SUCESSOS E FLOPS
CAUIA FRANCO/ TV GLOBO
Santo (Domingos Montagner) em cena de Velho Chico; morte trágica do ator foi um baque para o Brasil
Às vésperas do encerramento de mais uma década, as novelas seguem como o principal produto da TV brasileira. Entre 2011 e 2020, a Globo manteve sua hegemonia no gênero, mas viu a concorrência crescer com histórias segmentadas: no SBT, as adaptações infantis; na Record, as bíblicas.
O Notícias da TV fez uma seleção de tramas que marcaram os últimos dez anos, o que inclui uma tragédia durante a exibição de Velho Chico (2016) e a vitória da Record em cima da Globo com Os Dez Mandamentos (2015).
Os sucessos não poderiam ficar de fora, mas também é necessário lembrar das histórias problemáticas. Confira as novelas que entraram para história:
ESTEVAM AVELLAR/ TV GLOBO
Rivalidade de Carminha e Nina fez sucesso
Avenida Brasil (2012), trama de vingança criada por João Emanuel Carneiro, era centrada nos embates entre Nina (Débora Falabella) e Carminha (Adriana Esteves). A história comoveu o púlico e foi notícia até no Jornal Nacional de 19 de outubro de 2012, que destacou que "milhões de brasileiros se apressaram para não perder o último capítulo da novela". E não era mentira.
O sucesso do folhetim também ecoou ao redor do mundo. Na Argentina, o final de Avenida Brasil foi tratado como um espetáculo: com a presença de parte do elenco --incluindo Débora Falabella e Cauã Reymond-- cerca de dez mil pessoas compareceram ao evento realizado em um estádio de futebol. Até abril de 2020, a trama já tinha sido vendida para mais de 150 países.
matheus cabral/ tv globo
O trio de Marias se deu bem na faixa das 19h
Trama que marcou a estreia de Filipe Miguez e Izabel de Oliveira como autores titulares na Globo em 2012, Cheias de Charme contou a história três empregadas que se tornaram cantoras. Durante a novela, TV e internet dialogaram, potencializando o alcance do folhetim.
Se na ficção, o clipe de Vida de Empreguete vazou acidentalmente em plataformas digitais, na vida real, a música foi lançada primeiro na web. Além dos 12 milhões de acessos contabilizados pelo projeto Memória Globo, destacam-se as paródias criadas pelos telespectadores.
ESTEVAM AVELLAR/ TV GLOBO
Mateus Solano e Thiago Fragoso em Amor à Vida
Goste você ou não do estilo de Walcyr Carrasco, não se pode negar que suas tramas repercutem e dão audiência em todas as faixas. Em sua estreia na faixa das 21h em 2013, o autor contou a história de Félix (Mateus Solano), um homem ambicioso --que escondia sua orientação sexual-- e caiu nas graças do público, apesar de suas maldades, como abandonar a sobrinha recém-nascida em uma caçamba de lixo.
Após suas armações serem desmascaradas, teve início o processo de redenção do vilão, que acabou encontrando o amor nos braços de Niko (Thiago Fragoso). Os dois atores, aliás, protagonizaram o primeiro beijo gay das novelas, oito anos depois de a Globo vetar a cena gravada por Bruno Gagliasso e Erom Cordeiro para América (2005).
ESTEVAM AVELLAR/ TV GLOBO
Das ruas ao luxo, história de Eliza cativou
Totalmente Demais, em 2015, marcou a estreia da dupla Rosane Svartman e Paulo Halm na faixa das 19h. O conto de fadas moderno mostrou a ascensão de Eliza (Marina Ruy Barbosa), uma florista de origem humilde que venceu o concurso Garota Totalmente Demais e se tornou uma modelo internacional.
A leveza que deu o tom em boa parte da novela foi determinante para que a Globo apostasse na reprise dela neste ano, quando as gravações de Salve-se Quem Puder foram paralisadas por conta da pandemia de Covid-19. A trama, que já havia alcançado bons resultados, conseguiu superar sua exibição original: foram 29,6 pontos na reapresentação, ante 27,4 pontos em 2015.
ESTEVAM AVELLAR/ TV GLOBO
Adriana Esteves e Gloria Pires em Babilônia
Trama escrita por Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga, Babilônia (2015) era centrada em três mulheres cujas vidas foram conectadas por um crime: Beatriz (Gloria Pires), Inês (Adriana Esteves) e Regina (Camila Pitanga). No primeiro capítulo, o beijo lésbico entre Estela (Nathalia Timberg) e Teresa (Fernanda Montenegro) escandalizou a audiência mais conservadora.
Para tentar recuperar o ibope, a Globo realizou uma série de intervenções, que acabaram descaracterizando os perfis de vários personagens. Capítulos foram reeditados para acelerar acontecimentos. Gilberto Braga reconheceu que era uma "humilhação pública diária" dar menos audiência do que a novela das 19h, I Love Paraisópolis (2015). Babilônia encerrou sua trajetória com apenas 25,4 pontos de média em São Paulo, a pior de todos os tempos.
cauia franco/ tv globo
Camila Pitanta contracena com Montagner
Velho Chico (2016), de Benedito Ruy Barbosa, furou a fila das 21h para mudar a ambientação do horário nobre, que vinha de seguidas tramas urbanas. Mas a estética adotada pelo diretor Luiz Fernando Carvalho causou um estranhamento no público, ajudando a inviabilizar a comercialização da trama no mercado internacional. Como exemplos práticos, podemos citar os figurinos exóticos e a peruca usados por Afrânio (Antônio Fagundes).
Porém, a grande lembrança que o público guardou da novela foi a trágica morte de seu protagonista, Domingos Montagner (1962-2016). Em 15 de setembro de 2016, já na reta final das gravações, o ator mergulhou nas águas do Rio São Francisco e se afogou. Ele estava acompanhado por Camila Pitanga, seu par romântico na trama.
RAMON VASCONCELLOS/ TV GLOBO
Romance do casal principal não vingou
Apesar de ter várias obras no currículo, A Lei do Amor (2016) foi a primeira incursão de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari às 21h como autores titulares. Com um elenco numeroso --a novela começou com 68 atores escalados-- a história de amor entre Helô (Isabelle Drummond/Cláudia Abreu) e Pedro (Chay Suede/Reynaldo Gianecchini) não teve forças para segurar o público.
A Globo, então, deflagrou uma "operação salvamento". Antes do capítulo 100, 22 atores já haviam deixado a trama. A justificativa oficial era cortar "gorduras" para priorizar o conflito central. Assim como em Babilônia, no entanto, a estratégia não funcionou, e a trama --a última de José Mayer na Globo, antes da acusação de assédio sexual vir à tona-- teve média de 27,2 pontos.
estevam avellar/ tv globo
Eduardo Moscovis virava o gato León
Folhetim que marcou o retorno de Aguinaldo Silva ao realismo mágico, O Sétimo Guardião (2018) rendeu dor de cabeça antes mesmo da estreia. Isso porque a sua sinopse foi concebida em um curso de roteiros. Um dos alunos, Silvio Cerceau, foi à justiça para ter seu nome creditado na abertura da novela. Por conta do impasse, a exibição quase foi cancelada.
Mas essa não foi a única maldição que acometeu a trama do gato León: surgiu uma incompatibilidade entre o texto de Aguinaldo Silva e o estilo do diretor Rogério Gomes. Além disso, a trama teve vários bafões envolvendo os atores, como a discussão entre Marina Ruy Barbosa e Lilia Cabral e o fato de a ruiva ter sido apontada como pivô da separação de José Loreto.
DIVULGAÇÃO/ SBT
Trama infantil se tornou carro-chefe do SBT
Canal que sempre foi reconhecido por dar visibilidade às tramas mexicanas, o SBT descobriu um novo filão em 2012, quando decidiu produzir a versão brasileira de Carrossel. A adaptação de Íris Abravanel --que teve Rosane Mulholand como a professora Helena e ainda alçou Larissa Manoela ao estrelato, como a mimada Maria Joaquina-- alcançou média geral de 12,0 pontos na Grande São Paulo.
Além de consolidar a vice-liderança, a novela se revelou um bom negócio para o departamento comercial: vários produtos foram licenciados. O sucesso de Carrossel encorajou o SBT a continuar apostando em adaptações infantis. Todas compartilham de algumas características em comum, como um grande número de capítulos para diluir os custos e também as várias reprises.
reprodução/record
Guilherme Winter foi protagonista da novela
Se o SBT descobriu a fórmula do sucesso com as adaptações infantis, na Record as tramas baseadas em passagens bíblicas representam um grande marco na dramaturgia da emissora nesta década.
A adaptação de Vivian de Oliveira, que reconta a trajetória do profeta Moisés (Guilherme Winter), O Dez Mandamentos (2015) entrou no ar uma semana depois de Babilônia, da Globo, e se beneficiou com a rejeição a trama rival.
Mas o maior feito de Os Dez Mandamentos, no entanto, aconteceu já contra A Regra do Jogo (2015), de João Emanuel Carneiro. O capítulo de 10 de novembro, centrado na abertura do Mar Vermelho, atingiu 28,1 pontos de média na Grande São Paulo. No confronto direto, a Record abriu sete pontos de vantagem sobre a Globo.
Empolgada com a façanha, a emissora anunciou uma segunda temporada e ainda converteu a novela em filme. Nenhuma das produções bíblicas exibidas depois, no entanto, chegou perto de repetir tal façanha.
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