Amor de Mãe marca passagem de tempo com 'contador de mortos' por Covid-19

Manuela Dias colocará o dedo na ferida ao inserir a pandemia em Amor de Mãe, que voltará com um compacto de seus principais momentos na próxima segunda (1º). A partir dos capítulos inéditos, a trama vai dar um salto temporal que mostrará a vida dos personagens de cabeça para baixo por conta da crise sanitária --a passagem, porém, não será medida em dias ou meses, mas pelo número de vítimas de Covid-19.

O primeiro capítulo inédito trará a marca de 9.000 mortos, que o Brasil atingiu em maio de 2020, para situar o público sobre o avanço do Sars-COV-2 dentro da história. A partir de então, a narrativa transcorrerá normalmente.

"Eu avancei seis meses para pular a parte em que as pessoas ainda estavam tentando entender [a doença], mas não podia colocar uma data para que a pandemia da ficção não se resolvesse antes da realidade", explica Manuela Dias ao Notícias da TV.

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A roteirista assume que relutou em inserir o vírus na narrativa, mas mudou de ideia para se manter fiel ao tom realista que foi o principal chamariz da novela das nove. "Ele entra [na trama] como foi na realidade, não respeitando nenhuma espécie de barreira social", adianta Manuela.

Ela também tomou a decisão a fim de facilitar a retomada das gravações nos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro, com o protocolo de segurança estabelecido pela emissora.

"Fiz tudo para facilitar essa situação de guerra, porque uma história sem fim é uma história que nunca existiu. Tudo que a novela não pedia era isolamento, afinal é uma mãe que está em busca de seu filho. Quem consegue procurar alguém dentro de casa? Então, a espinha dorsal virou um problema", pondera.

Ela precisou criar "bolhas" de convivência e evitar o cruzamento de núcleos, uma parte marcante de seu estilo narrativo, para diminuir o risco de contágio dentro do estúdio de gravação. Os atores, aliás, precisavam ficar pelo menos uma semana isolados em um hotel antes de gravar cenas que exigiam contato físico --como abraços, beijos ou mesmo um tapa.

Manuela afirma que o telespectador, no entanto, não notará qualquer diferença em frente às câmeras nos 23 capítulos que serão exibidos a partir do próximo dia 15. "A gente não vê o protocolo. Eu participo da edição e dá para perceber que todas as medidas ficaram realmente só nos bastidores", arremata a novelista.