Vilã de Chocolate com Pimenta foi barrada na Globo por mágoa de autor

No ar na reprise de Chocolate com Pimenta (2003) como a vilã Olga, Priscila Fantin chegou a ser barrada na Globo anos depois. Tudo por por conta da mágoa de Walcyr Carrasco após a atriz recusar um papel oferecido pelo novelista em Morde & Assopra (2011).

Queridinha do autor, Priscila já integrou o elenco de cinco novelas de Walcyr Carrasco. A parceria teve início em Esperança (2002), quando o novelista assumiu o posto de autor depois que Benedito Ruy Barbosa largou a trama. Na pele da italiana Maria, a atriz conquistou Carrasco, que lhe reservou a vaga da vilãzinha no folhetim das seis, no ar em edição especial na Globo.

Com o sucesso de Chocolate com Pimenta, Priscila foi escalada para viver, em 2005, Serena, a protagonista de Alma Gêmea, outro sucesso de Walcyr Carrasco. Com os altos índices de audiência, o novelista foi promovido para a faixa das 19h e levou, então, a atriz consigo.

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Em 2007, Priscila Fantin deu vida a Beatriz, principal papel de Sete Pecados, terceiro folhetim consecutivo do autor com a atriz como destaque. Quatro anos depois, o novelista voltou a convidar a parceira para um novo personagem principal, dessa vez em Morde & Assopra.

Priscila foi convidada para viver Celeste, a vilã da novela das 19h protagonizada por Adriana Esteves e Marcos Pasquim. A atriz, no entanto, recusou o papel, que acabou ficando para Vanessa Giácomo. O episódio deixou Carrasco chateado.

"Fiquei chateado, sim, por termos feito grandes sucessos. Eu a considerava uma parceira. Mas aí veio a Vanessa Giácomo e arrebentou no papel", declarou Walcyr Carrasco à imprensa, à época. O autor, entretanto, descartou mágoa, mas não deixou de comentar o sumiço da ex-parceira. "Estranho é que não tinha nenhuma proposta, tanto que não fez mais nenhuma outra novela. Só posso entender que estava emocionalmente precisando de um tempo", disse.

Sumida da TV

Com o ocorrido, a atriz desapareceu das tramas da emissora. Priscila, que já tinha em sua bagagem três protagonistas e duas vilãs, sem contar as duas temporadas de Malhação Múltipla Escolha (1999-2000), fez apenas participações especiais nesse tempo de geladeira: em Malhação Casa Cheia (2014) e Boogie Oogie (2015).

Quem resgatou a atriz para uma novela completa foi o próprio Walcyr Carrasco. Cinco anos depois do convite recusado, o autor escalou Priscila para Êta Mundo Bom (2016). Três anos antes, ele já havia cogitado a atriz para um papel em Amor à Vida (2013), mas o convite não aconteceu.

Diana, personagem de Priscila em Êta Mundo Bom, no entanto, passou longe de ser um destaque da trama das 18h, bem diferente do que lhe era oferecido até então

De lá para cá, Priscila segue longe das novelas. Sem contrato com a Globo, ela contou, em entrevista no início do ano, que o ideal tem sido trabalhos mais curtos, como a dobradinha de peça de teatro e podcast Precisamos Falar de Amor Sem Dizer Eu te Amo, feita em parceria com seu marido, Bruno Lopes.

De acordo com ela, a decisão de se afastar do gênero se deu porque, hoje, a atriz prioriza os momentos com a família. "Acho que os trabalhos mais curtos são mais bem-vindos no meu caso. Quando faço algum trabalho, me dedico muito. Então, só aceitaria uma novela se fosse uma personagem que fizesse sentido para mim", declarou a atriz à época.

Mágoa de Carrasco

Apesar de bater o pé e afirmar que não costuma guardar mágoas e rancores de atores e atrizes, o que aconteceu entre Walcyr Carrasco e Priscila Fantin não foi exclusivo na trajetória do autor.

No ano passado, Camila Queiroz entrou em atrito com a Globo e não renovou contrato faltando uma semana para o fim das gravações de Verdades Secretas 2. O motivo teria sido a imposição da atriz para escolher o fim da rival de Giovanna (Agatha Moreira), além de assegurar sua participação em uma eventual terceira temporada.

Camila, então, foi banida de uma possível sequência do projeto e acabou morta no final da temporada. Outro caso de revanche de Walcyr Carrasco foi a tão comentada cena de sexo anal de Xica da Silva (1997), a qual Taís Araujo teria se recusado a fazer.

A artista falou sobre o tema no Roda Viva, mas foi rebatida pelo novelista mesmo 21 anos após o fim da novela. Em Alma Gêmea, Alexandre Barillari morreu de repente na novela. O motivo teria sido um desfalque do ator em uma peça de Carrasco, por descobrir que uma colega de cena ganhava mais. Não bastasse a morte, seu personagem, Guto, ficou assombrando outros papéis da trama diretamente do Umbral até o fim da novela.

Guto e Cristina (Flávia Alessandra)

Não mexe com Carrasco

Raivas passageiras também se acumulam no currículo do novelista, como o castigo a Elizabeth Savala em Chocolate com Pimenta. A vingança de Walcyr Carrasco foi deixar Jezebel, personagem da atriz, duas semanas sem falas. Tudo porque Elizabeth quis improvisar em cena, vício que atores e escritores chamam de "caco". A mudança de texto teria desagradado o novelista.

A mesma prática de mudar o texto deu fim a Ágatah, personagem de Claudia Raia em Sete Pecados (2007). A atriz, acostumada a improvisar, teria mexido tanto no texto, que o autor matou a personagem no meio da novela. Na cena, a vilã ganhou de presente uma bomba embrulhada em laço de fita, como um recado e tanto.

Outra morte que marcou uma firula do novelista foi a da personagem de Marina Ruy Barbosa em Amor à Vida. Após a atriz se recusar a raspar a cabeça para viver o drama do câncer de seu papel na história, o autor deu fim à jovem e a deixou como um fantasma até o final do folhetim.

Nicole (Marina Ruy Barbosa) em Amor à Vida

Chocolate com Pimenta substituiu O Cravo e a Rosa (2000) na faixa de edições especiais da Globo. Também escrita por Walcyr Carrasco, a trama foi ao ar originalmente em 2003 e já ganhou três reprises. A mais recente foi em 2021, no canal Viva.

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