GUERRA SUJA
THIAGO DURAN/AGNEWS
Rose Miriam com Marina, Sofia, João Augusto (ao fundo) e Maria do Céu, mãe de Gugu, no velório do apresentador
DANIEL CASTRO, ELBA KRISS e GABRIEL PERLINE
Publicado em 22/4/2020 - 5h36
A disputa pela herança bilionária de Gugu Liberato (1959-2019) virou uma guerra suja que já atinge os filhos do apresentador. Além da dor da perda e da exposição da vida privada do pai, João Augusto, de 18 anos, e as gêmeas Marina e Sofia, de 15, estão tendo de lidar com ataques contra as próprias imagens, com a divulgação de documentos que revelam que eles estão enfrentando problemas psicológicos.
Na semana passada, duas juízas de São Paulo determinaram a abertura de inquérito policial para investigar a quebra de sigilo e a suposta falsificação de documentos no processo em que Rose Miriam di Matteo reivindica o reconhecimento da união estável com Gugu e o direito a 50% da herança, de cerca de R$ 1 bilhão, que rachou as famílias Liberato e Di Matteo.
A investigação foi instaurada após o vazamento de um áudio atribuído ao filho mais velho, João Augusto, em que ele diz ter recebido ameaças de sua mãe e aparenta estar abalado. Também vieram a público outros documentos comprometedores para os herdeiros de Gugu.
A família Liberato emitiu um comunicado condenando a "divulgação criminosa de dados e provas protegidos por segredo de Justiça". O vazamento, segundo pessoas envolvidas, serviria a Rose Miriam, pois coloca em xeque a maturidade dos filhos do Gugu para lidar com a administração do espólio.
Nelson Wilians, advogado da mãe dos filhos de Gugu, rebate a especulação. "Saem notícias desfavoráveis a Rose Miriam também. Esse tipo de vazamento só atrapalha e não faz a menor diferença para o processo de reconhecimento de união estável. É uma exposição desnecessária, só serve para criar tumulto e desviar o foco", afirma.
Ele concorda com a investigação sobre os vazamentos. "Precisava mesmo saber, por que tem muita coisa do processo que vazou. Eu não fui, a Rose não foi. Foi alguém. Estranho, né?", argumenta ao Notícias da TV.
A desestruturação psicológica dos filhos do comunicador começou no dia do acidente, que culminou em sua morte. Abalada, a família Liberato inicialmente se organizou para respaldar os herdeiros nos Estados Unidos. Familiares se revezariam em viagens para Orlando para estarem próximos das "crianças".
Os planos foram por água abaixo quando Rose Miriam iniciou o processo de reconhecimento da união estável e direito a 50% da herança, em dezembro de 2019. Não havia clima para convivência na mansão de Gugu. O contato dos jovens com os Liberato se reduziu a ligações, mensagens e conferências em vídeo.
"Quando um pai morre, as crianças entram em estado de tristeza, muitas vezes chegam à depressão. Em cenários em que existem divergências entre familiares, a criança entra em conflito de lealdade. Na cabeça dela, se ela fica ao lado da mãe, ela se vira contra a família. E se fica ao lado da família, se volta contra a mãe", analisa a psicóloga Suzy Camacho.
"É nesse momento que a criança se aproxima de outros jovens rebeldes para que ela se sinta fortalecida. Dessa maneira, ela se alia a quem está de fora e não entra no conflito de lealdade", completa a profissional.
A rebeldia que surge quando a criança ou adolescente perde a figura masculina também é um ponto ressaltado por Juliana Guimarães, psicóloga especialista em luto e cofundadora da clínica Entreseres, de São Paulo.
"Os adolescentes não têm muitos recursos elaborados para lidar com adversidades. Quando estão envolvidos em momentos de vulnerabilidade e sofrimento intenso, fica ainda mais difícil usar estes recursos para lidar com estas circunstâncias", discorre.
Desde dezembro, os filhos de Gugu já encararam a revelação de um suposto namorado do pai, o chef Thiago Salvático; a expulsão do tio, Gianfrancesco di Matteo, que se "aboletou" na mansão em Orlando; e a divulgação de um documento que diz que eles foram gerados por meio de um acordo sem contato íntimo ou conjugal. A ladeira parece não ter fim.
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