THE CIRCLE BRASIL
REPRODUÇÃO/NETFLIX
Dumaresq em seu apartamento no reality show The Circle Brasil, em Manchester; artista de Natal quer a fama
GABRIEL PERLINE
Publicado em 19/3/2020 - 5h21
Em uma semana, Raphael Dumaresq saiu do completo anonimato para se tornar o personagem mais querido do público que devorou os episódios iniciais do reality The Circle Brasil, da Netflix. Com figurino espalhafatoso e um vocabulário único, o jovem de Natal (RN) conseguiu quebrar as barreiras do preconceito e superar a popularidade das modelos e dos saradões de baixo QI que costumam se destacar nesse tipo de programa.
"Sou bicha, nordestina e quero ser famosa", avisou ele logo no início da entrevista ao Notícias da TV. "Eu sabia que quando entrasse no programa duas coisas poderiam acontecer: ou iriam me amar de cara, ou me odiar. Não é todo mundo que respeita uma pessoa com o meu perfil. E acabei me surpreendendo com o respeito e a receptividade dos meus adversários."
Conquistar a fama é uma questão de tempo. Logo em seus primeiros dias no streaming, o reality ficou no top 10 da plataforma como uma das atrações mais vistas. Em oito dias, o Instagram de Dumaresq saltou de 5 mil para 32 mil seguidores --número anotado até a conclusão deste texto-- e ele já está colhendo os mimos de ser uma webcelebridade, indo a festas da noite paulistana como convidado VIP.
"Eu nem devia fazer isso por causa do coronavírus, mas fui ao shopping, o povo me reconheceu e não me aguentei. Fui e abracei, beijei. As pessoas me param pra dizer que estão torcendo por mim, tiram selfies. É algo que nunca imaginei que pudesse viver. Eu, uma bicha nordestina e fora dos padrões sendo reconhecida e tietada em São Paulo? Nem nos meus melhores sonhos", valoriza.
Na dinâmica do The Circle, os participantes não fazem contato físico e visual entre si em nenhum momento. Cada um é confinado dentro de um apartamento diferente e só pode se comunicar com os outros através de um sistema de troca de mensagens de texto. Mesmo com as limitações, ele se tornou o queridinho entre seus oponentes e também o porta-voz das minorias no programa.
Em um episódio, por exemplo, ele se irritou e teve uma discussão virtual com o participante mais velho da competição pelo fato de seu adversário ter perguntado a uma terceira competidora recém-chegada ao jogo se ela era transexual e se em seu documento de identidade constava seu nome masculino (que ele supôs ser o de batismo) ou o feminino (social).
"Um dos meus objetivos com o reality é que as pessoas conheçam melhor quem eu sou e como me posiciono diante dos fatos e discussões. Quero me tornar um ativista e porta-voz da comunidade LGBTQ+", comentou.
Dumaresq classificou sua entrada no The Circle como um acaso do destino. Uma de suas seguidoras havia visto o anúncio de inscrições abertas para o reality da Netflix e encaminhou para ele, mas foi ignorada. Depois, o mesmo anúncio surgiu na tela do seu celular enquanto deslizava pelo Instagram.
"Achei que era um chamado e resolvi me jogar. O questionário perguntava tudo o que você possa imaginar, até a cor do meu cocô", brincou. "Depois, fui selecionado para diversas etapas de entrevistas e me escolheram. Foi uma loucura. Num dia eu estava dura e lisa em Natal. No outro estava maravilhosa em Manchester [cidade da Inglaterra em que o reality foi gravado]", disse, aos risos.
Há duas semanas, ele trocou sua cidade por São Paulo para aproveitar melhor as oportunidades que espera surgir depois de passar um período confinado sob a tutela de Giovanna Ewbank, apresentadora do programa.
"Acabei de chegar [em São Paulo] e não parei desde então. Tenho ido a muitas festas, aproveitado a noite dessa cidade e me divertido com os demais participantes do reality show. Ficamos muito próximos depois que as gravações terminaram e estamos juntos em quase tudo", avisa.
A segunda leva de episódios inéditos do The Circle Brasil chegou à Netflix na quarta-feira (18). O terceiro e último pacote, que revelará o vencedor da temporada, será disponibilizado na plataforma de streaming em 25 de março.
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