MAIS LIGHT
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Tenório (Murilo Benício) em Pantanal; morte do vilão ocorreu de forma menos sangrenta no remake
Pantanal se despediu do público nesta sexta (7) após sete meses no ar. Adaptação da obra homônima de Benedito Ruy Barbosa para a Manchete (1983-1999), em 1990, a novela das nove da Globo fugiu do roteiro original diversas vezes na hora de mostrar cenas e falas cruéis e dramáticas e preferiu não tocar terror no público.
Ao longo da trama, algumas mudanças ocorreram na forma como as cenas chegaram ao telespectador do horário nobre, seja em relação à primeira versão ou ao que previa o próprio roteiro entregue aos atores para as gravações, ao qual o Notícias da TV teve acesso durante a exibição da novela.
Um dos momentos mais marcantes da história lá atrás foi a castração de Alcides (Ângelo Antônio, à época). Na ocasião, a cena deixou uma reação estrondosa não só no público, mas também no elenco do folhetim.
O momento em que Tenório (Antônio Petrin, na 1ª versão) cortava fora o órgão genital de seu rival chegou a ser rejeitado pelo público de tão sangrento e horripilante. A gritaria foi tanta, que levou o escritor a mudar os rumos da narrativa e dizer que, na verdade, o malvado teria errado a mira.
A cena se tornou dúvida para a nova versão, houve um mistério se ela iria ou não ao ar, e, por fim, a sequência do castigo de Tenório (Murilo Benício) a Alcides (Juliano Cazarré) rolou. Confirmada pelo próprio intérprete do peão durante participação no Mais Você, o drama ganhou uma nova roupagem.
Tão profundo e doloroso quanto a castração, a violência do vilão ao boiadeiro dessa vez foi substituída por um estupro. Com a tortura, Alcides do remake conseguiu demonstrar terror psicológico ao telespectador por meio de seus sofridos berros e uivos --menos estrondosos do que previa o roteiro. Ele passou a se sentir menos homem diante do ex-marido de Maria Bruaca (Isabel Teixeira), mas sem espantar o público visualmente.
Alcides ficou arrasado com estupro
O fazendeiro cruel e o empregado traidor também estiveram envolvidos em outra cena que chegou ao público de 2022 mais leve: a morte de Tenório. Em 1990, o trágico fim do crápula chocou o telespectador da Manchete ao exibir com detalhes e muito sangue o momento em que Alcides enfiou a zagaia em seu ex-chefe.
No remake, Tenório também viu a lança atravessar seu bucho. No entanto, a direção da novela reproduziu a sequência sem focar no instrumento sendo introduzido no grileiro, optando por mostrar a cara de dor do personagem de Murilo Benício. Além do sangue, a nova cena também abriu mão de gritos de dor, sendo exibida de forma mais conceitual ao telespectador.
Outra mudança em relação à versão original foi o percurso do vilão até o rio. Em 1990, Tenório foi arrastado pelo próprio Alcides para as águas. Agora, Bruno Luperi, responsável pela adaptação, inseriu na sequência a participação do Velho do Rio (Osmar Prado) transformado em sucuri. O momento em que a cobra atacou o mau-caráter, entretanto, ficou longe de ser horripilante.
Final do vilão não teve sangue
Além das cenas marcantes envolvendo os dois personagens, o remake de Pantanal também fugiu do roteiro em outros momentos. Um deles foi a morte de Roberto (Cauê Campos). Lá atrás, o filho de Zuleica (Rosamaria Murtinho) realmente foi engolido por uma sucuri. Dessa vez, Solano (Rafa Sieg) o afogou e inventou que o garoto havia virado comida de cobra.
A suavização desta parte da história, entretanto, veio com a cena posterior ao crime. Para se livrar da espécie supostamente responsável pela morte do garoto, o pistoleiro abateu todos os animais da região do bioma a mando do patrão. O pedido era para que deixasse os bichos "abertos e ensanguentados".
Na hora de ir ao ar, contudo, o folhetim pisou no freio e não exibiu nem metade do que o jagunço jurou que faria com as danadas. É que o autor pontuou no script que não enaltecessem a violência contra as cobras, que nas gravações foram representadas por réplicas sintéticas dos animais.
Enquanto isso, personagens da trama como Zuleica (Aline Borges), se revoltaram com a atitude de Solano. A enfermeira chegou a dizer, em cena, que sucuri "é um bicho manso" e que não deveria ser eliminada.
Outra fuga do roteiro que também veio de Zuleica aconteceu enquanto a personagem falava sobre um estuprador de seu passado. O momento em que a mulher detalhou a morte do crápula chegou ao ar diferente. No roteiro, ela contaria que o sujeito foi encontrado morto com o próprio pênis na boca.
Porém, ela acabou contando que ele morreu em um acidente e "foi encontrado preso nas ferragens do carro". A segunda mulher de Tenório também ganhou algumas tesouradas ao longo da trama em seus dramas.
Em uma das cenas de discussão com Marcelo (Lucas Leto), as falas da sofredora ganharam vários "eu te amo" e menos sofrimentos, diferente do que estava previsto no script.
Marcelo também foi alvo de cortes. Enquanto ainda pensava ser irmão de Guta (Julia Dalavia) o rapaz beijaria a suposta irmã em uma cena de afeto a céu aberto. O trecho, previsto no roteiro, foi excluído pela Globo, assim como a primeira vez dos pombinhos.
Marcelo e Guta não arderam em chamas
Já livres da culpa por não serem irmãos, os dois finalmente se pegaram. No script, Luperi havia sinalizado que eles transariam "feito animais". Na TV, o casal surgiu bem morno para evitar insinuações de incesto, já que, mesmo sem sangue, eram irmãos de criação.
Outro momento gravado de forma distinta do papel foi o assédio de Renato (Gabriel Santana) a Zefa (Paula Barbosa). Em vez de agarrar a empregada, como previa o texto, o rapaz surgiu com assédio verbal. Mesmo assim, ele levou um tabefe na cara da personagem.
Escrita por Benedito Ruy Barbosa, a novela Pantanal foi exibida em 1990 pela extinta Manchete (1983-1999). O remake da Globo é adaptado por Bruno Luperi, neto do autor. Em outubro, a emissora vai estrear Travessia, trama de Gloria Perez.
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