EDNA PALATNIK
FABRÍCIO MOTA/TV GLOBO
Edna Palatnik estava na Globo desde 1998; executiva era última remanescente de estrutura anterior de criação
Uma das cabeças por trás da criação da área de acervo da Globo, Edna Palatnik deixou a emissora após 23 anos. Ela ocupava o cargo de chefia de conteúdo há cerca de um ano e meio e servia como "filtro" para as demandas que chegavam a José Luiz Villamarim e Ricardo Waddington. As suas funções serão assumidas pelo diretor de Entretenimento.
Aos 72 anos, Palatnik decidiu encerrar o ciclo profissional que se estendia desde 1998, quando ela retornou à antiga casa após um hiato de uma década.
Ela era responsável, sobretudo, pelo relacionamento com os autores e considerada uma das últimas remanescentes da estrutura anterior de criação --que contava com nomes como Carlos Henrique Schroder e Mônica Albuquerque.
A informação foi confirmada pela Globo. Segundo fontes do Notícias da TV, Edna não se adaptou à nova realidade da "líder de audiência" e foi diretamente impactada pela demissão de Silvio de Abreu. Ela tinha uma relação mais próxima e bem menos conturbada com o ex-diretor de dramaturgia do que com os seus sucessores.
A profissional foi fundamental para o processo de renovação de roteiristas iniciado por Abreu e que revelou titulares como Lícia Manzo (A Vida da Gente, Sete Vidas), Maria Helena Nascimento (Rock Story), Rosane Svartman e Paulo Halm (Totalmente Demais, Bom Sucesso), Claudia Souto (Pega Pega) e Manuela Dias (Amor de Mãe).
Nos últimos anos, ela participava da seleção de novos projetos e autores para Globo e Globoplay, e ficava envolvida principalmente no desenvolvimento de sinopses e leitura dos primeiros blocos de capítulos. Entre suas apostas mais recentes estão as séries Aruanas e Desalma, ambas com as segundas temporadas confirmadas para o serviço de streaming.
Edna Palatnik se formou em História e Museologia, com uma breve passagem pelo MAM (Museu de Arte Moderna), antes de propor a Walter Clark (1936-1997), então o principal executivo da Globo, a criação de um acervo de textos e imagens da empresa --oficialmente inaugurado em 1976
Ela liderou uma equipe de bibliotecários e jornalistas com a missão de documentar, registrar e catalogar a produção da emissora, num esforço que resultaria no Cedoc (Centro de Documentação), hoje chamado de Acervo Globo.
A executiva permaneceria à frente do departamento até 1983, quando se juntou a Dias Gomes (1922-1999) na Casa de Criação. O espaço era dedicado à troca de conhecimento e produção de dramaturgia, reunindo nomes como Ferreira Gullar (1930-2016), Aguinaldo Silva, Marcílio Moraes e Euclydes Marinho --base também para a fundação da Casa dos Roteiristas em 2017.
Em 1985, Edna se transferiu para a Manchete, onde atuou na criação de um departamento de Comunicação, além da produção de vinhetas, anúncios e aberturas de novelas. A experiência durou três anos, até que ela deixasse a TV para se dedicar a uma livraria na Gávea, bairro na zona sul do Rio de Janeiro.
A profissional só voltaria para a Globo em 1998, a pedido de Marluce Dias, que então atuava como diretora-geral, para trabalhar na dramaturgia. Ela organizou um catálogo de obras e de personagens, que facilitou o processo de caracterização, além de fazer a interlocução com nomes como Gloria Perez e Walcyr Carrasco.
Com a reformulação da DDA (Divisão de Desenvolvimento e Acompanhamento Artístico), Palatnik foi alçada a gerente de Desenvolvimento de Conteúdo de Dramaturgia em 2013. Além de avaliar sinopses, também passou a organizar um "cardápio" de atrações --sugerindo tramas e formatos não só para a televisão aberta, mas também para o digital.
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