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MEMÓRIA DA TV

Há 20 anos, problemas em Laços de Família deram muita dor de cabeça para a Globo

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Edu (Reynaldo Gianecchini) e Helena (Vera Fischer) com roupas de gala em cena da novela Laços de Família

Edu (Reynaldo Gianecchini) e Helena (Vera Fischer) protagonizam Laços de Família; de volta à Globo

THELL DE CASTRO

Publicado em 6/9/2020 - 7h13

Um dos grandes sucessos da história da Globo, Laços de Família volta ao ar no Vale a Pena Ver de Novo nesta segunda-feira (7). A trama escrita por Manoel Carlos obteve altos índices de audiência na época de sua exibição original, entre 2000 e 2001, mas também deu muitas dores de cabeça para a emissora, que teve problemas com atores mirins, disputas judiciais e protestos religiosos, entre outros.

Antes mesmo da estreia, houve uma pendenga na Justiça entre a Globo e a autora Solange Castro Neves, então na Record. Em junho de 1999, ela entregou uma sinopse à direção da emissora de Edir Macedo que se chamava, justamente, Laços de Família. Mas o INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) atestou que a Globo tinha registrado o título antes. Solange acabou tendo que mudar o título de sua trama para Marcas da Paixão (2000).

Depois que entrou no ar, Laços de Família passou a ser criticada por organizações moralistas, Igreja Católica e uma parte do público por conta da "glamourização" das garotas de programa, no caso das personagens Capitu (Giovanna Antonelli) e Simone (Vanessa Mesquita).

Vale ressaltar que, num dos primeiros testes de elenco, o diretor Ricardo Waddington pensou em inverter os papéis, mas, posteriormente, analisou os perfis e decidiu mantê-los assim mesmo, por conta do ar maternal de Antonelli, que acabou ganhando projeção nacional.

Por esse e outros motivos, como o triângulo amoroso envolvendo Helena (Vera Fischer), Camila (Carolina Dieckmann) e Edu (Reynaldo Gianecchini), houve um veto da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) às gravações da novela em qualquer uma de suas paróquias.

Sem menores em cena

Posteriormente, foi a vez de entrar em cena a briga da emissora com o juiz Siro Darlan, que simplesmente proibiu a participação de menores de 18 anos nas gravações por conta das cenas de sexo e violência. Ele também determinou a alteração do horário da produção, permitindo sua exibição somente a partir das 21h.

A pequena Larissa Honorato, que vivia Nina, filha de Fred (Luigi Baricelli) e Clara (Regiane Alves), foi substituída por Julia Magessi após sofrer um trauma psicológico durante a realização de uma cena de intensa discussão entre os dois personagens. Isso contribuiu para Darlan tomar suas providências.

Com o veto, personagens como a própria Nina e Raquel (Carla Diaz), filha de Ivete (Soraya Ravenle) e Viriato (Zé Victor Castiel), acabaram ficando fora do set por um bom tempo, até que fosse fechado um acordo. A única menor de idade que permanecia no ar era Júlia Almeida, filha de Manoel Carlos, que vivia Estela, a irmã de Edu, e continuou na trama por conta de uma ação judicial impetrada pelo autor.

E não acaba...

Se não fosse o bastante, Laços de Família ainda enfrentou problemas com o Departamento Nacional de Trânsito, que protestou contra a cena em que Íris (Deborah Secco) dirige perigosamente pelas ruas do Rio de Janeiro.

Para completar, o cantor João Gilberto (1931-2019) resolveu processar a Globo por conta do tema de abertura, Corcovado, que, segundo ele, foi incluído na trilha sonora sem sua autorização. Mas, neste caso, a Som Livre já havia se entendido com a gravadora Universal, e a utilização pode prosseguir sem maiores problemas.

Exibida entre 5 de junho de 2000 e 3 de fevereiro de 2001, em 209 capítulos, a trama chegou a registrar 79% de share (total de aparelhos ligados) na cena em que Camila raspa o cabelo por conta da leucemia.

Além disso, fez sucesso no próprio Vale a Pena Ver de Novo, em 2005, e no canal Viva, em 2016. Não é para menos que a Globo resgatou a novela para tentar manter os bons índices de audiência de Êta Mundo Bom! na faixa.


THELL DE CASTROé jornalista, editor do site TV História e autor do livro Dicionário da Televisão Brasileira. Siga no Twitter: @thelldecastro


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