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MEMÓRIA DA TV

No Limite nasceu no Fantástico e poderia ter estreado dois anos antes; entenda

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Zeca Camargo segura mandala do primeiro No Limite, com camiseta azul, em cenário de praia

Zeca Camargo apresentou a primeira temporada do No Limite, que fez sucesso no ano 2000

THELL DE CASTRO

Publicado em 30/5/2021 - 7h02

Primeiro reality show da Globo, o No Limite poderia ter tido outro destino e estreado bem antes de 23 de julho de 2000. O programa, ressuscitado pela emissora neste ano com a participação de ex-BBBs, sofreu mudanças em sua trajetória, que o levaram ao sucesso imediato.

A gestação da atração começou dois anos antes da estreia, inicialmente para ser um quadro do Fantástico. De acordo com o projeto Memória Globo, a ideia de gerar um reality show dentro do Jornalismo da Globo nascera de um brainstorm (reunião de ideias), atendendo a pedido do então diretor da Central, Evandro Carlos de Andrade (1931-2001).

Parte da equipe do Fantástico, entre elas a editora Eugenia Moreyra e o então diretor artístico J. B. Oliveira, o Boninho, foi mobilizada para cuidar da nova empreitada, posteriormente transformada em programa próprio.

"A gente não sabia como funcionava muito bem o jogo. Eu me lembro muito de um momento emocionante: a gente desceu de uma reunião, veio para a sala da direção do Fantástico, e a gente quebrou a cabeça: 'Como funcionaria um programa desse? Qual é a estrutura? Quantos têm que ser eliminados? Quantos episódios?'. A gente fez no papel", explicou o apresentador Zeca Camargo.

"Dali saiu um esboço do que virou o No Limite. O Boninho começou a tocar as provas com o aparato da produção do Projac; e parte da equipe do Fantástico assumiu a edição, a formatação e a condução das histórias, para que não houvesse nenhuma manipulação", completou.

A principal inspiração para o No Limite foi outro reality show, Survivor, criado no Reino Unido em 1992 e exibido na Suécia em 1997, com o título Expedition Robinson. No primeiro semestre de 2000, estreou a primeira versão do programa nos Estados Unidos, alcançando recordes de audiência para a CBS.

Inicialmente, a Globo não comprou os direitos do Survivor, o que gerou questionamentos dos norte-americanos e, posteriormente, um processo. Além disso, o No Limite não foi exibido no exterior através da Globo Internacional para evitar problemas. A situação foi resolvida somente para o retorno ocorrido em 2009.

"A empresa não revela mais detalhes da negociação nem com quem está negociando os direitos. Mas, na época de lançamento da atração, para evitar o pagamento de direitos, negou que No Limite copiava algum formato estrangeiro --especificamente o norte-americano Survivor, da CBS, que tem praticamente o mesmo formato", informou a Folha de S.Paulo de 10 de setembro de 2000.

"Não copiamos os norte-americanos. Só seguimos a tendência mundial de fazer programas desse estilo", disse Boninho. "Na minha opinião, não temos de pagar nada, pois, apesar de os dois programas serem semelhantes, têm diferenças enormes", completou o diretor LP Simonetti.

Pioneirismo foi da MTV

O No Limite não foi o primeiro reality show da televisão brasileira por questão de dias, já que a MTV estreou Vinte e Pouco Anos pouco antes. No entanto, a repercussão das atrações foi complemente diferente, com o programa da Globo se tornando assunto em todo o Brasil.

Perguntado pela revista Época de 6 de agosto de 2000 sobre o motivo do projeto estar engavetado há dois anos, Boninho disse que não fazia ideia. "Não sei. Mas devo este programa ao empenho de Evandro Carlos de Andrade, diretor de Jornalismo", ressaltou.

O diretor também não quis confirmar quanto a Globo gastou no programa – falava-se em torno de 2 milhões de reais.

"Não falo em números, mas posso dizer que trouxemos 70 pessoas para as gravações. Delas, 50 contratadas especialmente para o programa. Também compramos equipamentos, como câmeras de última geração, com lentes ultrassensíveis para gravação à noite. Isso não é pouco", completou.

O sucesso do No Limite levou a Globo a investir fortemente no segmento de realities, produzindo o Sufoco, do Domingão do Faustão, quadros no Caldeirão do Huck, e, finalmente, o Big Brother Brasil, em janeiro de 2002.


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