TCHAU, QUIBI
Divulgação/Quibi
O ator Liam Hemsworth em cena da série de ação Most Dangerous Game, da plataforma Quibi
O Disney+ chega ao Brasil no próximo dia 17, com um ano de atraso em relação aos Estados Unidos. Mas a guerra do streaming já tem feito vítimas. A mais recente foi a plataforma Quibi, um fracasso bilionário capitaneado por Jeffrey Katzenberg, que teve passagem pela empresa do Mickey Mouse e fundou a Dreamworks com Steven Spielberg.
Com nomes de peso na frente e atrás das câmeras e um aporte de US$ 1,75 bilhão (R$ 9,8 bilhões) de investidores, o Quibi (lê-se cuibi) pretendia revolucionar o mercado televisivo. Mas sairá do ar em dezembro, apenas oito meses após seu lançamento e sem mudar nenhum hábito de consumo.
A ideia do Quibi até era interessante: os episódios de suas produções tinham duração curta, de cinco a dez minutos, para serem vistos no celular enquanto os assinantes estavam no transporte público ou na fila da lanchonete. Uma diversão para aqueles momentos em que um passatempo é mais do que bem-vindo --afinal, até os joguinhos para mobile cansam depois de um tempo.
Porém, a estreia em abril se mostrou um tiro na água. Boa parte da população estava trancada em casa, devido à pandemia do novo coronavírus, com mais tempo livre para assistir a conteúdos longos. Os executivos também não levaram em conta que muita gente não está disposta a pagar para ver vídeos no celular --o mesmo motivo já tinha levado o YouTube a desistir de suas séries originais para assinantes premium.
Mas a morte do Quibi está longe de significar o fim da guerra do streaming. Pelo contrário, o número de serviços do tipo só cresce, a ponto de ficar difícil acompanhar as plataformas que fujam da trinca Netflix, Prime Video e Globoplay. E Disney+, HBO Max e Paramount+ vêm aí para tumultuar a batalha.
Um importante executivo do Globoplay ouvido pelo Notícias da TV afirmou que o Quibi é um ponto fora da curva, que não deve ser levado em conta por outros serviços ou por seus assinantes como um "estouro da bolha".
"O Katzenberg usou o prestígio que acumulou em 40 anos de carreira pra levantar dinheiro de investidores pelo mundo. Mas o projeto dele era ruim. Apostar num serviço de streaming com foco no mobile foi arriscado e errado. As pessoas querem ver conteúdo de qualidade na tela grande. É assim com todo mundo", disse o executivo, que pediu para não ser identificado.
O profissional ainda pontuou que o mercado desconfia da longevidade da Netflix, que vem se endividando cada vez mais e, no último trimestre, cresceu sua base de clientes abaixo do esperado. "Há um bom debate sobre a sustentabilidade desse financiamento de conteúdo. Outros agentes não estão fazendo isso", considerou.
Os outros players, no caso, não precisam se endividar para produzir conteúdo porque contam com conglomerados bilionários ao seu lado --o Globoplay tem o Grupo Globo, o Prime Video tem a Amazon, o Apple TV+ é bancado pela empresa de tecnologia, o Paramount+ faz parte da Viacom, o HBO Max se escora na WarnerMedia, e por aí vai. A Netflix depende basicamente da receita das assinaturas para ficar no azul, algo que ela ainda está longe de conseguir.
Com o fim do Quibi decretado para 1º de dezembro, os fãs que assistem às produções da plataforma se perguntam o que vai acontecer com esse conteúdo. Afinal, algumas séries já tinham sido renovadas para novas temporadas.
Segundo o Wall Street Journal, os produtores por trás dos projetos estão livres para buscar novas casas para suas criações. Afinal, o Quibi não tinha nenhum produto 100% seu, apenas pagava (caro) para licenciar esse conteúdo de outras empresas. Assim, as segundas temporadas (encomendadas, mas não gravadas) da série de ação Most Dangerous Game e da comédia Die Hart podem parar na Netflix --que já fez algo parecido com Cobra Kai.
A equipe da série This Is Clickbait, que estava sendo rodada na Ucrânia, por exemplo, continuou gravando mesmo depois da notícia do fechamento do Quibi e de receber ordens para encerrar os trabalhos imediatamente. De acordo com o Deadline, a ideia é tentar vender o projeto para outra plataforma ou mesmo transformá-lo em um filme tradicional, que passaria no cinema.
Confira o trailer (sem legendas) de Most Dangerous Game, um dos poucos sucessos do Quibi:
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