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NU COM A MÃO NO BOLSO

De Pantanal aos algoritmos: Por que a nudez virou vergonha para o público?

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

A atriz Isabel Teixeira, a Bruaca, coberta parcialmente com um vestido tem a visão bloqueada por Juliano Cazarré, o Alcides, em cena de Pantanal

Nua, Bruaca (Isabel Teixeira) é defendida pelo peão Alcides (Juliano Cazarré) em Pantanal

DANIEL FARAD

vilela@noticiasdatv.com

Publicado em 1/6/2022 - 6h35

Uma das principais dúvidas desde que o remake de Pantanal foi anunciado era como a Globo trataria as cenas de nudez, um dos principais atrativos para a audiência da versão original em 1990. A emissora optou por mantê-las um tanto mais comportadas, com o corpo fora da vista ou parcialmente coberto --reforçando um tabu do público com a sexualização do nu.

A televisão obviamente cometeu uma série de excessos que levaram à extinção dos peladões nas últimas duas décadas. O telespectador também tem uma parcela de culpa com uma guinada conservadora e não só em relação aos seios e bumbuns --obrigando o folhetim de Bruno Luperi até a ser "menos político" que o de Benedito Ruy Barbosa.

O envelhecimento do público da TV, composto hoje por uma parte significativa de idosos, por si só não explica o fenômeno. Uma pesquisa do instituto Idea mostrou que os jovens estão menos progressistas que os de outras gerações em temas que vão dos direitos das mulheres aos armamentos.

Essa virada é importante para compreender o porquê de a nudez ter virado praticamente um sinônimo para o sexo não só na ficção. Uma parte considerável das redes sociais, como o Facebook e o Instagram, é capaz de retirar do ar qualquer foto de um mamilo feminino --mesmo que seja de uma mãe amamentando o filho.

O ator Marcelo Varzea, por exemplo, enfrentou problemas com as plataformas para divulgar a peça O que Meu Corpo Nu te Conta?. O espetáculo ainda nem havia estreado, e o coletivo Impermanente já havia sido alvo de críticas por colocar intérpretes nus para debater questões que nem de longe falavam sobre sexo.

"[Elas] derrubam fotos que não têm nem bunda, nem mamilos, muito menos genitálias. E automaticamente por causa das palavras corpo nu escritas em sequência e [ainda] tem as denúncias de pornografia. Uma das imagens são as barrigas de três pessoas com tons de pele diferentes. Só as laterais dessa barriga. E todas as vezes as pessoas denunciam", explica ele ao Notícias da TV.

SAULO SEGRETTO/DIVULGAÇÃO

O ator Marcelo Varzea

O ator Marcelo Varzea

O público é tarado?

Varzea lembra que o grupo fez alguns ensaios abertos em dezembro e se surpreendeu com a repercussão. "Fomos achincalhados. A esquerda radical chateada que o coletivo não abarca todos os tipos de corpos, existências e etnias. E os conservadores, por outro lado, não conseguem conceber que num espetáculo com 12 corpos nus não há nem um segundo de erotismo. E não há", frisa.

Varzea conta que a proposta era justamente desmistificar o nu. "Não tem nada de sexual e nem nada para agredir ou chocar. Falamos sobre cicatrizes, dores, medos, descobertas, vícios e tantas outras coisas. Quem sentir algo de erótico pode ir ao médico correndo", ressalta.

A nudez associada sempre ao sexo é uma das principais questões para o artista. "Eu acho essa gente muito tarada. Deus me livre dessa gente que mistura política com Estado e sonha uma nação evangélica. Estou fora", arremata ele.

O nu sempre causou reações acaloradas no público, mas essa associação erótica é um fenômeno consideravelmente recente. O bumbum de Vinícius Manne deu o que falar como o centro das atenções da abertura de Brega & Chique (1987), mas não foi coberta por uma folha de parreira por reclamações de telespectadores --e, sim, por intervenção da Censura Federal.

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

A atriz Isabel Teixeira caracterizada como Maria Bruaca em Pantanal

Maria Bruaca (Isabel Teixeira) em Pantanal

Nu contra o tabu

A Globo até usa o termo "nua" para se referir a banhos de rio de Bruaca, que entrou com uma lingerie que cobria a maior parte do corpo na água. Por mais que houvesse uma intenção sexual na cena, já que Alcides estava de olho na patroa, a nudez de Isabel Teixeira nem de longe seria um mero artifício.

Uma cena em que a atriz de 48 anos topasse mostrar os seios seria muito mais do que uma artimanha para fazer a audiência subir. Ela ajudaria a construir a narrativa de liberdade da própria personagem, mas também do grupo de mulheres que representa --e que sempre tiveram uma série de questões com os próprios corpos.

Isabel, aliás, até já disse que entraria no jogo. "E tem outra questão também: vou poder mostrar o meu nu, com o peito caído, no horário nobre? Isso sim seria revolucionário. Por que se diz que é feio o que é caído? É isso que vai acontecer com todas nós", disparou ela, em entrevista ao UOL.


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