Peão gay de Silvero Pereira em Pantanal serve para educar: 'Não é chacota'

Silvero Pereira vai demorar um pouco para virar o "peão gay" de Pantanal. Seu personagem, Zaquieu, chega à novela das nove da Globo na próxima semana. Ele surgirá como mordomo da mansão de Mariana (Selma Egrei), mas acabará indo parar no Mato Grosso do Sul, onde se apaixonará justamente por Alcides (Juliano Cazarré), capataz que já deixou claro que é homofóbico.

Pereira, porém, afirma que a história de seu personagem foi bastante atualizada pelo autor Bruno Luperi, que busca manter na íntegra a obra de seu avô, Benedito Ruy Barbosa, mas acrescenta um novo olhar para a questão da LGBTQIA+. "Não é chacota", avisa o intérprete.

Ele revela que foi muito ouvido pela direção do folhetim para que a história não se tornasse um desserviço ou somente um alívio cômico. "Todos os diretores escutam bastante, então, eu me sinto muito à vontade para falar, para questionar uma ou outra fala. Eu sou ouvido, a gente dialoga bastante", comenta o artista de 39 anos.

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O intérprete explica que todos da produção estão tomando cuidado extra nos bastidores para Zaquieu não ser tratado da forma como foi na primeira versão do folhetim, em 1990. E a mudança começa já pelo nome: no passado, o personagem se chamava Zaqueu, interpretado por João Alberto Carvalho Pinheio (1960-1992). Ele declara que seu maior desafio é justamente colocar esse tom totalmente diferente na abordagem.

Acho que o mais mágico, para mim enquanto artista, é quando a gente consegue fazer a educação chegar à televisão, no lugar do entretenimento, do marketing, do comercial, mas, ao mesmo tempo, ter o didático, a informação ali junto. Isso é um prêmio. Eu acho isso muito necessário, porque a gente vai para dentro do café da manhã, ruas, metrô, ônibus... As pessoas vão falar sobre esse assunto. Vai virar assunto cotidiano, e acaba virando de fato uma educação fora dos lugares de educação, como se acredita que é só dentro da escola, né? Então, acho que a gente tem esse papel importante. 

Para não causar rejeição, o personagem terá uma história primeiramente bem apresentada no núcleo do Rio de Janeiro da trama. Pereira ainda nem gravou sua cenas no Pantanal. O público verá que Zaquieu é para lá de alto-astral e esconde as cicatrizes de uma vida sofrida atrás do seu jeito irreverente de ser.

Com vasta experiência como mordomo, ele é contratado pela família Novaes, que passa por dificuldades financeiras, mas goza de bom prestígio. O profissional gosta disso, sente-se realizado em meio à pompa e circunstância.

Mas como vai ser a paixão pelo personagem de Juliano Cazarré? Vai mesmo acontecer? "Não encontrei com ele ainda nos estúdios e eu não li até o momento em que de fato o Zaquieu conhece o Alcides, e o que pode acontecer a partir daí", despista Pereira.

Diferentemente de outros folhetins inéditos que estrearam no ano passado, a história não está totalmente gravada e poderá sofrer alterações. Pantanal deve ficar no ar até a segunda quinzena de outubro.

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