CURA E CRIME
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João de Deus no documentário Cura e Crime, disponível na Netflix a partir desta quarta (25)
Mais de um ano depois da estreia de Em Nome de Deus no Globoplay, a Netflix lança a série documental João de Deus: Cura e Crime. A produção fica disponível para os assinantes do serviço de streaming nesta quarta-feira (25). Para se diferenciar da rival brasileira, a empresa norte-americana promete entregar entrevistas exclusivas e materiais inéditos sobre o médium.
Nas prévias reveladas pela Netflix, é possível identificar que a equipe de documentaristas visitou a Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO), para mostrar como o curandeiro entrou para o crime e passou a atuar como um gângster na cidade.
Investigado desde 2018, João de Deus está condenado atualmente a mais de 64 anos de prisão por três diferentes delitos: posse ilegal de arma de fogo; crimes sexuais; e violação sexual mediante fraude. O andamento dos casos corre em segredo de Justiça.
Ao todo, o médium já foi alvo de 15 diferentes denúncias pelo Ministério Público. A mais recente foi apresentada no último dia 13. O MP de Goiás entendeu que ele cometeu estupro de vulnerável contra oito mulheres --além das outras dezenas de processos que já estão em tramitação judicial.
O curandeiro de 79 anos sempre negou todas as acusações. Desde março de 2020, ele cumpre prisão domiciliar na casa que tem em Anápolis, a aproximadamente 50 quilômetros de Goiânia.
Dirigido por Maurício Dias e Tatiana Villela, João de Deus: Cura e Crime teve a estreia adiada em mais de um ano por conta do documentário do Globoplay, lançado em junho de 2020.
Em fevereiro do ano passado, já existia a informação de que a Netflix estava com uma produção sobre a trajetória do homem acusado de estupro. Nesse período de 14 meses, a equipe do serviço de streaming norte-americano procurou novidades sobre o caso, com entrevistas diferentes e materiais que não foram mostrados pela Globo.
No trailer, é possível ver que João de Deus aceitou conversar sobre o caso com a Netflix. Em uma cena, ele aparece sentado em uma poltrona em casa e ouve a pergunta: "O que o senhor tem a dizer sobre isso?". Assista ao vídeo abaixo:
As acusações contra o médium vieram a público em dezembro de 2018, quando a equipe do programa Conversa com Bial, da Globo, entrevistou a coreógrafa holandesa Zahira Mous, que se apresentou como vítima de estupro do médium. Ela foi a primeira a falar sobre o caso abertamente na TV.
Desde então, dezenas de denúncias contra João de Deus começaram a ser feitas, com relatos de abusos sexuais cometidos em Abadiânia e em outros locais. A série do Globoplay foi lançada em junho do ano passado, um ano e meio depois de o caso se tornar público.
A produção foi feita pela equipe do programa de Pedro Bial, que buscou desvendar como funcionava a rede de proteção a João de Deus. A obra reuniu em estúdio seis mulheres vítimas do médium, entre elas a própria filha, abusada aos 10 anos.
Os documentaristas foram até a Holanda, onde vive a mulher que teve a coragem de fazer a primeira denúncia, e à cidade de Sedona, no Arizona (Estados Unidos), onde a polícia investigou um caso de abuso em 2010. Mostrou que, em 2014, João de Deus foi personagem central de uma edição do 60 Minutes da Austrália, que lhe perguntou se já havia assediado sexualmente alguma seguidora --e ele respondeu: "A sua mãe".
Em Nome de Deus mostrou esses bastidores e o que aconteceu depois, até a concessão, em março de 2020, de prisão domiciliar ao líder espiritual, condenado até então a 40 anos de reclusão. Também investigou outros crimes do médium e por que curandeiros como ele fazem tanto sucesso no Brasil.
Um sobrinho-neto de João de Deus revelou que os copos de vidro que ele mastigava quando tinha sua mediunidade sob suspeita eram feitos de cristais de açúcar. E Xuxa Meneghel, uma das celebridades mais próximas a ele, deu um depoimento contundente, compartilhando toda a sua decepção.
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