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RIVALIDADE

Guerra do streaming: De olho em desejos dos fãs, HBO Max se distancia da Netflix

Divulgação/Warner Bros. Television Group

Foto promocional do elenco da série Friends (1994-2004)

A tão aguardada reunião do elenco de Friends é apenas uma das muitas produções do HBO Max pensadas para fãs

ANDRÉ ZULIANI

andre@noticiasdatv.com

Publicado em 7/10/2020 - 6h45

Ainda sem data para chegar ao Brasil, o HBO Max vem se consolidando nos Estados Unidos como uma plataforma voltada para fãs. Mesmo com uma biblioteca recheada de títulos importante, por conta dos catálogos de estúdios do naipe de Warner Bros e HBO, o serviço de streaming se mostra ciente do que o público quer ver e usa este conhecimento para se distanciar da líder Netflix.

O serviço de streaming ganhou os portais do mundo do entretenimento nos últimos meses com anúncios de produções muito aguardadas pelos fãs mais apaixonados, como a versão de Liga da Justiça de Zack Snyder e reuniões de elencos de séries amadas como Friends (1994-2004), Um Maluco no Pedaço (1990-1996) e The West Wing (1999-2006).

Entre as produções originais, o HBO Max anunciou a produção de séries derivadas de The Batman e Esquadrão Suicida, filmes que ainda nem chegaram aos cinemas e já fazem parte de um "universo expandido". Há ainda os remakes de Gossip Girl (2007-2012) e Pretty Little Liars (2010-2017), versões que nascem com potencial para fisgar velhos e novos fãs.

O público infantil não foi esquecido pela plataforma. Em parceria com o canal Cartoon Network, uma animação focada no Batmóvel, icônico carro utilizado pelo Homem-Morcego, está sendo produzida. As duas empresas vão compartilhar a produção, com o canal de desenhos possuindo os direitos da exibição em escala global.

A estratégia se difere da adotada pela Netflix, que chocou uma grande parcela de seus assinantes com o cancelamento de diversas séries que também contavam com a paixão de uma audiência ativa. O anúncio do adeus de títulos como O Mundo Sombrio de Sabrina (2018-2020), The O.A. (2016-2019) e Anne with an E (2017-2020) causou alvoroço nas redes sociais.

Em uma análise do mercado do entetenimento na última década, a atitude do HBO Max é compreensível. Uma onda de nostalgia dominou o audiovisual, com uma lista de incontáveis remakes sendo produzidos para o cinema e para a TV. Séries há muito finalizadas receberam vida nova, enquanto clássicos da sétima arte, como as animações do Walt Disney Studios, ganharam suas versões com atores.

A casa do Mickey também serve como exemplo para a decisão da Warner de expandir o seu universo de heróis para outras mídias. As séries derivadas de The Batman e Esquadrão chegam para dividir espaço com WandaVision, Loki e She-Hulk, produções do Disney+ com ligações diretas com o Universo Marvel no cinema.

Mesmo com os cancelamentos recentes, a Netflix também foi uma das primeiras a se aproveitar desta era nostálgica. Além do sucesso com a aquisição de Cobra Kai, a plataforma já havia usado essa estratégia ao anunciar Fuller House (2016-2020) e Gilmore Girls: Um Ano para Recordar (2016).

A decisão de olhar com carinho para o que o público quer, no entanto, não parece ser apenas uma jogada de marketing do HBO Max para conquistar novas assinaturas. Milhões de dólares foram gastos para realizações de muitas destas produções. A reunião de Friends, por exemplo, renderá ao sexteto principal um valor maior do que o recebido no último ano de exibição da série.

As gravações de cenas adicionais para o Snyder's Cut também são um bom exemplo. Segundo a revista Forbes, cerca de US$ 70 milhões (R$ 389 milhões) foram investidos no filme, que será dividido em quatro partes. Já o especial de The West Wing contará com a participação especial de Sterling K. Brown (This is Us) para substituir John Spencer (1946-2006) como Leo McGarry, no que será uma releitura de um episódio da terceira temporada.

Se a estratégia da HBO Max terá o retorno esperado, só o tempo responderá. No entanto, com a força e a fidelidade dos fãs destas franquias somadas à voz gerada pela movimentação das redes sociais, é possível que essas tão aguardadas produções façam um barulho capaz de movimentar a guerra dos streamings durante um bom tempo. Melhor para o público!


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