DRAMAS PESADOS
JOÃO MIGUEL JÚNIOR/TV GLOBO
Murilo Benício interpreta Tenório; fazendeiro tem duas famílias e é extremamente machista
O horário nobre da Globo abre uma janela para um lugar que é paradisíaco, mas que sofre uma devastação monstruosa com as queimadas. A novela Pantanal é mais que paisagens, traz uma história que teve repercussão em todo o país e até no exterior em 1990. O enredo tem grilagem de terras, muitas mortes, machismo em grau elevado, disputa entre filhos, rivalidade feminina, "seres encantados" e até incesto.
"Quando eu soube que iria fazer esse projeto, eu tremi inteiro. Eu, há 30 anos, fiz uma novela na Globo que teve de lutar muito [por audiência] por causa do barulho que a versão original fez", conta o diretor artístico, Rogério Gomes, o Papinha, que saiu da Globo após desenvolver toda a concepção da nova versão e gravar 60 dos 170 capítulos do folhetim.
A saga começa há mais de 30 anos, quando José Leôncio (Renato Góes/Marcos Palmeira) e seu pai, Joventino (Irandhir Santos), se instalam no Pantanal. Peão domador de bois selvagens, os marruás, Joventino desaparece deixando seu filho para trás e desesperado.
José Leôncio honra a memória do pai, conduzindo a fazenda que herdou com pulso forte. Nesta primeira semana, ele faz uma viagem ao Rio de Janeiro para negociar uma venda grandiosa de gado e conhece Madeleine (Bruna Linzmeyer/Karine Teles). Os dois partem para o "rala e rola" e, em seguida, ele já pede a loira em casamento. Eles têm um filho, Jove (Jesuíta Barbosa), mas a garota não se acostuma à vida no Pantanal e foge levando o herdeiro.
O folhetim saltará no tempo na sua quarta semana de exibição para mostrar Jove à procura do pai após uma vida inteira pensando que ele estava morto. No Pantanal, o rapaz vai conhecer Juma Marruá (Alanis Guillen), e a história de amor dos dois se tornará, então, a principal do folhetim.
divulgação/tv globo
Juliana Paes e Enrique Diaz em cena da novela
Filha de Gil (Enrique Diaz) e Maria Marruá (Juliana Paes), Juma cresce em uma tapera sob os cuidados da mãe, que a ensina a se defender de tudo e todos. Ela é como Maria, incorpora uma forma selvagem e visceral de viver. Essa personagem é o pilar do folhetim.
"Acho que ela representa de alguma forma todos os outros braços, os outros personagens. Jove é algo complementar a Juma. É interessante esses personagens, porque ele está em um sentido sempre oposto ao dela. Ele é mais feminino, e ela tem uma coisa masculina no sentido da natureza", explica Jesuíta Barbosa.
O remake vai manter a essência do que o público viu ou ouviu falar na exibição da trama na extinta Manchete (1983-1999). É uma aposta da Globo para atrair: os pais de família, pela memória afetiva de rever algo que fez parte de sua história; os brasileiros do interior do país, pela questão da identificação com universo rural; e os mais jovens, com a atualização do enredo para os dias de hoje e a discussão em torno da preservação ambiental.
"Jove e Guta [Julia Dalavia] são personagens que trazem bastante essa conversa, são as vozes dos novos tempos. Procurei legitimar as personagens femininas, trazer luz para as questões que envolvem elas e para a força que elas têm", explica o autor Bruno Luperi, neto do criador da saga, Benedito Ruy Barbosa, que complementa:
O tempo é um agente fundamental em Pantanal. Ele influencia a ação humana, a sociedade. Há 30 anos, a grande inovação era o rádio, não havia nem luz na região. Hoje, tem até internet. As barreiras diminuíram, mas nós precisávamos manter aquele mesmo universo. Um Pantanal mais idílico.
Em meio à natureza pulsante tem seres sobrenaturais, além de lendas como um homem que vibra cobra para proteger a floresta. A novela tem mesmo um leque enorme.
Para ter uma ideia, tem um núcleo carioca justamente para não perder de vista o "lugar-comum" das novelas, com dondocas, influenciadores digitais e tudo mais.
A novela é mesmo um caldeirão de tipos também, enquanto Murilo Benício dá vida a Tenório, fazendeiro extremamente machista e que tem uma segunda família em São Paulo, sua filha, Guta, representa a mulher atual, formada em Engenharia Civil, dona do próprio nariz.
Ela será responsável por mudar o rumo da família, já que descobrirá da pior maneira a vida dupla do pai ao se apaixonar pelo irmão Marcelo (Lucas Leto), em São Paulo. A casa de Tenório vai cair depois que ela voltar ao lar da família em Mato Grosso do Sul.
"É bom falar [do machismo], é bom que as pessoas se reconheçam em um certo lugar. É bom falar sobre Tenório, porque ele existe, é tudo que a gente não quer, é tudo que a gente já tem como ultrapassado. Então, eu acho que vai ser uma boa forma de espelho para uma parcela de pessoas que ainda não conseguiu evoluir nesse lugar, que grande parte da sociedade já se encontra hoje", comenta Murilo Benício.
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