BALANÇO DE 2019
Mauricio Fidalgo/TV Globo
Bruna Marquezine em cena de Deus Salve o Rei (2018): atriz foi dispensada após ficar mais de um ano parada
A política de cortes de despesas, demissões e renegociações de contratos da Globo rendeu uma economia de R$ 468 milhões no ano passado, o equivalente a quase metade de todo o faturamento do SBT de São Paulo. É o que mostra balanço contábil publicado pela emissora nesta semana. Na área de produção de novelas, séries, programas de entretenimento e jornalismo, a redução foi ainda maior, de R$ 587 milhões.
A TV Globo faturou no ano passado R$ 9,679 bilhões, 3,8% a menos do que os R$ 10,061 bilhões de 2018. Dessa forma, a emissora voltou a registrar queda no faturamento, uma tendência que havia sido interrompida no ano anterior.
Somando-se a TV Globo com a Globosat e a G2C (empresa que comercializa seus canais pagos), a receita do maior grupo de mídia nacional foi de R$ 14,091 bilhões, R$ 588 milhões a menos do que em 2018 (R$ 14,679 bilhões).
A Globo registrou um leve aumento nas despesas administrativas e com vendas. No ano passado, desembolsou R$ 1,176 bilhão com bonificações por volume (o chamado BV) às agências de publicidade.
Assim como em 2018, a emissora teve prejuízo operacional, ou seja, seus custos com produção e com investimentos em tecnologia e instalações foram maiores do que as receitas com publicidade e serviços. O resultado operacional líquido antes da contabilização do resultado financeiro e dos investimentos foi de R$ 573 milhões negativos, contra um déficit de R$ 530 milhões no ano anterior.
A emissora só teve lucro líquido de R$ 753 milhões graças ao resultado financeiro (R$ 320 milhões, fruto de aplicações de lucros acumulados em exercícios anteriores) e ao resultado de equivalência patrimonial (R$ 960 milhões), como são chamados os investimentos de uma empresa em coligadas.
O lucro líquido da Globo, contudo, foi 37% inferior ao R$ 1,2 bilhão de 2019. No balanço, os executivos atribuem o resultado a pesados investimentos em tecnologia e instalações, como o moderno complexo MG4, inaugurado em agosto.
Para manter sua política de investimentos e ainda baixar os gastos com novelas, séries, programas e jornalismo, a Globo demitiu funcionários, fundindo as estruturas da TV aberta com a paga e eliminando cargos sobrepostos, no Uma Só Globo.
A rede também renegociou contratos com artistas e apresentadores com altos salários, como Fernanda Montenegro e Galvão Bueno, e abriu mão até de estrelas como Bruna Marquezine, que alegou que iria estudar, e Bruno Gagliasso, agora na Netflix. Apesar de tudo isso, o grupo fechou 2019 com 15 mil colaboradores.
Apesar dos resultados aquém do esperado, a situação da Globo é tranquila. A companhia encerrou o ano com caixa de R$ 10,5 bilhões, 3% acima do apresentado em 2018. "Tomamos a decisão de manter o curso dos investimentos em conteúdo e tecnologia, para seguirmos em frente, sempre em movimento, mesmo num cenário em que as receitas não responderam da forma desejada", disse Manuel Belmar, diretor-geral de Finanças, em nota distribuída à imprensa.
Em dezembro, a dívida do grupo era de R$ 3,5 bilhões (na conversão do dólar da época), em títulos a vencer em 2022, 2025 e 2027. A dívida, portanto, era pouco mais de um terço do dinheiro em caixa. Em janeiro de 2020, a empresa negociou os títulos com vencimento em 2022 por novos para 2030. A operação foi tão bem-sucedida que a emissão foi ampliada de US$ 300 milhões para US$ 500 milhões.
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