David Schwimmer
Divulgação/NBC
David Schwimmer com Aisha Tyler na comédia Friends, série criticada pela ausência de atores negros
REDAÇÃO
Publicado em 3/2/2020 - 17h06
Após uma tremenda confusão que reacendeu o debate sobre a falta de atores negros em Friends (1994-2004), o ator David Schwimmer, o Ross na comédia premiada, pediu desculpas e reconheceu o pioneirismo de Living Single (1993-1998), série que antecedeu a sitcom de sucesso e narrou a vida de seis amigos, negros, solteiros curtindo a vida em Nova York, nos Estados Unidos.
O bafafá todo começou após declarações que Schwimmer concedeu em uma entrevista para o jornal britânico The Guardian, publicada no final do mês passado. Como o ator, sem querer querendo, esqueceu de mencionar Living Single ao dizer que Friends foi uma série "revolucionária", Erika Alexander, uma das atrizes da produção antecessora, criticou o colega de profissão.
Nesta segunda-feira (3), a atriz compartilhou em sua conta oficial no Twitter um pedido de desculpas que Schwimmer escreveu na mesma rede social. Ela agradeceu o reconhecimento que o intérprete de Ross deu para Living Single. Ele até confessou que era fã da série antes mesmo de Friends existir.
Schwimmer justificou a discórdia como "frase tirada fora do contexto, o que não está no meu controle". E afirmou: "Eu te garanto [Erika], não queria de forma alguma mostrar desrespeito".
No post do Twitter, o ator procurou mostrar sinceridade ao pontuar que em nenhum momento "queria dizer que Friends foi pioneira [em mostrar seis amigos solteiros curtindo a vida em Nova York]". Na entrevista ao The Guardian, há a seguinte frase de Schwimmer: "[Friends] foi uma série revolucionária no seu tempo, ao retratar com casualidade sexo, casamento gay e relacionamentos."
Living Single apresentara todas essas coisas um ano antes. As semelhanças claras entre uma comédia e outra faz com que a sitcom fique com o rótulo de cópia de Living Single. Schwimmer abordou esse assunto na sua publicação na rede social, endereçada diretamente para Erika.
"Se Friends foi baseada em Living Single, você tem de perguntar para eles [Marta Kauffman e David Crane, criadores de Friends]. É inteiramente possível que a Warner Bros. [produtora] e a [rede] NBC, encorajada pelo sucesso de Living Single, tenha aprovado Friends."
"Eu realmente não sei, mas é uma possibilidade", continuou o ator. "Se esse for o caso [Living Single ter inspirado Friends], nós estamos em dívida com vocês, pelo pioneirismo de Living Single".
Essa confusão teve início assim que o Guardian questionou David sobre a falta de atores negros na produção em que atuou. Para o jornal, ele defendeu a comédia e disse, inclusive, que fez uma "campanha que durou anos" para incluir atores negros. O que de certa forma aconteceu, na reta final da série.
A primeira atriz recorrente negra entrou na nona e penúltima temporada. Aisha Tyler viveu Charlie Wheeler, namorada de Ross. Mas o diagnóstico não é bom para Friends, que entrou para a história por apresentar uma diversidade aquém do esperado, o que era discutido na época de exibição da série. Os negros na comédia eram, em sua maioria, figurantes, com 64% dos personagens sem sequer ter um nome, creditados como Garçom número 2, por exemplo.
Essa falta de representatividade negra em Friends vez ou outra volta à tona e ganha espaço na mídia. Em 2017, por exemplo, o rapper Jay-Z fez sua crítica ao recriar a série com atores negros renomados no lugar dos personagens brancos famosos da produção premiada com um Emmy.
Há dois anos, a executiva Karey Burke, atualmente na chefia da divisão de entretenimento da ABC e que trabalhava na NBC quando Friends foi ao ar, disse em entrevista para o site The Hollywood Reporter que os criadores da comédia, Marta e David, recusaram diversificar o elenco de protagonistas. Karey afirmou que ela e outros executivos levantaram essa questão, mas foram rechaçados pela dupla.
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