Christian perde tudo em Um Lugar ao Sol, mas Globo perde muito mais

Nesta sexta-feira (25), o público verá Christian (Cauã Reymond) ficar chupando dedo em Um Lugar ao Sol. O mocinho, que virou vilão, não é o único a ter um baita de um prejuízo. Quem mais se ferrou com a falta de estratégia na retomada das novelas totalmente inéditas das nove foi a Globo. Perdeu audiência, uma oportunidade de ouro de fazer história e deu a chance dos concorrentes lhe passarem a perna.

Cautelosa, a emissora fez esforços grandiosos para gravar a reta final de Amor de Mãe (2019) e retomar os trabalhos de Um Lugar ao Sol durante períodos bem complicados da crise sanitária que assola o mundo desde o começo de 2020. Os protocolos de segurança e todos os recursos criados para gravar um folhetim diante de tamanha dificuldade são elogiáveis, mas isso não aniquila os tropeços cometidos.

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Após três reprises na faixa das 21h --somente em abril de 2021 o horário teve 23 capítulos inéditos para fechar a história escrita por Manuela Dias --, a Globo optou por colocar no ar um obra totalmente gravada. A direção da emissora não trabalhou com um plano B, caso a trama fosse rejeitada.

Por mais que desse trabalho, ter uma segundo viés nessa história deveria ser algo colocado em prática. Contratos de atores terminaram, e eles mudaram seus visuais. Nem chance de regravar a reta final a autora Lícia Manzo e o diretor artístico Maurício Farias tinham. 

A emissora maltratou demais a novela que sai do ar nesta sexta-feira. O descaso no lançamento, as alterações de horário de exibição logo nas primeiras semanas, tudo parecia crônica de uma tragédia anunciada.

Até o fato de Lícia Manzo estrear na faixa nobre sem uma supervisão e os devidos cuidados para evitar que um fiasco ocorresse deveriam ter sido vistos antes de Um Lugar ao Sol adentrar milhões de domicílios país afora.

A novela amarga os piores índices de audiência das 21h desde a exibição de Babilônia em 2015, novela que foi tão mexida que chegou ao fim como um Frankenstein. Com Pantanal, a história é totalmente diferente, a emissora faz um verdadeiro bombardeio na programação para lançá-la, mas por que Um Lugar ao Sol não teve os mesmos esforços? 

João Miguel Júnior/tv globo

Alanis Guillen é Juma em Pantanal

Independentemente da troca de comando na alta cúpula, a Globo é uma empresa comercial. Os equívocos com a atual novela das nove só expõem o quanto pesquisas e estratégias precisam ser desenvolvidas para dar suporte aos novos produtos da emissora.

A concorrência na TV aberta está com o olho bem aberto. A Record cresceu no ano passado com Gênesis --gravada boa parte depois que a novela já estava no ar. Neste ano, com o temor da Globo em pôr Pantanal no ar em 14 de março, como estava previsto, a emissora de Edir Macedo partiu para cima e estreou Reis antes, na última terça-feira (22).

Até o SBT se mexeu rapidamente para Poliana Moça também chegar primeiro. A novela infantojuvenil estreou na segunda-feira (21). Isso sem falar no streaming, TV paga e outros formatos audiovisuais que estão conquistando cada vez mais o telespectador. 

O noveleiro de carteirinha, que adora terminar seu dia com um capítulo da sua novela da nove, está que nem o Christian nesse final de Um Lugar ao Sol, arrasado. 

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