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EM 1990

Decepção no cinema, The Flash fracassou na TV e quase matou super-heróis

Divulgação/CBS

Mark Hamill tem visual bizarro e segura uma arma, enquanto John Wesley Shipp usa o traje do Flash; os dois posam abraçados para foto

Mark Hamill (o Luke Skywalker de Star Wars) e John Wesley Shipp em cena da série The Flash

LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 21/6/2023 - 6h20

Principal lançamento dos cinemas na última semana, o filme solo de The Flash tem decepcionado nas bilheterias mundiais. Mas não é a primeira vez que uma adaptação do Velocista Escarlate dá errado: em 1990, a estreia do herói em versão live-action fracassou tanto que quase acabou de vez com o universo dos superpoderosos na TV.

A atração foi uma aposta da CBS para atrair o público jovem --até hoje, mais de três décadas depois, a rede norte-americana é tachada de "TV de velhos", conseguindo boa audiência de maneira geral, mas perdendo para as rivais no público que vai dos 18 aos 49 anos, o mais interessante para anunciantes.

Na época, o filme do Batman (1989) dirigido por Tim Burton e com Michael Keaton na pele de Bruce Wayne tinha se tornado um verdadeiro fenômeno, batendo recordes de bilheteria e provando que super-heróis ainda tinham apelo --anos depois de os últimos filmes do Superman decepcionarem bastante os fãs. Os executivos da CBS, então, viram nos quadrinhos da DC uma possível mina de ouro a ser explorada.

O sucesso do Batman, porém, também provou que a adaptação precisava ser séria para prender o público. Nada de pintar Lou Ferrigno de verde e chamá-lo de Hulk ou disparar as onomatopeias "bang" e "pow" na tela, como fazia o Homem-Morcego de Adam West (1928-2017) nos anos 1960. Era preciso algo de qualidade, e a CBS abriu o cofre para que a aposta desse certo.

O primeiro episódio de The Flash, com duas horas de duração, custou US$ 6 milhões (o que equivaleria a R$ 66 milhões nos dias de hoje, com a correção monetária), e cada capítulo seguinte teve um orçamento de US$ 1,6 milhão (cerca de R$ 17,8 milhões atualmente). 

Apenas o traje do herói custou US$ 100 mil (R$ 1,1 milhão). O investimento na roupa, feita toda de látex, foi intencional. Segundo Danny Bilson, criador da atração ao lado de Paul De Meo, "depois do Batman, não dava para colocar um cara correndo pelas ruas com uma malha justinha".

Para o papel principal, foi escalado o ator John Wesley Shipp, que tinha construído sua carreira nas intermináveis novelas norte-americanas e, depois de The Flash, voltaria a fazer sucesso com o público jovem em Dawson's Creek (1998-2003). Amanda Pays (Tina McGee) e Alex Désert (Julio Mendez) fechavam o pequeno elenco da atração.

Todo super-herói precisa de um grande vilão. No caso de The Flash, os arqui-inimigos de Barry Allen não eram nenhum personagem conhecido dos quadrinhos, mas sim a programação das concorrentes. A série bateu de frente com a comédia The Cosby Show (1984-1992), uma verdadeira instituição da TV norte-americana, e com a animação Os Simpsons. Não é preciso ter inteligência sobre-humana para saber quem venceu essa guerra...

Ao longo de sua primeira temporada, The Flash perdeu mais da metade de seu público (dos 22 milhões de espectadores que assistiram ao primeiro episódio, apenas 8,4 conferiram o 20º capítulo). Assim, a CBS não pensou duas vezes e decidiu cancelar a série em 1991, sem encomendar um segundo ano.

O fracasso foi tão retumbante que a próxima investida da TV norte-americana em heróis só aconteceu dois anos depois, com Lois & Clark: As Novas Aventuras do Super-Homem (1993-1997). Ainda assim, a série era muito mais focada na relação entre Clark (Dean Cain) e Lois (Teri Hatcher) do que propriamente na faceta poderosa do kryptoniano --justamente para evitar a rejeição de quem não era fã dos quadrinhos do Superman.

Apesar da pouca duração, a versão de The Flash de 1990 foi relembrada na série do Velocista Escarlate lançada em 2014 e encerrada neste ano. John Wesley Shipp apareceu tanto como o pai de Barry (Grant Gustin) quanto como outra versão do protagonista, originário de uma Terra diferente. Assim, ele acabou se tornando, retroativamente, o herói mais antigo do Arrowverse.

divulgação/the cw

Grant Gustin e John Wesley Shipp em The Flash

Shipp (à dir.) com Grant Gustin em sua volta ao universo do Flash


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