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Com Cobra Kai e WandaVision, Emmy 2021 corre atrás do público jovem

Reprodução/Disney+/Netflix

Montagem com Elizabeth Olsen em cena de  WandaVision e William Zabka em de Cobra Kai

Elizabeth Olsen em WandaVision e William Zabka em Cobra Kai; séries estão indicadas ao Emmy 2021

ANDRÉ ZULIANI

andre@noticiasdatv.com

Publicado em 14/7/2021 - 19h49

O anúncio dos nomes que disputarão uma estatueta na 73ª edição do Emmy Awards revelou algumas tendências esperadas para os próximos anos. Além de maior diversidade na lista final, que representou a quebra do recorde de atores não-brancos entre os indicados, a aparição de títulos da cultura pop mostrou que a Academia de Televisão está correndo atrás do público jovem.

Com Cobra Kai em melhor série de comédia, The Boys e The Mandalorian em melhor série dramática e WandaVision (2020) na disputa por melhor minissérie, produções voltadas para o público que consome cultura pop ganharam a oportunidade de brilhar ao lado de títulos consagrados como The Handmaid's Tale e The Crown.

Primeira série da Marvel com ligação direta com os filmes, WandaVision recebeu nada menos do que 23 nomeações. Além da disputa de melhor minissérie, Elizabeth Olsen, Paul Bettany e Kathryn Hahn também receberam indicações nas categorias de atuação. O número total só a deixa atrás de The Crown e The Mandalorian, que receberam 24 cada.

O próprio Emmy mostrou que está conectado com a nova era já no ano passado. Watchmen (2019), atração da HBO baseada nos quadrinhos de mesmo nome, levou nada menos do que 10 estatuetas para casa, incluindo a de melhor minissérie. A vitória marcou a primeira vez que uma obra inspirada em HQs ganhou um dos grandes prêmios da noite.

DIVULGAÇÃO/LUCASfilm

The Mandalorian está entre os indicados

Essa "atenção" às produções baseadas em quadrinhos vem ganhando nos últimos anos. Logan (2017) foi o primeiro filme de herói a receber uma indicação ao Oscar de melhor roteiro, enquanto Pantera Negra (2018) venceu três das seis nomeações que levou no ano seguinte.

A queda do preconceito contra filmes e séries "de boneco" mostra que as principais cabeças da indústria estão enxergando nessas produções um valor maior do que o dinheiro que entra no caixa. Há alguns anos, séries como Demolidor (2015-2018) e Legião (2017-2019) eram elogiadas por críticos e público, mas não receberam o reconhecimento da Academia.

A chegada dos streaming e a produção em massa de novas séries e minisséries também influenciou a transformação da indústria. Muitas atrações originais da Netflix, do Prime Video e de outras plataformas têm se destacado com narrativas diferentes e mais ousadas.

Em entrevista à revista Entertainment Weekle, Eric Kripke, criador e showrunner de The Boys, disse acreditar que a chegada dos streamings ajudou neste avanço, mas que, na opinião dele, o recente "amor" do Emmy por produções da cultura pop tem mais a ver com os problema surgidos com a pandemia de Covid-19 do que uma visão menos preconceituosa.

Acho que o streaming permitiu isso, mas, francamente, em um ano em que não tivemos muitos filmes de Hollywood, há uma abertura maior para os gênero ficção científica e fantasia do que antes. Talvez as pessoas estejam começando a perceber coletivamente que há mais [no gênero] do que está na superfície. Estamos além das 'coisas de super-herói'. Eu acho que todo mundo está fazendo um trabalho tão extraordinário que finalmente estamos sendo notados.

No caso das séries da Marvel, o estúdio comandado por Kevin Feige também mudou a sua estratégia para se tornar a menina dos olhos da Academia. Campanhas milionárias foram feitas no lançamento e durante a exibição de WandaVision, Falcão e o Soldado Invernal e Loki. A circulação desse material de divulgação chama a atenção dos votantes do Emmy e faz com que certas produções sejam mais lembradas na hora de escolher a favorita.

Se Game of Thrones (2011-2019), inspiradas nos livros de George R.R. Martin, se tornou um fenômeno na última década, o Emmy 2021 pode ter mostrado o início de uma nova era na TV norte-americana e como as produções voltadas para a cultura pop podem dominar as premiações dos próximos anos.


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