KAROL LANNES
REPRODUÇÃO/TV GLOBO E REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
Karol Lannes em cena como Ágata em Avenida Brasil e em publicidade para seu Instagram; desabafo na web
Conhecida por ter interpretado Ágata em Avenida Brasil (2012), Karol Lannes, atualmente com 20 anos, revelou neste sábado (16), a sua versão com o motivo de ter saído da Globo. "Teria que emagrecer absurdamente", declarou ela ao dizer que essa era a condição para conseguir mais trabalhos como atriz.
A declaração foi feita em interação com seus seguidores no Tik Tok, Karol foi questionada por um internauta sobre seu afastamento da interpretação. "Qual o motivo de ter saído da TV?", perguntou um perfil.
"Então, tive um contrato bem grande com a Rede Globo. Fiz quatro novelas, filmes e participações. E quando esse contrato acabou e não foi renovado, um diretor chegou para mim e falou, para o meu pai na verdade, que eu teria que emagrecer absurdamente se quisesse fazer outro papel depois de Ágata de Avenida Brasil", respondeu.
Ela estreou na emissora em Duas Caras (2007). Depois, atuou em Ciranda de Pedra (2008), Tempos Modernos (2010) e seu trabalho como filha de Carminha (Adriana Esteves) foi o último na casa.
"O que aconteceu foi que não emagreci absurdamente. O único teste que me foi oferecido depois de Avenida Brasil foi para Malhação. Foi para fazer uma personagem gorda que sofria bullying. Decidi que não é isso que quero para a minha carreira", declarou.
"Tenho o sonho de voltar a atuar, mas acho que falta uma representatividade aí de que de mulheres gordas, atrizes gordas não tem que fazer papéis alegóricos de gordas que sofrem bullying, de rejeitada e de antes e depois. E que, sim, você pode ser uma mulher gorda e fazer uma vilã, uma protagonista, uma mocinha independente de seu corpo. Acho que corpo não define talento", frisou.
A jovem é DJ, professora de inglês e também é influenciadora digital atualmente. "Continuo trabalhando por aqui com as minhas mídias no que eu acredito com a representatividade que acho importante", disse.
No Instagram, Karol voltou a abordar o tema diante da repercussão da declaração sobre sua saída da TV. "Era uma coisa que, talvez, vocês não sabiam. Quando meu contrato acabou na novela, ele não foi renovado, e um diretor, que não vem ao caso. Não foi a Globo, foi um diretor específico. Ele chegou para o meu pai e falou que se eu emagrecesse absurdamente depois da Ágata, se não me livrasse do estigma da Ágata jamais faria outro papel", relembrou.
"Não é que ele afirmou isso. Ele falou isso. E isso, realmente, aconteceu. Nunca mais me foi oferecido nenhum teste. O único teste que me foi oferecido foi para Malhação. Eu fiz o teste. Fiz a primeira parte e passei. Quando li a parte do meu personagem, vi que era a cena de uma menina sofrendo bullying por ser gorda", contou.
Segundo a atriz, nesse momento, ela fez uma reflexão sobre seu percurso profissional e desabafou com a família. "Parei bem nesse dia, liguei para o meu pai, conversei, chorei, falei que não queria isso para a minha carreira. Eu não achava que só podia fazer um personagem porque tinha um corpo diferente. Que eu não era padrão e não podia fazer audição para uma vilã, mocinha ou para uma [personagem] principal", ressaltou.
"Eu tinha que ser a gorda que sofria bullying, a gorda que emagrecia e parava de sofrer bullying, a gorda insegura e as pessoas tinham que afirmar para ela que era boa o suficiente. Sabe esse tipo de papel que faz sucesso com gordas? Esse tipo de coisa me irrita. E, sim, não sei ao certo o exato motivo de eu estar fora da televisão até hoje. Mas esse foi o único teste que fiz", apontou.
Em seguida, Karol discursou sobre a importância da representatividade na televisão brasileira. "Demorei anos para falar isso porque nunca foi uma coisa que me incomodou. Mas depois que comecei a falar sobre tudo isso na internet, vi o quanto as mulheres se identificam com esse preconceito que, muitas vezes, a mídia incita", considerou.
"Se você só vê gorda sofrendo bullying, você acha que por ser gorda está disposta a sofrer bullying. E isso não é verdade. O papel da Ágata de Avenida Brasil ajudou muito na construção do meu caráter e autoestima. A Adriana [Esteves] e todo mundo me ajudava e me encorajava. Falavam que eu era bonita", relembrou.
"A minha pergunta é: quantas atrizes que não eram padrão fizeram papéis em que o fato dela não ser padrão não foi ressaltado de alguma maneira?", questionou.
A influenciadora usou a própria história para exemplificar o raciocínio que estava sugerindo aos internautas. "Só consigo ver representatividade de gordas que sofreram bullying ou que só pararam de sofrer bullying quando mudaram drasticamente ou que eram inseguras e outras personagens precisavam ficar reafirmando elas", listou.
"Eu não sabia que [sua revelação] tomaria essa proporção toda. Mas acho que se tem tantas pessoas que se identificam e que não se veem representadas na televisão, não é um problema só meu. É um problema de todo mundo. A mídia precisa prestar atenção na representatividade que está faltando", sugeriu.
"Negros não são empregados. Falta uma representatividade. Não é meu local de fala, mas sinto que falta tanto de raça quanto de corpo. Enfim, nem todas as pessoas se sentem representadas na mídia e isso é um fato", considerou.
Karol finalizou seu discurso assegurando que seguiria usando suas redes sociais para debater sobre o tema. "Estou feliz hoje em dia trabalhando com as minhas mídias na qual tenho a liberdade, a representatividade que acho que importa. É isso", encerrou.
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