MG4
Divulgação/TV Globo
João Roberto Marinho , Roberto Irineu Marinho e Jose Roberto Marinho na inauguração do MG4
DANIEL CASTRO, no Rio de Janeiro
Publicado em 9/8/2019 - 5h03
Atualizado em 9/8/2019 - 19h33
A Globo trabalha com previsão de resultado operacional negativo para os próximos três anos, informou ontem (8) Jorge Nóbrega, presidente executivo do grupo, na inauguração de um novo conjunto de estúdios, no Rio de Janeiro, com o que "há de mais moderno e avançado na indústria audiovisual do mundo".
O déficit será causado pelo investimento pesado em tecnologia e em conteúdo, a fim de fazer frente à Netiflix, Amazon e outras gigantes do streaming que virão. Nos próximos quatro anos, a emissora irá gastar R$ 4,2 bilhões anuais com a produção de entretenimento e R$ 1,1 bilhão anual com aquisição de equipamentos e softwares. Com isso, quer se tornar uma empresa de "media tech", com uso de dados e inteligência artificial para entregar o que o telespectador quer.
"Isso está levando a nossa base de custo a subir. A gente pode esperar e a gente vai sacrificar uma parte do nosso resultado operacional nos próximos três anos para financiar esse processo de transformação", disse Nóbrega a jornalistas convidados.
O sacrifício começou em 2017, quando a Globo começou a construir o MG4 (Módulo de Gravações 4), investimento de R$ 207 milhões, e aumentou a produção de séries. Nos últimos dois anos, a emissora teve resultado operacional negativo. Seus custos foram maiores do que as receitas, e a emissora só não teve prejuízo por causa dos ganhos com aplicações financeiras de lucros bilionários de exercícios anteriores, como antecipou o Notícias da TV.
No conjunto dos negócios de mídia eletrônica, o resultado operacional consolidado foi positivo nos últimos dois anos, graças à Globosat. Os dados financeiros atestam boa saúde, com o caixa crescendo e somando mais de R$ 10 bilhões e a dívida controlada no patamar de R$ 3 bilhões.
Pela fala de Nóbrega, os resultados operacionais negativos da TV Globo vão se repetir até 2021, quando deverá estar totalmente implantado o projeto Uma Só Globo, que, mais do que unificar a TV aberta com o cabo, promete mudar a forma como o grupo produz conteúdo.
divulgação/TV Globo
O novo conjunto de estúdios chamado de MG4, qe foi inaugurado pela Globo na quinta (8)
Inaugurado ontem, o MG4 é peça-chave desse processo de "grande transformação do grupo". Expandirá em 40% o poder de produção do antigo Projac, agora Estúdios Globo, onde já se produzem 3.000 horas de televisão por ano. Com três estúdios de 1.500 metros quadrados cada um, foi projetado para ser a melhor estrutura de produção de teledramaturgia do mundo.
O MG4 já está preparado para gravações em 4K, tem esquema anti-vazamento (celulares serão barrados nos sets), é todo ecologicamente correto e suas câmeras não terão fio, mas a principal inovação será mesmo no modo de produzir novelas. Com mais espaço (ao todo, a Globo agora tem 12,5 mil metros quadrados de estúdios), os cenários serão fixos, sem monta-desmonta para liberar espaço para outra gravação.
Com cenários fixos, dois fossos cênicos e paredes removíveis, os novos módulos permitem a integração de cenários e a gravação de planos-sequência que começam em um estúdio, atravessam outro e terminam em uma área externa de 4.000 metros quadrados, que também pode ser cenografada. Com mais recursos artísticos e criativos, a qualidade tende a melhorar.
Diretor-geral da TV Globo, Carlos Henrique Schroder contou que o projeto nasceu em 2014 e consumiu três anos de pesquisas, com visitas a estúdios como os CBS, BBC, Disney, Warner e Fox.
Simultaneamente, a emissora adotou um planejamento de longo prazo (já tem gente trabalhando em novela para 2023), investiu em novos autores (foram lançados 18 nomes) e repensou sua programação.
Séries com mais de 40 episódios por ano, como A Grande Família (2001-2014), deram lugar a produções mais curtas, de 10 a 13 capítulos, agora planejadas com dois anos de antecedência.
"Nós multiplicamos a quantidade de produtos. Hoje temos em média quatro produtos por faixa [de séries] por ano. O telespectador tem mais opção, pode eventualmente não gostar de determinado produto, mas daqui a pouco surge outra coisa [que o atrai]", disse Schroder.
Segundo o executivo, a Globo vai fechar este ano com 72 produtos lançados, 12 a mais do que em 2018. Seis das novas séries serão exclusivas, por um período de um a dois anos, do Globoplay, para onde todo o "futuro infinito" da Globo converge.
O jornalista Daniel Castro viajou a convite da TV Globo
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