CRÍTICA
Divulgação/Warner Bros. Pictures
Ezra Miller em cena de The Flash; filme estreia nesta quinta (15) nos cinemas brasileiros
The Flash estreia nesta quinta (15) nos cinemas depois de escapar diversas vezes do facão implacável da Warner Bros. Discovery. Em meio a tantas controvérsias envolvendo Ezra Miller e um momento de baixas na divisão de filmes da DC, o longa-metragem dirigido por Andy Muschietti conseguiu sobreviver e finalmente chegou às telonas.
Para muitos críticos, era inexplicável o fato de The Flash ter continuado de pé. Depois de James Gunn e Peter Safran assumirem a DC e anunciarem o reboot de todo o universo construído ao longo dos últimos anos, não fazia sentido o filme mais polêmico da Warner seguir firme e forte.
Ao assistir a The Flash em sua totalidade, porém, tudo se encaixa. O longa é potente, vai muito além de um mero filme de super-herói. Constrói tramas que se envolvem em problemas muito mais profundos do que aparentam na superfície e se consagra como um respiro em meio à estagnação evidente que a indústria de filmes de super-heróis tem vivido nos últimos anos.
No começo da narrativa, Barry Allen (Ezra Miller) é chamado para socorrer as vítimas de um atentado terrorista em um hospital de Gotham City. As angústias e os anseios do personagem já são evidenciados ali, e o herói mais rápido do universo da DC escancara seus traumas das mais diferentes maneiras logo no início.
O que mais dói em Barry é o fato de ter perdido a mãe assassinada, e seu pai ter sido culpado pelo crime. Movido pela esperança e até pelas dores que sente, ele descobre que é rápido o suficiente para voltar ao passado e tentar impedir a tragédia que acometeu sua família.
Suas boas intenções, porém, o levam a cometer uma série de erros e alterar o andamento do multiverso. Ao descobrir que consegue mexer alguns palitinhos para tentar mudar sua trajetória, ele é jogado para uma linha do tempo completamente diferente da sua e vai precisar de muita ajuda para conseguir consertar as consequências de seus deslizes.
Ezra Miller dá vida a duas versões de Barry Allen: uma mais jovem, sem muito conhecimento da vida e menos ainda de seus poderes, e uma mais velha, atormentada por fantasmas do passado, em busca de justiça. Sua atuação como herói é digna de transcender as polêmicas nas quais se envolveu nos últimos tempos e merece atenção.
Este poderia, facilmente, ser o filme da redenção de Miller. O ator, que se identifica como pessoa não-binária, tem muito a oferecer ao personagem, e fica claro nesta versão de Andy Muschietti a razão pela qual James Gunn não o descartou totalmente de cena.
A cereja do bolo do filme, porém, é Michael Keaton voltando ao papel de Batman. Ele, que fez sucesso nas versões de 1989 e 1992 do filme, ressurge de maneira que enche os olhos do espectador e o leva para passear em uma série de referências inesquecíveis.
Mesmo com uma trama magnífica, um grande erro acaba condenando o longa: os efeitos especiais. Não dá para entender como a DC deixou passar bebês caricatos, ou versões extremamente mal trabalhadas de CGI do Superman. Algumas construções beiram a falsidade e acabam se tornando quase um pecado para um filme até então tão redondinho.
Fica difícil abraçar os verdadeiros triunfos quando as expectativas para a construção visual do filme são jogadas lá embaixo. Ainda assim, The Flash vale cada minuto. Com boas piadas, momentos fortes de emoção, surpresas espetaculares e uma construção excelente, Andy Muschietti certamente vai cativar o público fissurado pelo herói e pescar alguns fãs de blockbuster que estão buscando algo minimamente diferente para assistir.
Assista ao trailer de The Flash:
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