárbara são afiados. Ainda assim, tudo é centrado nas falas. A falta de ação não é um problema, mas o blábláblá excessivo pode causar sono e afastar o público.  

A direção de Maurício Farias é correta ao não ofuscar a história com excessos estéticos, mas um detalhe cênico chama a atenção e reforça o descaso da Globo com a trama: a repetição do viaduto cenográfico de Amor de Mãe (2019), o que evidencia que a emissora não estava muito disposta a gastar com cenografia. A instabilidade da grade de exibição também prejudica Um Lugar ao Sol, que já teve seu horário alterado por conta de partidas de futebol. Fidelizar o público assim fica difícil. 

Como nas histórias de Lícia, em que as mães assumem quase sempre um papel que acentuam os dilemas de seus filhos, Um Lugar ao Sol parece sofrer do mesmo mal: apesar de encantar por se mostrar um ponto fora da curva, é inegável que a trama merecia um acolhimento maior por parte da emissora que a concebeu. 

Um Lugar ao Sol é um patinho feio com grandes chances de se tornar um cisne, mas parece que a Globo ignorou tal possibilidade.


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Quarta, 23/3 (Capítulo 117)
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