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A VEZ DOS COROAS

Record aposta em caras novas, mas Gênesis só dá caldo com 'panela velha'

FOTOS: REPRODUÇÃO/RECORD

À esquerda, a atriz Carla Marins como Adália faz menção de beijar o ator Marcos Winter, à esquerda como Massá, em cena de Gênesis

Adália (Carla Marins) e Massá (Marcos Winter) em Gênesis; casal rouba a cena no folhetim bíblico

DANIEL FARAD

vilela@noticiasdatv.com

Publicado em 30/5/2021 - 7h20

A Record parece ter gasto dinheiro à toa para convencer jovens atores a trocarem os papéis de pouco destaque na Globo por uma chance em Gênesis. Mesmo com milhões de seguidores nas redes, nenhum dos novinhos conseguiu fazer o público cair de amores por seus personagens tanto quanto os "cinquentões" Carla Marins e Marcos Winter. O romance entre Adália e Massá roubou a cena e teve direito até a final feliz antecipado no folhetim bíblico da Record.

A emissora investiu alto para ter rostos conhecidos da concorrência no folhetim. Com menos dinheiro e prestígio do que no passado, quando "roubou" nomes como Gabriel Braga Nunes, Márcio Garcia e Paloma Duarte da líder de audiência, a TV de Edir Macedo precisou se contentar com atores menos experientes --e bem mais em conta.

As apostas, até agora, passaram em brancas nuvens. Pâmela Tomé e Pablo Morais ficaram em segundo plano diante dos efeitos especiais da destruição da Torre de Babel. Laryssa Ayres não empolgou como a versão mais jovem de Sara, que passou a ser defendida por Adriana Garambone na idade adulta.

Alguns deles, inclusive, já começam a migrar de volta para a Globo, a exemplo de Maria Joana. A intérprete deu mais certo na Dança dos Famosos, com uma vaga na semifinal assegurada, do que como Enlila, a rainha de Ur, na produção escrita por Camilo Pellegrini, Stephanie Ribeiro e Raphaela Castro.

O engajamento no Instagram não se repetiu na repercussão aguardada pela Record, mas duas "pratas da casa" pegaram os diretores de surpresa ao se tornarem "queridinhos'' nas redes. A química entre Carla e Winter deu tão certo que eles se tornaram uma espécie de Romeu e Julieta de cabelos brancos dentro da novela.

REPRODUÇÃO/RECORD

Adália e Massá em Gênesis, na Record

Amor proibido

O texto de Gênesis não é lá nenhum primor, mas os roteiristas acertam ao reciclar o drama dos dois amantes separados pelo destino. Uma história praticamente tão velha quanto a humanidade, que fascina gerações desde quando os gregos se encantaram pelo mito de Píramo e Tisbe, passando pelas cartas de Abelardo a Heloísa ou pelo afeto de Tristão por Isolda.

Os nomes mudam e sucedem ao longo dos séculos, mas Adália e Massá carregam um arquétipo muito fácil para o espectador se identificar em uma trama complicada, cheia de penduricalhos e com sete fases não necessariamente relacionadas entre si.

O personagem de Marcos Winter começa como um bandido que toca o terror em Ur e tem o rosto marcado pelas unhas da irmã de Sara (Adriana Garambone). Com o passar do tempo, ele consegue se regenerar com a ajuda de Abraão (Zécarlos Machado), mas já é tarde demais --Adália acaba se casando com Tauro (Fernando Val) e dando à luz Gael (Guilherme Boury).

A condução da narrativa acerta em cheio ao fazer concessões ao público mais fiel às novelas bíblicas, em geral conservador, que vê como virtude o fato de Adália esperar o marido morrer para só depois de 12 anos dar uma chance para Massá. O casal espera pacientemente o "tempo de Deus", cumprindo a dupla função de entreter e edificar o telespectador.

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Almeida e Clotilde em Éramos Seis, na Globo

Faixa etária

O envelhecimento do público que assiste à televisão aberta, um fenômeno que se arrasta desde 2015, também é fundamental para o sucesso de Adália e Massá. Um espectador mais velho não necessariamente tem interesse nos dramas de uma mocinha pueril e inocente, mas gosta de se ver na mulher vivida que dá uma segunda chance para o amor.

A Globo já tinha experimentado de perto essa tendência em Éramos Seis (2019), quando também viu os casais formados por atores mais jovens serem eclipsados pelos experientes. A própria Lola (Gloria Pires) quebrou uma maldição de sete décadas, escapou dos dias de solidão em um convento e foi feliz ao lado de Afonso (Cássio Gabus Mendes).

Clotilde (Simone Spoladore), no entanto, é a personagem mais simbólica desse processo que deve ganhar ainda mais força nos próximos anos. O romance entre a solteirona e Almeida (Ricardo Pereira) ultrapassou faixas etárias, ganhou contas dedicadas ao casal no Instagram e não saiu dos trending topics do Twitter.


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