AUTORA DE TILIKUM
MARIANA MACIEL/DIVULGAÇÃO
Manuela Dias lança Tilikum; autora tem mais dois livros e duas novelas na manga
Após três anos de dedicação quase exclusiva e 4,5 mil páginas de roteiros, Manuela Dias voltou a se aventurar pelas noites que ainda não findaram de Amor de Mãe (2019). A escritora retornou até a casa de Lurdes (Regina Casé) em busca das suas anotações mais pessoais, que virão à tona em breve reunidas sob o título de O Diário de Dona Lurdes.
A novelista abriu o jogo sobre o projeto em entrevista exclusiva ao Notícias da TV. Ela acaba de fazer a sua estreia na literatura com o romance Tilikum (Melhoramentos) e já tem mais outros dois livros no prelo --um infantil e o dedicado à babá.
"Vocês vão ficar superfelizes com o livro. É para matar a saudade da Lurdes, tanto eu quanto o público. Para tê-la por perto em casa para, quando quiser, ouvir alguns conselhos", pontuou.
Manuela ainda se definiu como "ansiosa" diante das primeiras reações à chegada na literatura, ainda que esse primeiro encontro não tenha sido tão agitado quanto na teledramaturgia. Ela foi a primeira autora a estrear como titular diretamente no horário nobre da Globo em 38 anos e ainda se viu em meio à maior crise sanitária do último século.
"Para mim, foi muita primeira coisa junto. Foi a minha primeira novela e já às nove, a primeira pandemia de todos nós, eu sendo mãe pela primeira vez", diz ela, em referência à filha Helena.
Amor de Mãe chegou a sair do ar por causa dos protocolos sanitários, mas já despertava paixões antes mesmo da Covid-19. Amado por uns e odiado por outros, o folhetim também foi um dos primeiros a retomar as gravações na líder de audiência, em meio a uma série de incertezas.
Manuela, entretanto, não vê a hora de repetir a dose e até já entregou duas sinopses para a direção. "Estou terminando a segunda temporada de Justiça e quero fazer uma novela depois, porém não sou eu que decido. Mas este momento não é de pausa. É de remar. E muito", acrescenta ela.
NOTÍCIAS DA TV - Você escreveu Tilikum no meio da pandemia. A crise não afetou a sua produção em algum momento?
MANUELA DIAS - Eu senti o maior impacto, até porque Amor de Mãe (escrita no auge da calamidade pública) estava com toda a frota na rua e precisou parar. De repente, a gente estava no meio do isolamento, naquele momento barra-pesada, e teve o assassinato do menino João Miguel. Aí surgiu a ideia para mais um projeto que eu, na verdade, muito mais mobilizei que foi o Falas Negras.
A minha vida mudou, claro, a gente é afetada por todas as notícias, pelas pessoas morrendo, pela falta se segurança em todos os níveis. Só que a minha vida, na prática, já é em isolamento.
Então nem dá para tirar um tempo para se dedicar exclusivamente a uma história, seja um livro, uma série ou uma novela.
É tudo junto. Eu também já estava fazendo a segunda temporada de Justiça, ainda entreguei duas sinopses para a Globo. Agora estou finalizando O Diário de Dona Lurdes. Às vezes, eu descanso de um projeto trabalhando em outro.
Justiça talvez seja o mais cansativo, porque é muito matemático. Eu dou um passo para frente e dois para trás. Se surgir uma nova ideia, eu vou ter que desfazer tudo. Não é um freestyle (estilo livre, sem planejamento). Pelo menos a primeira parte, a da arquitetura. Os diálogos são mais fluidos.
E acontece de, no meio desses diálogos, descobrir um erro na estrutura e ter que voltar tudo. Escrever é reescrever.
Tilikum já surgiu como um livro dentro da sua cabeça? Ou primeiro aparece a história e, depois, o formato?
A história já vem com tudo junto e, se bobear, até com o nome. Não que seja uma experiência espírita. A ideia é construída. Primeiro, nasceu em mim a vontade de escrever um livro, e aí eu até percorri todas as ideias que eu tinha, mas o processo é mais orgânico no geral.
Nunca pensei em fazer de Ligações Perigosas ou de Justiça uma novela, porque é um formato muito longo. Em Tilikum, por exemplo, o protagonista fica trancado em uma cela o tempo inteiro enquanto vai relembrando a vida. Claro que essa narrativa pode migrar, virar um filme, com vários flashbacks, mas aí já não seria mais sobre esse ser humano em isolamento o tempo todo.
Depois de escrever uma novela, qualquer projeto não parece, se não mais fácil, mais possível?
A novela é um processo violento --para usar a palavra certa--, porque é muito intensa e, ao mesmo tempo, muito extensa. Amor de Mãe durou muito mais, porque a pandemia me fez passar três anos dentro dessa história. Eu estreei no horário nobre com uma rede de proteção, com mentores como o Silvio de Abreu e o Ricardo Linhares, que já fizeram mil novelas e nunca passaram por uma experiência sequer parecida.
No fim das contas, nós fomos os únicos a colocar a Covid-19 para valer dentro da história. A gente não tinha outra forma de gravar que não fosse com as pessoas usando máscara. Foi muito intenso.
Amor de Mãe pode até não ter sido unânime, mas dona Lurdes fez um feito raro --é um daqueles personagens que transcende a própria história
É uma criação coletiva. Eu tenho a minha parte, o José Luiz Villamarim [diretor artístico] tem a dele, a Regina Casé também foi fundamental. A princípio, nem tinha pensado nela. Ela não atuava em novela há quantos anos? Eu inventei a Lurdes, mas todo o resto foi preenchido pelo trabalho de outras pessoas. Da cenografia, da iluminação, do figurino. Um trabalho em equipe.
E você acompanhou a repercussão da novela nas redes sociais, em que as pessoas falam barbaridades como quem diz bom-dia…
Eu até gosto de uma barbaridade (risos). O terrível do Twitter é a agressividade, a pessoa quer te destruir. Ela não quer dar uma opinião. É uma parada que vai muito para o pessoal. Porque fazer novela dá muito trabalho, a ponto de eu passar seis meses sem sentir os meus dedos porque tive uma disautonomia distal. Meu cérebro meio que apagou eles, só lembrou depois de três Bíblias escritas. Foram 4,5 mil páginas.
E, assim, meu trabalho é minha vida. Eu deixo de dormir para escrever, deixo de ficar com a minha filha, com o meu namorado, de fazer exercício. Escrevi no meu aniversário, no Natal, no Réveillon. É realmente violento. Quase um processo monástico.
Aí, depois de tudo, alguém vem dizer: "Isso aí é uma merda?". Eu até perdi a conta e respondi. Foi uma cagada (risos). Só que ali há um grupo de pessoas que são muito inteligentes e afiadas. E elas são a maioria. Eu fiz as contas e valia a pena aguentar os 10% de haters malucos para ter acesso aos outros comentários.
A indicação ao Emmy Internacional lavou a sua alma?
Eu ainda acho o máximo e quero ganhar o Emmy, ao qual já fui indicada duas vezes. Digo, sem menosprezar, que vivi experiências mais emocionantes. Para mim, alguns retornos foram muito mais emocionantes. História de gente que fez as pazes com a mãe por causa da novela, de uma mãe que levou uma das cenas da dona Lurdes para a o traficante libertar o filho dela.
A novela é uma sessão de terapia ou até de descarrego para o brasileiro. As pessoas viram as suas mães ali e, às vezes, até na Thelma (Adriana Esteves)...
Todas elas têm um pouco de Thelma, e digo isso porque eu sou mãe (risos). Não sou tão pirada, nunca fiz nenhuma daquelas loucuras, mas se eu pudesse também colocava a minha filha dentro de uma redoma, como ela fazia com o Danilo (Chay Suede).
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