ANÁLISE
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Zaquieu (Silvero Pereira) em cena de Pantanal na qual comoveu ao ser vítima de preconceito
Zaquieu (Silvero Pereira) em Pantanal mostra que lugar de gay afeminado é em qualquer lugar, inclusive no ambiente altamente machista em que se passa a novela escrita por Bruno Luperi. Se na versão do avô Benedito Ruy Barbosa, de 1990, o personagem servia mais para dar comicidade à trama, na história atual, o mordomo vai virar peão respaldado pela força e bravura do quarteto finalista de No Limite, Victor, Lucas, Ipojucan e o vencedor, Charles, todos representantes da comunidade LGBTQIA+.
No reality show da Globo que terminou na quinta-feira (7), boa parte do discurso do quarteto se referia à superação e à prova de que não deveriam mais ser diminuídos ou desmerecidos por suas orientações sexuais. Assim como as personagens reais de No Limite, Zaquieu vai voltar à fazenda de José Leôncio (Marcos Palmeira) empoderado, enfrentando as dificuldades da vida pantaneira como qualquer homem heteronormativo.
As falas contra a homofobia já foram apresentadas em Pantanal quando Zaquieu decidiu ir embora indignado com o tratamento que vinha recebendo dos outros peões. Coube a José Leôncio o papel de transmitir que até mesmo o mais rude dos homens é capaz de compreender e de respeitar orientações sexuais diferentes das suas, ponto importante na luta contra o preconceito.
Também é um passo à frente na teledramaturgia brasileira a representação gay do atual Zaquieu, que pode até seguir contribuindo para o humor da novela nos próximos capítulos, mas certamente não servirá mais de mote para piadas grosseiras por causa de seus trejeitos.
Tal questão inserida no meio rural poderia ter ganhado força em América (2005) não fosse a censura à relação entre o fazendeiro Júnior (Bruno Gagliasso) e o peão Zeca (Eron Cordeiro) que impediu o tão aguardado beijo entre as personagens.
Só mesmo depois do primeiro beijo gay em novelas da Globo --em Amor à Vida (2013) entre Félix (Mateus Solano) e Niko (Thiago Fragoso)--, que a causa passou a ser tratada com mais naturalidade nas tramas. Tornaram-se raras as "bichinhas afetadas" com a única finalidade de fazer o público rir.
De lá para cá, em praticamente todas as produções de todos os horários houve ao menos um personagem homossexual, sem necessariamente levantar a bandeira, mas apenas pelo fato de existir no cotidiano das histórias apresentadas.
Se pegarmos uma das primeiras representações gay em novelas, a do costureiro Gugu (Ary Fontoura) em Assim na Terra como no Céu (1970), na Globo, até a versão atual de Pantanal, a gama de personagens homossexuais é enorme, o que indica o avanço no tratamento do tema. No entanto, as questões LGBTQIA+ estão longe de se esgotar e se tornam necessárias sempre que as liberdades individuais ficam ameaçadas.
Nesse cenário, tanto Zaquieu de Pantanal quanto Victor, Lucas, Ipojucan e Charles de No Limite dão voz aos afeminados que não mais se restringem a papeis estereotipados de mordomos, cabeleireiros, costureiros e afins, podendo ser vistos naturalmente como aventureiros e peões, atividades antes restritas aos "machos".
A única diferença nessa comparação é que, apesar do carisma do quarteto de No Limite, Silvero Pereira empresta seu talento com categoria à causa gay.
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